O mercado imobiliário das capitais nordestinas movimentou mais de R$6,6 bilhões apenas no primeiro trimestre de 2024. Este valor representa o Valor Geral de Vendas (VGV), que considera o valor idealizado de todos os apartamentos vendidos na região durante o período. Os dados são do estudo Mercado Imobiliário em Foco: Tendências e Comportamentos no Nordeste, realizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) e a Brain Inteligência Estratégica.
Este desempenho robusto demonstra um crescimento significativo do setor imobiliário no Nordeste, evidenciando uma crescente atração de investidores e compradores. No primeiro trimestre de 2024, foram vendidas 14.235 unidades habitacionais nas nove capitais nordestinas, um dado que reforça a expansão e o interesse no mercado da região.
Análise das unidades lançadas e vendidas
Os dados mostram uma variação significativa na quantidade de unidades lançadas e vendidas nas capitais nordestinas ao longo dos trimestres de 2023 e no primeiro trimestre de 2024.
A cidade de Maceió, em Alagoas, registrou um aumento notável de 123,1% no número de unidades lançadas no primeiro trimestre de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023. Em contrapartida, cidades como Recife e Salvador apresentaram quedas acentuadas de 68,5% e 52,9%, respectivamente, na comparação do último trimestre de 2023 com o primeiro trimestre de 2024.
Aracaju também se destacou com um aumento de 75,5% nas unidades lançadas no primeiro trimestre de 2024 em comparação com o último trimestre de 2023. Por outro lado, Teresina teve uma queda significativa de 64,9% no mesmo período.
Fortaleza e Maceió se destacaram nas vendas, com Fortaleza apresentando um aumento de 42,2% nas unidades vendidas no primeiro trimestre de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023, e Maceió com um crescimento de 77,3%.
No entanto, outras capitais como Teresina e Natal registraram quedas significativas de 60,8% e 38%, respectivamente, nas unidades vendidas no primeiro trimestre de 2024 em comparação com o primeiro trimestre de 2023.
Comparativo de desempenho por capitais
Ao comparar as capitais nordestinas em 2024, Fortaleza se destaca em várias categorias. A cidade possui 21,3% da população da região, mas responde por 22,4% das unidades lançadas e 27% das unidades vendidas, refletindo uma forte atividade no mercado imobiliário local. Além disso, Fortaleza representa 31% do VGV vendido, indicando a alta valorização dos imóveis na capital cearense.
Em contraste, cidades como Natal e Teresina apresentam um desempenho mais modesto. Natal, com 6,6% da população regional, contribui com apenas 3,4% das unidades lançadas e 1,7% das unidades vendidas. Teresina, embora represente 7,6% da população, responde por apenas 2,2% das unidades lançadas e 2,4% das unidades vendidas, indicando um mercado menos dinâmico.
Para visualizar melhor: tabela comparativa das capitais do Nordeste em 2024
Cidade | População (%) | Unidades Lançadas (%) | VGL Lançado (%) | Unidades Vendidas (%) | VGV Vendido (%) | Oferta Final (%) |
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Aracaju (SE) | 5,3% | 9,9% | 3,7% | 5,7% | 3,9% | 5,6% |
Fortaleza (CE) | 21,3% | 22,4% | 28,6% | 27,0% | 31,0% | 23,7% |
João Pessoa (PB) | 7,3% | 14,2% | 11,4% | 17,8% | 15,6% | 12,8% |
Maceió (AL) | 8,4% | 20,5% | 17,8% | 12,6% | 13,7% | 14,7% |
Natal (RN) | 6,6% | 3,4% | 7,7% | 1,7% | 3,4% | 3,7% |
Recife (PE) | 13,1% | 8,4% | 10,3% | 11,5% | 11,5% | 15,3% |
Salvador (BA) | 21,2% | 11,5% | 9,1% | 15,5% | 13,0% | 13,0% |
São Luís (MA) | 9,1% | 7,5% | 7,7% | 5,9% | 5,5% | 4,2% |
Teresina (PI) | 7,6% | 2,2% | 3,6% | 2,4% | 2,3% | 7,0% |
Total | 100% | 100% | 100% | 100% | 100% | 100% |
Fonte: Estudo Mercado Imobiliário em Foco: Tendências e Comportamentos no Nordeste – Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) e a Brain Inteligência Estratégica.
Motivações de compra
Os dados do estudo também revelam as principais razões pelas quais os consumidores estão adquirindo imóveis na região. A maioria, 47%, procura um imóvel para deixar de pagar aluguel, enquanto 13% desejam sair da casa dos pais ou morar sozinhos, e outros 13% buscam trocar por uma residência maior.
