Por Marcelo Osakabe
Para Valor Econômico – São Paulo
Diante do risco de o governo furar o teto de gastos para financiar o Auxílio Brasil, o spread dos contratos de 5 anos de Credit Default Swap (CDS) do Brasil, uma medida de risco-país, operam no fim desta manhã em 220 pontos, segundo dados compilados pela Markit. Este é o maior patamar desde 12 de abril, quando o spread chegou a ser negociado em 222 pontos. Naquele momento, investidores reagiam à intenção do governo de editar uma PEC para colocar alguns gastos de saúde e outros programas da pandemia fora do teto de gastos. O projeto, que ficou conhecido como “PEC fura-teto”, acabou não vingando. No pregão daquele dia, o dólar fechou cotado a R$ 5,7204.
A piora do risco-país ocorre em meio à disparada do dólar e dos juros futuros e a forte queda do Ibovespa nesta quinta-feira, em reação às declarações de Guedes. O spread do CDS brasileiro sobe 2,79% em relação ao pregão de ontem, acima do observado por economias emergentes comparáveis, como México (1,87%), Rússia (1,23%) e mesmo a Turquia (1,88%), cuja moeda, a lira, tem forte depreciação após o Banco Central do país cortar a taxa de juros em 2 pontos porcentuais, a 16%. Na semana, o spread do CDS brasileiro acumula um salto de 8,55%, descolando do movimento do observado por pelos pares: México sobe 0,41%, Rússia cai 0,93% e Turquia avança 1,88%.