O Ceará exportou, em 2024, mais de 44,2 mil toneladas de rochas ornamentais, totalizando US$ 44,32 milhões (cerca de R$ 255 milhões na cotação atual). A maior parte desse volume foi comercializada por apenas cinco municípios do estado, que juntos responderam por 93% das exportações. Os dados são da plataforma Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), com análise do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).
Municípios líderes em exportação
Entre as cidades que mais exportaram rochas ornamentais, Uruoca, no Litoral Norte, lidera o ranking, com 16,2 mil toneladas enviadas ao exterior, gerando uma receita de US$ 8,43 milhões. Santa Quitéria e Caucaia ocupam o segundo e terceiro lugares, com 14 mil e 7,3 mil toneladas exportadas, respectivamente. Massapê e Santana do Acaraú completam a lista dos cinco principais municípios exportadores.
A Europa é o principal destino das rochas cearenses, absorvendo mais de 60% das exportações. A Itália é o maior comprador, representando 57% do total, seguida pelos Estados Unidos (24%) e China (14%). A Turquia foi o país que apresentou o maior crescimento na demanda pelo material cearense, com um aumento expressivo de 1.286,5% em relação a 2023.
O que são rochas ornamentais?
Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), rochas ornamentais são materiais utilizados em construção e decoração, como fachadas, pisos e revestimentos. O quartzito, o mármore e o granito estão entre os tipos mais comuns. No Ceará, o quartzito se destaca como principal rocha exportada, correspondendo a 63% das vendas internacionais.
O Ceará possui uma reserva exclusiva de quartzito Taj Mahal, rocha bege altamente valorizada no mercado internacional por sua resistência e apelo estético. Carlos Rubens, presidente do Sindicato das Indústrias de Mármores e Granitos do Estado do Ceará (Simagran), compara o material à “Louis Vuitton” dos quartzitos, devido ao seu alto valor agregado e à demanda global.
Apesar do potencial, o estado ainda exporta majoritariamente blocos brutos, sem beneficiamento, o que reduz a geração de valor agregado na economia local. “Quem agrega valor é quem compra nossos blocos no exterior”, ressalta Rubens em depoimento à Folha de Pernambuco.
Impacto econômico e ambiental
A mineração de rochas ornamentais movimenta a economia do interior do estado, gerando empregos e fomentando o comércio local. A professora Irani Clezar Mattos, do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), destaca que, quando realizada dentro das normas ambientais, a exploração tem impacto pontual e controlado.
“A resistência à abrasão do quartzito é uma das mais altas, o que contribui para sua durabilidade. Muitas construções antigas, como as do Império Romano e dos Celtas, permanecem de pé graças ao uso dessas rochas”, explica a especialista.
Com um mercado em expansão e um produto de alta demanda global, o Ceará segue consolidando sua posição como um dos principais exportadores de rochas ornamentais do Brasil, atrás apenas de Minas Gerais e Espírito Santo.