As razões agrupadas mostram que 67% dos compradores estão em transição, buscando principalmente sair do aluguel ou ganhar independência. Além disso, 27% estão interessados em um upgrade, trocando por imóveis maiores ou com mais comodidades, enquanto 4% veem o investimento como uma oportunidade de aluguel.
Valorização e diversificação do mercado imobiliário em Recife
Conforme dados divulgados pela ABRAINC nesta quarta-feira (17), o mercado imobiliário de Recife registrou um crescimento notável em 2023, com o preço médio do metro quadrado aumentando em 10,3%. Nos últimos dois anos, a maior concentração do Valor Geral de Vendas (VGV) médio vendido na cidade foi no segmento de luxo (43%), seguido pelos segmentos econômico (37%) e médio e alto padrão (20%).
Entre 2022 e 2023, o bairro de Boa Viagem destacou-se com um crescimento robusto, com o número de empreendimentos aumentando em 57%, o total de unidades crescendo em 95%, o VGV médio por unidade aumentando em 29% e o preço médio do metro quadrado subindo em 10%.
No primeiro semestre de 2024, Boa Viagem continuou a se valorizar, refletindo uma demanda aquecida e a percepção do bairro como uma área de prestígio e alta qualidade de vida. Compradores de alto padrão continuam a encontrar excelentes oportunidades em Boa Viagem, garantindo a continuidade de sua valorização no mercado.
Além de Boa Viagem, bairros tradicionais como Madalena também mostram forte valorização, com altos valores de VGV e preços elevados por metro quadrado. Esses bairros permanecem como áreas de alto valor imobiliário, atraindo investimentos robustos e um público de maior poder aquisitivo.
Regiões como Campo Grande e Passarinho destacam-se pela alta densidade de unidades e preços mais acessíveis por metro quadrado, atendendo à demanda crescente por habitação acessível, especialmente entre as classes média e baixa.
A diversidade de mercado é evidente em bairros emergentes como Encruzilhada, que capturam uma fatia significativa do investimento imobiliário e atraem diferentes perfis de compradores. A flutuação dos preços do metro quadrado, variando de R$5.181 a R$13.185, indica a diversidade do mercado e a existência de nichos específicos que atendem diferentes demandas e faixas de renda.
Dinamismo e expansão do setor também ocorre em Salvador
O mercado imobiliário de Salvador registrou um crescimento significativo, com o preço do metro quadrado de imóveis privados crescendo 10% entre 2022 e 2023, conforme dados divulgados neste mês pela ABRAINC. Nos últimos dois anos, a maior concentração do VGV médio vendido foi no segmento econômico (51%), seguido pelos segmentos de luxo (27%) e média e alta renda (22%).
Entre 2022 e 2023, Salvador observou um aumento tanto no número de empreendimentos quanto no total de unidades. O VGV médio por empreendimento e por unidade variou significativamente, assim como o preço médio do metro quadrado.
Bairros como Barra e Ondina apresentaram valores mais altos em 2023, refletindo a dinâmica do mercado imobiliário nessas regiões. No primeiro semestre de 2024, bairros tradicionais como Barra e Jaguaribe continuaram a ser áreas de alto valor, atraindo investimentos significativos.
Ao mesmo tempo, bairros em expansão como Piatã e Arraial do Retiro estão se adaptando para atender à demanda por habitação mais acessível. A diversificação do mercado é evidente em bairros como Rio Vermelho e Itapuã, que oferecem uma gama de opções residenciais para diferentes perfis de compradores.
A valorização de áreas tradicionais como Barra, Jaguaribe e Ladeira da Barra é destacada pelos altos valores de VGV e preços elevados por metro quadrado. A Barra, por exemplo, tem o preço médio do metro quadrado mais alto, de R$18,6 mil, enquanto Jaguaribe e Ladeira da Barra também apresentam preços elevados, de R$16,9 mil e R$15,1 mil, respectivamente.
Regiões como Piatã, Arraial do Retiro e Areia Branca destacam-se pela alta densidade de unidades e preços mais acessíveis por metro quadrado, com Piatã possuindo o maior número de unidades e um preço médio do metro quadrado de R$6,3 mil.
Essas áreas estão se expandindo para atender à demanda crescente por habitação acessível, especialmente entre as classes média e baixa. A flutuação dos preços do metro quadrado, variando de R$4,9 mil em Areia Branca a R$18,7 mil na Barra, reflete a diversidade do mercado e a existência de nichos específicos que atendem diferentes demandas e faixas de renda.