É amplamente reconhecido que os festivais de música geram grande atividade econômica por onde passam, bem como atraem investimentos e contribuem para o desenvolvimento social. No Nordeste, a Bahia se destaca como um dos principais polos culturais da região. Além do tradicional Carnaval, o estado recebe grandes festivais ao longo do ano, especialmente no verão, consolidando-se como um destino turístico e um gerador de receita contínuo.
Um exemplo recente é o Festival de Verão 2025, realizado no último fim de semana em Salvador, com apresentações de artistas como Ivete Sangalo, Jão, Ana Castela e Natiruts. A estrutura do evento contou com dois palcos principais — Cais e Ponte — além do Palco Rua, que deu espaço a talentos locais e outras áreas de lazer. O público ultrapassou 60 mil pessoas, e a transmissão ao vivo ficou por conta do Multishow e do Globoplay.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), Doreni Caramori Júnior, os festivais são fundamentais para atrair investimentos e fomentar a economia do Nordeste. “Em 2024, o setor de eventos alcançou um saldo líquido de empregos formais 58,9% superior ao nível de 2019, indicando seu potencial para impulsionar a economia local”, afirma.
Além da geração de empregos, os festivais fortalecem setores como turismo, hotelaria, gastronomia e comércio. “Esses eventos posicionam as cidades como polos culturais e turísticos, estimulando diversos segmentos. Em termos de consumo, o setor de recreação ultrapassou R$10,88 bilhões somente em outubro de 2024, reforçando a relevância desses eventos para o crescimento sustentável das cidades”, complementa Caramori Júnior.
O presidente também destaca que a colaboração entre governos, sociedade civil e produtores é essencial para ampliar esses impactos e atrair novos investimentos para a região.
A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador foi acionada pela equipe do Investindo Por Aí, mas não pôde retornar dentro do prazo estipulado.
No entanto, Caramori Júnior ressalta que o Nordeste ainda apresenta uma demanda reprimida para eventos de grande porte, especialmente fora da Bahia. “Enquanto a Bahia se consolida como um polo de destaque para eventos de grande escala, como o Festival de Verão e o Carnaval de Salvador, outras cidades da região também têm mostrado potencial crescente”, considera.
Em 2024, o consumo acumulado no setor de recreação, entre janeiro e outubro, alcançou R$108,29 bilhões, marcando o maior valor da série histórica para esse período. “Esse aumento reflete o crescimento na procura por eventos e experiências culturais. Cidades como Fortaleza, Recife, Natal e João Pessoa estão investindo em infraestrutura, apesar dos desafios logísticos e estruturais, que ainda limitam algumas localidades menores”, explica o presidente da Abrape.
Desafios no setor se restringem apenas ao Nordeste?
Caramori Júnior destaca que os desafios para a realização de eventos no Nordeste são comuns a todo o Brasil, mas a região enfrenta barreiras específicas. “O Nordeste ainda enfrenta barreiras, como problemas de logística e infraestrutura. Cidades menores, em particular, frequentemente enfrentam limitações em acessibilidade, transporte e serviços de suporte, o que dificulta o atendimento a grandes públicos”, explica.
Outro desafio apontado por Caramori Júnior é a sazonalidade, uma vez que muitos eventos precisam ser planejados para coincidir com a alta temporada de turismo, o que intensifica a competição por locais e recursos. No entanto, o crescimento de empregos formais no setor em 2024 indica uma tendência positiva, sinalizando a capacidade de superar esses obstáculos e atender à demanda reprimida da região.
Projeções para 2025 no cenário nacional
Em âmbito nacional, a Abrape projeta que o setor de eventos movimentará R$141,1 bilhões em 2025, um crescimento de 8,4% em relação a 2024. Esses números indicam a recuperação e o crescimento contínuo do setor após a pandemia.
A instituição ainda estima que o número de empregos no core business do setor de eventos alcançará 186,8 mil em 2025, com uma variação de 5,6% sobre os 176,9 mil registrados até outubro de 2024. Isso representa a criação de aproximadamente 9,9 mil vagas diretas. No total, considerando o hub setorial, a projeção é de 4,305 milhões de empregos, o que representa um crescimento de 1,1% sobre os 4,26 milhões registrados atualmente.
As projeções de crescimento são baseadas no Radar Abrape. O estudo leva em consideração o Índice de Preços no Consumidor (IPCA) e a massa de rendimento real dos trabalhadores, além de dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Essas estimativas indicam uma forte expansão no setor de eventos e em áreas diretamente impactadas, como turismo, bares e restaurantes, segurança privada e hospedagem.