Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
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17 de maio de 2024 15:59

Setor de couro espera retomada com vacinação

Setor de couro espera retomada com vacinação

Alta do dólar impactou custos de produção do setor em Pernambuco e no Nordeste

Por Folha Finanças, com colaboração de Inspiração Invest

 

Folha Finanças desta semana entrevistou Rafael Coelho, 1º vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) e empresário do setor de couro. Ele foi entrevistado por Eduarda Haeckel, do Inspiração Invest, parceira do blog, publicitária com MBA em Marketing e cofundadora da Editora Inspiração.

Na entrevista, Rafael fala sobre como o setor de couro no Estado passou por dificuldades durante a pandemia da Covid-19. Atualmente, ele considera que com o avanço da vacinação, o segmento deve retomar aos patamares anteriores, já que o consumo está voltando.

Coelho fala ainda sobre a conjuntura atual, as perspectivas para o futuro e também sobre os desafios e a realidade da inovação do mercado.

Confira a seguir a entrevista completa com Rafael Coelho.

Qual a realidade atual do setor de couro em Pernambuco e no Nordeste? 

Atualmente, o setor coureiro se divide em dois grandes grupos. Parte da indústria está voltada para o segmento de estofamento automotivo e moveleiro, que, na pandemia, cresceu bastante graças aos grandes volumes de exportação; e a outra parte está voltada à atividade de moda, com os calçados e artefatos de couro. Este último, porém, é o que mais movimenta o nosso mercado local, e que, infelizmente, foi bastante atingido na pandemia em virtude das medidas restritivas com o fechamento das lojas físicas.

Podemos dizer que o que amenizou uma queda maior foi o auxílio emergencial, o saque do FGTS, os financiamentos bancários e a reabertura da economia. Mas para que a recuperação aconteça de forma sólida, e no longo prazo, precisamos de medidas mais efetivas e que estejam voltadas à ampliação da vacinação para todos.

O nosso segmento tem uma particularidade que depende, e muito, do aquecimento da economia, do aumento da renda da população e do consumo, e isso só chegará quando o mercado e a população se sentirem seguros.

A inovação está sendo importante para atravessar essa fase? 

Nosso segmento de mercado foi profundamente afetado pela pandemia. Mais de 90% das vendas são para o mercado interno e, como dito antes, o fechamento das lojas e a suspensão dos eventos sociais repercutiram fortemente no desempenho das nossas empresas. Estamos confiantes que, com avanço da vacinação, com a reabertura do comércio e com a retomada plena das atividades sociais, teremos uma recuperação acelerada das atividades econômicas.

Sem dúvidas, a crise deve ser um momento de aprendizado e nós esperamos sair mais estruturados dela. Por isso, enxergo que a inovação nos processos e nos artigos é fundamental para buscarmos novos mercados e competitividade. Foram os desenvolvimentos alcançados nos meses da pandemia que abriram novas possibilidades para o nosso setor.

A pandemia também trouxe dificuldades para o setor industrial de uma forma geral, entre eles o aumento das matérias-primas. Como está esse cenário atualmente? Existe alguma dificuldade?  

Com a inflação em alta, muitas pessoas passaram a não ter condições de consumir carne (Dados do IPCA de dezembro de 2020 revelam que a inflação para o alimento chegou a 21,02%), o que, naturalmente, repercutiu na redução dos abates e na oferta de matérias-primas para os curtumes. Além disso, o preço dessa matéria-prima se elevou muito, afetando assim os custos de produção.

Como somos uma indústria de produtos secundários da indústria da carne, ficamos à mercê da recuperação também desse setor para termos uma maior oferta de couro no mercado.

Outro fator foi a alta cambial, que impactou fortemente os nossos custos de produção porque grande parte dos nossos insumos, sobretudo os produtos químicos, são dolarizados. No entanto, por outro lado, essa conjuntura pode tornar a indústria brasileira mais competitiva, já que os produtos serão comercializados no mercado externo em dólar.

Podemos dizer que esse efeito a médio prazo será positivo, pois permitirá a retomada das exportações da indústria calçadista em maior escala.

A retomada da economia em outros continentes pode antecipar essa recuperação no Brasil? 

O que pode ajudar nessa retomada das exportações em maior escala é a recuperação das economias da China e da Itália, países responsáveis pela maior parte das compras dos nossos produtos. No entanto, a recuperação global ainda está em marcha lenta.

Segundo relatório do Banco do Nordeste, em que faz uma análise setorial sobre a produção e perspectivas do setor de couro e calçados, as exportações brasileiras de calçados somaram cerca de R$ 611 milhões no acumulado de janeiro a outubro de 2020, com uma retração de 10,69% em relação ao mesmo período do ano anterior, no qual foi afetado pelo desaquecimento da demanda mundial devido às tensões entre os Estados Unidos e a China.

Neste ano, a pandemia afetou drasticamente o setor no Brasil, que temia o fim do incentivo fiscal sobre a desoneração da folha, prorrogado pelo Congresso Nacional. Do contrário, o setor previa o corte de 15 mil vagas, além das 50 mil já perdidas e aumento de custos na indústria superiores a R$ 500 milhões. É preciso estar atento a todos esses fatores para verificarmos como o mercado externo vai responder frente às mudanças macroeconômicas do nosso País e do mundo.

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