Na última semana nos deparamos com várias notícias sobre a onda de calor que chega com força ao Brasil, batendo recordes de altas temperaturas em pleno inverno, repetindo o fenômeno que ocorreu na Europa. As mudanças climáticas, que são transformações a longo prazo nos padrões de temperatura e clima, já são uma realidade e impactam significativamente a vida de todos. O calor excessivo acarreta aumento de proliferações de doenças como meningite e cólera, hospitalizações e necessidades de respiradores; aumenta o consumo de água e, consequentemente, o consumo de energia elétrica.
O combate às mudanças climáticas passa por reduzir as emissões de gases de efeito estufa e, embora a matriz energética no Brasil seja limpa – com cerca de 86% de geração renovável -, em nível mundial, o setor energético responde por mais de 70% das emissões pela queima de combustíveis fósseis, o que coloca o setor energético no centro das discussões de descarbonizar a economia mundial.
As tecnologias verdes são tecnologias renováveis que não emitem gases do efeito estufa. Isso explica os avanços em fontes de energia como eólica e solar. Existem setores de difícil descarbonização na indústria, como, por exemplo, a indústria do aço e do transporte pesado (aviação e navegação). Nestes nichos, outra tecnologia verde, o hidrogênio, assume o protagonismo por ser muito versátil e podendo ser convertido em diferentes tipos de combustíveis.
O Estado de Alagoas é um bom exemplo a ser seguido. Há alguns anos, o estado se comprometeu com a indústria renovável por meio da biomassa e da geração hidráulica e se tornou um dos protagonistas neste segmento na região. Alagoas é líder nas regiões Norte-Nordeste e o 6º colocado no ranking nacional em produção de biomassa de cana- de-açúcar e conta com projetos em curso na geração de energias solar, eólica, biomassa e gás natural capazes de gerar 1.000 MW de energia e cerca de 3.000 empregos. O gás natural também é um diferencial, pois o estado é um dos poucos entes federativos que produz tal combustível de forma própria, ou seja, não depende da Bolívia ou de outros produtores, além de contar com uma ampla rede de distribuição.
Com relação a incentivos fiscais, Alagoas posiciona-se entre os Estados com os incentivos mais competitivos do Brasil, com destaque para o Programa de Desenvolvimento Integrado – Prodesin, que é uma ferramenta essencial na política de desenvolvimento econômico, atração de indústrias e empreendimentos dos mais diversos ramos, viabilizando a concessão de incentivos fiscais e locacionais para a instalação das empresas, principalmente aquelas que produzam energia eólica ou a partir de biomassa.
Atualmente, está em curso o desenvolvimento de um estudo que estabelecerá as diretrizes para atrair investidores de tecnologias verdes para o Estado, de forma a organizar a estratégia para impulsionar a geração renovável. O compromisso do Estado é o de investir e monitorar a questão das energias renováveis com foco no desenvolvimento local, socioeconômico e a capacitação da população para que, desta forma, além de atrair indústrias renováveis de ponta, Alagoas possa proporcionar uma melhoria na qualidade de vida de todos as pessoas e contribuir ainda mais para impedir os avanços das mudanças climáticas no planeta.
*Laura Petri é vice-presidente operacional da Casal – Companhia de Águas e Saneamento de Alagoas.