O Nordeste do Brasil está prestes a entrar em um novo ciclo de crescimento econômico, com projeções de expansão acima da média nacional nos próximos anos. De acordo com um estudo da consultoria Tendências, a região deve ter um crescimento médio de 3,4% ao ano entre 2026 e 2034, enquanto o Brasil como um todo deve crescer 2,5% no mesmo período.Essa perspectiva positiva está baseada em uma série de investimentos públicos e privados previstos para os próximos anos, que somam R$ 750 bilhões. Os principais setores que devem impulsionar esse crescimento são energia renovável, saneamento e infraestrutura.
Energia renovável atrai investimentos bilionários
Um dos principais destaques é o setor de energia renovável, especialmente a energia eólica e solar. Só do setor eólico, há R$ 21 bilhões em parques em construção na região, com capacidade para gerar 3 mil megawatts (MW). Há ainda cerca de R$ 130 bilhões em projetos outorgados (18 mil MW), mas ainda não iniciados.Grandes empresas como a Engie têm investido pesado no Nordeste. A companhia está construindo o Conjunto Eólico Santo Agostinho, no Rio Grande do Norte, com investimentos de R$ 2,3 bilhões, e o Conjunto Eólico Serra do Assuruá, na Bahia, com R$ 6 bilhões.Segundo a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoun, “a cada R$ 1 que se investe em energia você devolve para o PIB R$ 2,9. Há um efeito de cadeia produtiva para todo o País. Olhando para o Nordeste o efeito é ainda mais amplo, pois nos últimos anos o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios) cresceu 20% com a chegada dos parques eólicos”.
Saneamento e infraestrutura também recebem aportes bilionários
Outro setor que tem ganhado relevância no Nordeste é o de saneamento. Diante da carência dos serviços, como água e esgoto, Estados e municípios da região decidiram apostar na iniciativa privada para melhorar e aumentar o atendimento da população. Os investimentos contratados até 2026 devem somar quase R$ 66 bilhões para um prazo médio de 30 anos, em 842 municípios.Além disso, o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais apostas do governo federal, destinou R$ 700 bilhões para a região. “Os investimentos públicos em infraestrutura serão um importante impulsionador do Nordeste”, afirma Lucas Assis, economista da consultoria Tendências. “Isso tudo gera um efeito em cadeia para a economia no longo prazo.”
Outros setores também recebem aportes
Além dos setores mencionados, outros também têm recebido investimentos significativos no Nordeste. O setor automotivo, por exemplo, com a Stellantis (dona das marcas Fiat, Peugeot, Citroën, Jeep e Ram) investindo R$ 13 bilhões na expansão de sua fábrica em Goiana, Pernambuco.Segundo os especialistas, se os números se confirmarem, o Nordeste vai voltar a ocupar uma posição de destaque no cenário econômico local, replicando o expressivo crescimento observado no início dos anos 2000. Naquela época, a região chegou a superar o desempenho do Brasil como um todo, beneficiada por uma combinação de fatores como o boom das commodities e políticas públicas de erradicação da pobreza.