Por Mariana Zonta D’Ávila
Para Infomoney
Pressionada pelo aumento dos preços de combustíveis, automóveis, alimentação e energia elétrica, a inflação voltou a apresentar em agosto desempenho acima do esperado pelo mercado financeiro, elevando as preocupações de economistas que a alta dos preços perdure em 2022.
No último mês, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,87% ante julho, acima da alta de 0,71% esperada por economistas consultados pela Refinitiv, e o maior resultado para o mês desde 2000. Com isso, o indicador acumula altas de 5,67% no ano e de 9,68% nos últimos 12 meses.
No período, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta, com destaque para os transportes, que tiveram a maior elevação nos preços. Puxado pelos combustíveis, o grupo registrou a maior variação (1,46%) e o maior impacto (0,31 p.p.) no índice geral.
A gasolina, por exemplo, subiu 2,80% e teve o maior impacto individual (0,17 p.p.). Etanol (4,50%), gás veicular (2,06%) e óleo diesel (1,79%) também ficaram mais caros no mês.
Na avaliação de economistas do mercado financeiro, o dado traz um viés negativo, principalmente por conta da rápida disseminação e generalização de aumento dos preços no índice.
Com isso, os juros curtos avançam cerca de 45 pontos-base na sessão, precificando uma chance maior de alta de 125 pontos-base da Selic na próxima reunião e juros acima de 10% já em julho de 2022.
“As pressões não foram concentradas em um único componente, o que é uma grande preocupação pensando em política monetária. Vimos que a inflação é bem disseminada e atinge quase todos os setores da economia”, afirma João Leal, economista da Rio Bravo Investimentos.
Segundo ele, o risco é de que essa alta generalizada continue pressionando a inflação de 2022, impulsionando as expectativas e forçando o Comitê de Política Monetária (Copom) a colocar a Selic em níveis acima de 8% ao ano.