Por João Pedro Pitombo – Salvador
Para Folha de S. Paulo
O senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB) lançou nesta terça-feira (14) sua pré-candidatura ao Governo de Alagoas e vai liderar o palanque do presidente Jair Bolsonaro (PL) no estado. Em um vídeo publicado em suas redes sociais, ele fez um discurso alinhado ao bolsonarismo e afirmou que a sua candidatura ao governo nasce com o apoio de Bolsonaro. “Meu compromisso é por uma Alagoas forte, desenvolvida, avançada, com respeito a Deus, à pátria, à família, às cores da nossa bandeira e à liberdade. Valores que precisam e haverão de ser respeitados”, afirmou o ex-presidente.
Bolsonaro ainda não fez nenhuma declaração pública de apoio a Collor na disputa pelo governo de Alagoas. Mas ambos têm relação próxima e costumam dividir o palanque em eventos oficiais. Com a candidatura ao governo, Collor encerra um ciclo de 16 anos como senador por Alagoas. Caso ele disputasse a reeleição, teria que enfrentar a candidatura competitiva do ex-governador Renan Filho (MDB), de quem foi aliado em 2014, mas rompeu em 2018.
Aliados e adversários do ex-presidente avaliam que ele teria poucas chances de reeleição contra um ex-governador que acaba de concluir um ciclo de sete anos e três meses à frente do governo de Alagoas. A candidatura de Collor ao governo também supre a lacuna de um palanque para o presidente Jair Bolsonaro, que é candidato a reeleição.
Isso porque o senador Rodrigo Cunha (União Brasil), candidato a governador apoiado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), indicou que não vai apoiar a reeleição de Bolsonaro. O senador, que também terá em sua chapa o PSB, partido que nacionalmente apoia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tenta passar uma postura de neutralidade em relação à eleição presidencial. Cunha terá como candidato ao Senado o deputado estadual Davi Davino Filho (PP), escolhido em uma articulação liderada por Lira que isolou o ex-presidente Fernando Collor.
Também concorrem ao governo de Alagoas o atual governador Paulo Dantas (MDB), o ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira (PSD) e o professor Cícero Albuquerque (PSOL). Na ocasião, ele se referiu a Collor como “grande aliado no Parlamento brasileiro”. O ex-presidente sofreu processo de impeachment em 1992, acusado de corrupção e fraudes. Anos depois, acabou sendo absolvido pelo Supremo Tribunal Federal.
Collor também é réu por pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e comando de organização criminosa no âmbito da Operação lava Jato. Ele foi acusado de receber mais de R$ 30 milhões em propina por negócios da BR Distribuidora, então subsidiária da Petrobras, mas nega as acusações. Collor já foi governador de Alagoas entre 1987 e 1989, quando deixou o cargo para concorrer e se eleger presidente da República. Depois de ter sido presidente, tentou voltar ao governo de Alagoas por três vezes: foi derrotado em 2002 e 2010. Em 2018, renunciou à candidatura faltando pouco mais de duas semanas para a eleição.