O Hidrogênio Verde (H2V) ganha cada vez mais destaque no cenário energético do Ceará, demonstrando o potencial do estado para investir em fontes de energia renovável. Esse tema tem sido amplamente discutido por órgãos públicos, empresas privadas e acadêmicos, mas a viabilidade econômica da produção ainda é uma questão em aberto.
Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em 2020, o custo de produção de um quilo de Hidrogênio Verde era de US$ 6, valor considerado elevado em comparação com a obtenção do hidrogênio a partir do metano, que custa entre US$ 1,4 e US$ 3. No entanto, a previsão é que até 2030 o custo seja reduzido para US$ 2,60.
Para o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará (UFC) e cientista chefe em energia do Programa Ciência e Inovação em Políticas Públicas da Fundação da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Funcap), Fernando Antunes, a redução de 56,6% em dez anos se dará graças aos investimentos na instalação das plantas de produção e à expansão da energia eólica offshore.
De acordo com a EPE, o Capex (investimento em bens de capital) contribuirá para uma redução adicional de US$ 1,6 no custo de produção do Hidrogênio Verde até 2030. Isso se deve ao fato de que, quanto maior a escala de produção, menor será o custo unitário, e a infraestrutura já estará pronta, eliminando a necessidade de investimentos do zero.
A energia eólica offshore também desempenhará um papel importante na redução dos custos. Atualmente, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) analisa o licenciamento ambiental de 22 parques eólicos no Ceará, que somam uma potência de 56,6 GW.
O potencial do Brasil é ainda maior, com a EPE estimando uma capacidade de 700 GW de energia eólica offshore, mais de três vezes o consumo total de energia elétrica do país. Antunes destaca que essa energia será direcionada para a produção do Hidrogênio Verde.
Essa abordagem tecnológica também promete aumentar a eficiência da produção, o que pode gerar uma economia de US$ 0,4 por quilo de hidrogênio produzido.
Além do alto volume de exportações, o Hidrogênio Verde produzido no Ceará terá aplicações industriais, impulsionando a fabricação de células-combustíveis, eletrolisadores e outros componentes relacionados à atividade. A aquisição da CSP pela ArcelorMittal, uma gigante mundial da mineração interessada na indústria verde, sinaliza um cenário promissor para futuros investimentos nessa direção.
Na esfera automobilística, o segmento também se mostra promissor para o Hidrogênio Verde. Segundo o professor da UFC, os carros movidos a célula-combustível alimentada por hidrogênio são uma alternativa mais barata e viável em comparação às baterias convencionais.
Ele explica que o peso das baterias é um problema significativo, pois veículos com baterias de grande porte consomem mais energia e têm maior necessidade de carga. Já o hidrogênio, por sua vez, não aumenta o peso dos veículos, exigindo apenas a célula-combustível e o tanque de gás.
Outra vantagem do Hidrogênio Verde é o tempo de abastecimento, que leva apenas cerca de 10 minutos, enquanto as baterias necessitam de pelo menos uma hora para recarga.
O Hidrogênio Verde surge como uma poderosa alternativa energética no Ceará, impulsionado pela energia eólica offshore e com potencial para revolucionar a indústria e a mobilidade no estado, além de contribuir significativamente para o avanço das energias limpas no Brasil.
*Com informações de Diário do Nordeste