Em meio à tensão que envolve o risco iminente de colapso na 18ª mina de sal-gema da Braskem em Maceió, as ações da empresa (BRKM5) lideram as perdas do Ibovespa nesta sexta-feira, refletindo a ansiedade dos investidores diante do caso. A perda acumulada em dois dias chega a 14%, totalizando R$ 2,1 bilhões a menos em valor de mercado.
O afundamento de solo que levanta questionamentos sobre o futuro da saúde financeira da empresa, não apenas ameaça a segurança dos moradores, mas também desencadeia uma série de questionamentos sobre os impactos econômicos na região.
Um dossiê elaborado há alguns meses por professores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) aponta divergências significativas em relação ao estudo técnico encomendado pela Braskem. Enquanto a empresa contratou a Diagonal para avaliar os impactos econômicos, o documento acadêmico destaca lacunas preocupantes na análise apresentada pela mineradora.
Interpretações discrepantes
Uma das principais controvérsias se refere ao número de empresas afetadas pelo afundamento do solo. O estudo da Diagonal, financiado pela Braskem, não detalha quantas empresas foram impactadas dentro da região listada no mapa de risco. Professores da UFAL alegam que essa omissão compromete a compreensão real do alcance econômico da crise.
Outro ponto de discordância está relacionado aos prejuízos causados a empresas e atividades econômicas informais nos bairros afetados. O dossiê questiona a extensão desses danos, citando áreas como Flexais, Quebradas, Marquês de Abrantes, Chã de Bebedouro, Vila Saem, Pinheiro, entre outras. A ausência de informações específicas levanta dúvidas sobre a dimensão real do impacto econômico nessas localidades.
Leia o dossiê na íntegra:
Diagnósticos:
Os diagnósticos produzidos pela Diagonal podem ser acessados no site https://maisdialogos.com/documentos
Dificuldades no monitoramento
A falta de transparência quanto ao fechamento imediato de empresas após o desastre ambiental é um ponto sensível na análise do material da Diagonal. Professores da UFAL buscam entender quantas empresas encerraram suas atividades ou reduziram operações nos últimos cinco anos, desde o início dos tremores de terra causados pela Braskem. Essa informação, vital para compreender a dinâmica econômica local, permanece nebulosa.
Perspectivas futuras e inquietações
O relatório acadêmico também aborda as projeções de perda de empregos formais e informais, indagando sobre o impacto na renda dos trabalhadores da região. Com uma população afetada que já ultrapassa os 50 mil deslocados, as consequências sociais e econômicas se entrelaçam, tornando-se uma trama complexa de desdobramentos.
Incertezas financeiras e alertas de analistas
As atenções estão todas voltadas para os próximos acontecimentos. A Justiça Federal determinou a retirada compulsória de famílias, enquanto a Defesa Civil atualiza constantemente os mapas de risco. Enquanto isso, as ações da Braskem na bolsa de valores refletem não apenas o temor pela segurança estrutural, mas também as implicações financeiras que podem recair sobre a empresa.
Analistas do BTG Pactual alertam para possíveis provisões adicionais que a empresa pode ser forçada a arcar, impactando negativamente sua capacidade de geração de caixa no curto prazo – elementos que afetam diretamente a percepção de valor pelo mercado financeiro. Além disso, a Braskem ainda discute na justiça o valor de indenização a ser pago ao governo de Alagoas como reparação do impacto sobre a economia do estado, como um todo. Um acordo (no valor de R$ 1,7 bilhão) compensatório foi fechado apenas com a Prefeitura de Maceió.
Nesse cenário de tensão e expectativa, a população aguarda respostas concretas sobre o futuro econômico da região. As próximas decisões judiciais e ações da Braskem serão determinantes para moldar não apenas o destino das pessoas, mas também o destino econômico dos bairros afetados em Maceió.