Alagoas alcançou um marco histórico no desenvolvimento sustentável ao erradicar completamente os lixões em seus 102 municípios. O feito, destacado no Suplemento de Saneamento da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) 2023, coloca o estado em posição de liderança no país, ao lado do Distrito Federal, como os únicos territórios brasileiros livres de vazadouros a céu aberto.
O encerramento dos lixões vai além de um ganho ambiental. Representa uma vitória para a saúde pública, o desenvolvimento urbano e a qualidade de vida dos alagoanos. Para o consultor ambiental Alder Flores, o fechamento desses espaços é um marco significativo, mas deve ser apenas o início de um processo mais amplo. “Encerrar os lixões é um grande progresso, mas é preciso avançar na recuperação das áreas degradadas e consolidar práticas de gestão de resíduos que integrem a população e o poder público. Maceió já vem dando exemplo nesse sentido, mas ainda há muito trabalho a ser feito nos outros municípios”, ressalta.
Liderança no manejo de resíduos sólidos especiais
Além de eliminar os lixões, Alagoas se destaca nacionalmente pela cobertura de coleta de resíduos sólidos especiais, como resíduos hospitalares e industriais. Segundo os dados da MUNIC 2023, 82,4% dos municípios alagoanos possuem serviços para a destinação correta desses resíduos, superando a média nacional de 81%. Esse índice coloca o estado à frente de outros da região Nordeste, evidenciando o compromisso com uma gestão eficiente.
A modernização dos sistemas de coleta e destinação final de resíduos é um dos pilares dessa transformação. Investimentos em aterros sanitários licenciados e na logística de transporte de resíduos têm sido determinantes para garantir o correto manejo, reduzindo impactos ambientais e promovendo um ciclo mais sustentável.
Planos de saneamento: consolidando o futuro
Outro avanço relevante está na implementação de planos municipais de saneamento básico. Em 2023, 45 municípios de Alagoas já possuíam planos consolidados, que direcionam as estratégias locais para áreas como abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos e drenagem urbana.
O progresso é visível: 81,3% dos municípios contam com serviços de esgotamento sanitário, enquanto 92% possuem sistemas de drenagem e manejo de águas pluviais. Essas ações não apenas melhoram a infraestrutura urbana, mas também contribuem para a prevenção de enchentes e para a saúde pública.
Educação ambiental: transformando a sociedade
Embora apenas 22 municípios tenham políticas de educação ambiental formalizadas ou em elaboração, iniciativas comunitárias vêm ganhando espaço e desempenhando um papel crucial. Campanhas de conscientização, programas escolares e mutirões de limpeza têm mobilizado a população para práticas mais sustentáveis, como a coleta seletiva e a compostagem.
Alder Flores reforça a importância desse engajamento. “O envolvimento da sociedade é essencial. Não basta apenas oferecer a estrutura; é preciso conscientizar a população para que ela entenda seu papel no ciclo de gestão de resíduos. Quando todos colaboram, os resultados são muito mais efetivos e duradouros.”
O desafio da recuperação ambiental
Apesar dos avanços, a recuperação das áreas anteriormente ocupadas por lixões ainda é um desafio a ser enfrentado. O Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL) destacou que essa responsabilidade cabe às prefeituras, conforme os Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) firmados. A revitalização dessas áreas é crucial para mitigar os impactos ambientais acumulados ao longo de décadas.
Maceió, que foi pioneira no fechamento de lixões e na recuperação de áreas degradadas, desponta como exemplo para o estado. A capital alagoana transformou antigos espaços de descarte em áreas verdes e projetos comunitários, demonstrando o potencial de reverter os danos causados.
Alagoas como referência nacional
Os avanços registrados em Alagoas mostram que desenvolvimento urbano e preservação ambiental podem caminhar juntos. Com políticas públicas eficientes, investimentos em infraestrutura e conscientização da população, o estado se consolida como referência nacional na gestão de resíduos sólidos.
“Se mantivermos esse ritmo, Alagoas pode se tornar um modelo ainda mais forte para outras regiões do país. Mas é essencial que os gestores públicos e a sociedade continuem engajados nesse processo, olhando não apenas para o presente, mas para as próximas gerações”, finaliza Alder Flores.
Com esse espírito de inovação e compromisso, Alagoas segue transformando seus desafios em oportunidades, construindo cidades mais sustentáveis e preparadas para o futuro.