Por Impacta Nordeste
Ter acesso a crédito para construir a tão sonhada casa própria ou investir não é tarefa fácil no Brasil. Um emaranhando de burocracias, exigências e análises de crédito, muitas vezes, acabam afastando potenciais compradores da realização de seu sonho. A Minha Casa Financiada, uma proptech (empresas que utilizam tecnologia para melhorar a negociação de imóveis) pernambucana, com sede em Recife, já ajudou mais de 4,5 mil clientes a tirar o sonho do papel e construir suas casa.
Fundada em 2019, por Vinicius Motta e Diego Carielo, a Minha Casa Financiada surgiu para desburocratizar a construção de casas, fazendo com que todo o processo inicial fosse 100% digital. A empresa fechou o ano de 2021 movimentando 2,2 bilhões de reais em créditos imobiliários e, segundo a empresa, é responsável por 40% dos financiamentos individuais da Caixa Econômica Federal. E a projeção para esse ano é terminar com 3,5 bilhões de reais.
Vinicius Motta, o CEO da empresa, cresceu aos pés do balcão da pizzaria dos pais e aprendeu com eles a sempre criar as próprias formas de faturar. “Felizmente ou infelizmente, isso ficou entranhado em minha mente e eu nunca quis ser CLT, por diversos motivos”, disse. Ele nos conta que ainda durante a faculdade, enquanto estava no curso de engenharia civil, surgiu a ideia de empreender em um negócio seu: a venda de açaí. “Comecei vendendo nas praias e logo já tinha uma fábrica que vendia para mercados e Ceasa, mas essa não era a minha profissão. Eu queria empreender em algo tecnológico”.
Logo que terminou sua faculdade de engenharia, vendeu a fábrica de açaí por 500 mil reais e montou um escritório de construção civil. “Nesse meio tempo, entendi que o cliente não quer um engenheiro ou arquiteto. Quando entendi que o verdadeiro problema do cliente era a falta de dinheiro para construir sua casa e que se conseguisse esse capital resolveria o problema dele, me veio a ideia de abrir a Minha Casa Financiada. Porque, além de facilitar a vida das pessoas, poderia gerar valor para os meus serviços. A MCF, então, chega ao mercado como uma proptech de crédito que visa solucionar um problema antigo no Brasil: financiar construções”.
Para uma empresa tão jovem chegar a esse patamar, Vinicius conta que foi necessário muito trabalho. A maior dificuldade foi não ter networking. “Isso nos custou um pouco mais de tempo. Vimos pessoas fazendo muito menos do que nós, mas que tinham acesso a diversos facilitadores que não conseguimos. Foi necessário mexer com todo um processo de crédito no Brasil, contratar mais de R$2,2 bilhões, em pouco mais de dois anos, em financiamentos para que os olhos virassem para nossa empresa”.
Outro ponto que Vinicius aponta como um desafio para o MCF e que dificulta o networking e fechamento de contratos é o fato da empresa ser sediada no Nordeste. “Vejo que existe um grande preconceito com empresas simplesmente por estarem no Nordeste e não na “Faria Lima”. É um grande absurdo”.
Como funciona o financiamento?
Para buscar o financiamento, o cliente acessa o site Minha Casa Financiada e realiza uma simulação do crédito disponível. A empresa também utiliza uma rede de construtores, são mais de três mil espalhados por todo o país, como vendedores de financiamento para construção.
A próxima fase é uma verificação de quanto o cliente tem disponível nos bancos para comprar um terreno e construir ou construir em um terreno próprio. Depois de aprovado o crédito, a empresa realiza o projeto e o cliente escolhe um dos construtores para fazer a obra, com dinheiro do banco.
Caso o cliente ainda não tenha o terreno onde deseja construir a sua casa, dentro do processo de financiamento habitacional o banco realizará a compra do terreno e em seguida, ele poderá realizar a sua construção. Para quem é construtor, também é possível contratar crédito para capital de giro como também realizar o processo de financiamento para construção dos clientes.
Segundo Vinicius, o perfil dos clientes que procuram o financiamento abrange diversos públicos. “Antigamente, poderíamos dizer que se você só tem renda informal não conseguiria fazer, porém, agora conseguimos aumentar nossa gama de crédito e realizar e atender. No final das contas, sempre que o cliente entra em contato conosco ele tem alguma possibilidade de crédito e verificamos qual seria a melhor para ele. Pensamos sempre em entregar soluções que atendam a necessidade do cliente. Buscamos entregar muito mais que um produto”.
Para 2022, Vinicius conta que os próximos passos são melhorar as linhas de crédito próprias, abrangendo mais locais do Brasil, e dar mais abertura para atingir um público ainda maior. “Podendo ter uma “apimentada” em nosso ano, em função de um M&A com uma grande empresa do mercado imobiliário”, finaliza.