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11 de fevereiro de 2025 17:07

Aquicultura em Alagoas avança, mas ainda enfrenta desafios para se tornar referência

Aquicultura em Alagoas avança, mas ainda enfrenta desafios para se tornar referência

Estado apresentou crescimento de 13,03% na produção aquícola entre 2019 e 2023, mas desempenho ficou abaixo da média nacional e de estados vizinhos
Foto: Freepik

A aquicultura é a criação controlada de peixes, crustáceos, moluscos e algas. Essa prática permite a produção sustentável de alimentos e reduz a dependência da pesca extrativa, ajudando a preservar os ecossistemas aquáticos e diversificar a economia.

Em Alagoas, a aquicultura é uma atividade econômica promissora, oferecendo oportunidades para o desenvolvimento regional e a geração de empregos. No entanto, apesar de um crescimento de 13% na produção entre 2019 e 2023, produzindo 12 mil toneladas no último ano pesquisado pelo IBGE, o estado ainda enfrenta desafios para se consolidar como referência no setor. 

De acordo com os dados do IBGE, a produção aquícola alagoana teve um crescimento modesto quando comparada ao avanço do setor em outros estados do Nordeste. O Ceará, por exemplo, saltou de 24,9 mil toneladas em 2019 para impressionantes 83,8 mil toneladas em 2023, consolidando o estado como um dos principais polos produtores do país. A Paraíba, por sua vez, quase dobrou sua produção, atingindo 12,3 mil toneladas no último ano da pesquisa.

Veja o gráfico:

 

Incentivos do poder público para ampliar a produção

Para garantir um aumento na produção de alevinos de tilápia e ampliar o número de municípios alagoanos atendidos, a Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (Seagri) está realizando atividades de manutenção nas instalações da piscicultura do Programa de Distribuição de Alevinos. A expectativa é de que os tanques possam aumentar em 20% a produção dos agricultores familiares do estado.

Em 2024, o programa atingiu a marca de mais de 800 mil alevinos distribuídos nos municípios alagoanos, beneficiando mais de 1.000 pessoas e atendendo a 40 municípios no estado.

Para a secretária de Estado da Agricultura e Pecuária, Aline Rodrigues, esse é mais um compromisso com a eficiência e o impacto positivo que a produção de alevinos proporciona para as famílias dos agricultores familiares.

“Junto com o governador Paulo Dantas temos o comprometimento em combater a insegurança alimentar e possibilitar mais qualidade de vida para os alagoanos”, disse a secretária.

Programas do Ministério da Pesca e Aquicultura

Segundo Cauê Castro, Superintendente Federal de Pesca e Aquicultura em Alagoas, está em andamento um projeto do Ministério da Pesca e Aquicultura em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) para a instalação de três módulos de aquaponia. Um desses módulos atenderá aos cursos agrários da universidade, outro a uma comunidade indígena de origem venezuelana e um terceiro será destinado ao sistema prisional.

No sistema prisional, os reeducandos receberão capacitação e poderão consumir a produção gerada no refeitório do próprio local, além de obterem certificação profissional.  Outra unidade ficará na comunidade indígena da etnia Warao, originária da Venezuela. 

“Muitos dos indígenas venezuelanos viviam da pesca no seu país de origem e, no caso deles, a formação também será uma ferramenta de transformação social, já que o excedente da produção vai poder ser comercializado por eles, se tornando fonte de renda”, disse o superintendente.

Na UFAL, o módulo servirá como ferramenta de ensino para cursos relacionados à agricultura, com a produção sendo destinada ao restaurante universitário. 

De acordo com Cauê, há ainda outro projeto vinculado à UFAL que está capacitando 300 agricultores em Alagoas e Sergipe. Esse curso de capacitação, que está em fase final, oferece treinamento técnico e a entrega de kits para que os agricultores possam iniciar a produção de forma independente.

Políticas públicas para fortalecer a cadeia produtiva em Alagoas

Criada em 2023 com o objetivo de impulsionar diversos setores, a Agência de Desenvolvimento da Pesca, Aquicultura e Apicultura (Adepa) elaborou um projeto para modernizar o armazenamento e o processamento de pescado no estado de Alagoas. No entanto, até o momento, as iniciativas ainda não saíram do papel, esbarrando na falta de implementação de políticas públicas efetivas.

Em entrevista ao Investindo por Aí, o presidente da Adepa, o ex-deputado federal Régis Cavalcante, destacou que, apesar de a agência ter completado um ano de existência, suas ações ainda carecem de decisões políticas. “É uma área que precisa de maior conscientização. Falta reconhecimento da importância estratégica da aquicultura e da pesca para o desenvolvimento econômico e social”, afirmou.

Cavalcante ressaltou que, enquanto biorefinarias já geram cerca de 500 empregos em outros setores, a cadeia produtiva do pescado ainda carece de investimentos e incentivos para alcançar seu potencial.

O presidente da Adepa defendeu a criação de políticas públicas robustas para estruturar a cadeia produtiva do pescado. Entre as propostas, estão a realização de feiras de peixe vivo, o estímulo ao comércio local nos bairros e a geração de renda para comunidades pesqueiras, além de garantir o abastecimento de alimentos para a população. 

“O governo do estado deu um passo importante ao criar a Adepa, mas é essencial estabelecer políticas de estado que transcendam governos e permitam o desenvolvimento sustentável do setor”, afirmou.

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