Uma biofábrica destinada à produção de mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia será construída no Distrito de Inovação em Saúde, no Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza, Ceará. O projeto faz parte das ações do Ministério da Saúde para controle de arboviroses, com um investimento nacional de R$ 1,5 bilhão. A obra está prevista para início em janeiro, com funcionamento até o final de 2025, segundo o pesquisador Odorico Monteiro, da Fiocruz.
A Wolbachia é uma bactéria que impede a transmissão de vírus como dengue, zika e chikungunya pelo Aedes aegypti. Os mosquitos modificados, conhecidos como “mosquitos do bem”, serão distribuídos em 1.794 municípios do Nordeste, beneficiando cerca de 55 milhões de pessoas.
A biofábrica cearense contará com tecnologias desenvolvidas em parceria com o Instituto de Biologia Molecular do Paraná e a Universidade de Monash, na Austrália. A empresa Wolbito do Brasil será responsável pela produção de ovos e mosquitos. A metodologia utilizada consiste em liberar mosquitos infectados com Wolbachia para cruzarem com mosquitos selvagens, reduzindo a transmissão de arboviroses.
O projeto prevê também a contratação de profissionais e a capacitação de equipes nos municípios atendidos. A tecnologia, já usada em países como Austrália e Colômbia, resultou em quedas superiores a 90% nos casos de dengue. Em Petrolina, Pernambuco, já tem a tecnologia em uso. E em Natal, o projeto está em fase de implementação.
No Ceará, 11.823 casos de dengue foram confirmados em 2024, segundo a Secretaria de Saúde do Estado. Apesar de uma imunidade parcial ao sorotipo 2 da dengue, especialistas alertam para a possibilidade de novos surtos, devido às condições climáticas favoráveis à reprodução do vetor na região Nordeste.