O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) irão financiar até quatro projetos de restauração ecológica na Caatinga, totalizando R$8,8 milhões em investimentos. As iniciativas serão realizadas em unidades de conservação ou em áreas afetadas pelo clima semiárido no Nordeste.
O diretor de Planejamento do Banco do Nordeste, Aldemir Freire, destaca o entusiasmo do banco com o programa Caatinga Viva e o compromisso em desenvolver processos de certificação de carbono para viabilizar esses projetos. “Nosso objetivo é fortalecer as cadeias produtivas da restauração ecológica, capacitando as pessoas e criando estruturas eficientes para gerenciar e executar os projetos. Buscamos também promover alternativas econômicas que gerem empregos e renda no semiárido, além de contribuir para a preservação da biodiversidade”, afirma.
Cada projeto deverá abranger, no mínimo, 100 hectares e ter um prazo de execução de até 48 meses. O objetivo central é fortalecer a cadeia produtiva da restauração ecológica e preservar este bioma, que representa 10,1% do território nacional.
Os recursos são do Fundo Socioambiental do BNDES e do BNB e serão repassados ao Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), responsável pela seleção, organização e monitoramento dos projetos. A ação faz parte do programa “Floresta Viva” e tem a missão de reduzir os efeitos do desmatamento e aprimorar a qualidade ambiental das áreas impactadas.
Prioridade para unidades de conservação e territórios tradicionais
As áreas elegíveis para o edital estão localizadas em unidades de conservação e seus arredores, abrangendo estados como Alagoas, Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Também são contempladas regiões de assentamentos de reforma agrária, terras indígenas e territórios quilombolas.
O edital está direcionado a instituições sem fins lucrativos com experiência em conservação ambiental, desenvolvimento sustentável e recuperação de áreas degradadas. Os projetos selecionados devem promover a restauração do ecossistema da Caatinga, além de fomentar a geração de emprego e renda para as comunidades locais.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, observa que restaurar a Caatinga vai além da preocupação com as mudanças climáticas, a captura de carbono e a desertificação. “É uma ação que fortalece a soberania alimentar do país e gera oportunidades para o desenvolvimento de sistemas alimentares saudáveis para as pessoas que vivem lá, uma das metas do governo do presidente Lula”, declara Mercadante.
A seleção permanece aberta até às 18h (horário de Brasília) do dia 21 de fevereiro de 2025.
Para mais informações, acesse Floresta Viva – Caatinga Viva.
Freire aponta que uma análise técnica e organizacional detalhada dos projetos será realizada em parceria com o BNDES e a FUNBIO. “O processo inclui avaliar a capacidade técnica e organizacional dos proponentes, a importância ecológica da restauração na região, e priorizar ações em municípios áridos. A sinergia com outras atividades de recuperação da vegetação e a mobilização de atores locais também serão consideradas”, explica.
“O edital prevê análise preliminar e técnica, entrega de documentos obrigatórios e avaliação de custos, garantindo transparência e eficácia na seleção e monitoramento dos projetos, assegurando a contribuição para a restauração ecológica e o desenvolvimento sustentável das comunidades do semiárido”, complementa o diretor.
A caatinga e a importância da restauração ecológica
Bioma único no mundo, a Caatinga abriga uma biodiversidade adaptada ao clima semiárido e desempenha um papel crucial na captura de carbono, retendo CO2 de forma mais eficiente que as florestas tropicais. Sua preservação é essencial para abrandar as mudanças climáticas.
No entanto, esse ecossistema está ameaçado com 46% da Caatinga original desmatada e um aumento significativo entre 2019 e 2022. A restauração ecológica é urgente para preservar seus serviços ambientais e combater os impactos do desmatamento.
O Floresta Viva tem como objetivo restaurar até 35 mil hectares
A iniciativa é do BNDES que abraçou o Floresta Viva. O banco já é conhecido por apoiar projetos de restauração ecológica com espécies nativas em todos os biomas brasileiros. Além de apoiar sistemas agroflorestais associados a essa prática, o programa também fortalece a gestão da cadeia produtiva da restauração.
Com um investimento de R$693 milhões ao longo de 7 anos, sendo 50% do Fundo Socioambiental do BNDES e 50% de Instituições Apoiadoras, o projeto tem a intenção de restaurar de 25.000 a 35.000 hectares e remover de 8 a 11 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera em um período de 25 anos.