O cenário de inovação e desenvolvimento no Nordeste brasileiro é tão diverso quanto desafiador. É o que revela a primeira edição do Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento (IBID), divulgado na última semana pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
O estudo, que mapeia o ecossistema de inovação nas 27 unidades federativas, expõe um Nordeste de contrastes, onde avanços importantes em determinadas áreas coexistem com gargalos persistentes em outras.
No panorama geral, o Rio Grande do Norte aparece como o melhor colocado da região, ocupando a 11ª posição nacional com um índice de 0,216. Este desempenho, ainda que distante do líder São Paulo (0,891), coloca o estado à frente de importantes centros econômicos como Goiás e Mato Grosso do Sul. Pernambuco e Ceará seguem de perto, nas 13ª e 14ª posições. No entanto, a presença do Maranhão na 26ª posição evidencia as disparidades intrarregionais que ainda persistem.
Ranking Geral do IBID 2024
Pos. | UF | IBID |
1 | SP | 0,891 |
2 | SC | 0,415 |
3 | PR | 0,406 |
4 | RJ | 0,402 |
5 | RS | 0,401 |
6 | MG | 0,378 |
7 | DF | 0,304 |
8 | ES | 0,268 |
9 | GO | 0,252 |
10 | MS | 0,228 |
11 | RN | 0,216 |
12 | MT | 0,205 |
13 | PE | 0,195 |
14 | CE | 0,188 |
15 | BA | 0,179 |
16 | SE | 0,178 |
17 | PB | 0,167 |
18 | PI | 0,160 |
19 | TO | 0,154 |
20 | AM | 0,153 |
21 | AL | 0,143 |
22 | RO | 0,143 |
23 | RR | 0,135 |
24 | PA | 0,133 |
25 | AP | 0,132 |
26 | MA | 0,125 |
27 | AC | 0,111 |
Fonte: INPI, Assessoria de Assuntos Econômicos
Rio Grande do Norte avança no pilar ‘Economia’, ocupando a 2ª posição nacional
O desempenho do Rio Grande do Norte ganha contornos ainda mais impressionantes quando analisamos o pilar “Economia”. Neste quesito, o estado potiguar alcança a surpreendente 2ª posição nacional, superado apenas por São Paulo. Este resultado sugere um ambiente econômico excepcionalmente propício à inovação, possivelmente impulsionado por políticas estaduais assertivas e setores econômicos dinâmicos.
A Bahia também se destaca neste pilar, ocupando a 9ª posição, seguida de perto pelo Piauí (11º) e Ceará (12º). Este desempenho coletivo indica que, apesar dos desafios, o Nordeste está conseguindo criar ambientes econômicos que favorecem a inovação em diversos estados.
Confira posições dos estados no ranking do pilar ‘Economia’
Pos. | UF | Índice Economia |
1 | SP | 0,811 |
2 | RN | 0,456 |
3 | RS | 0,418 |
4 | PR | 0,379 |
5 | SC | 0,305 |
6 | RJ | 0,302 |
7 | MG | 0,252 |
8 | ES | 0,150 |
9 | BA | 0,330 |
10 | DF | 0,387 |
11 | PI | 0,300 |
12 | CE | 0,297 |
13 | TO | 0,283 |
14 | GO | 0,134 |
15 | SE | 0,266 |
16 | AC | 0,148 |
17 | PB | 0,248 |
18 | RR | 0,247 |
19 | MA | 0,228 |
20 | AL | 0,200 |
21 | PA | 0,200 |
22 | AM | 0,192 |
23 | PE | 0,193 |
24 | RO | 0,252 |
25 | MT | 0,090 |
26 | MS | 0,136 |
27 | AP | 0,088 |
Fonte: INPI, Assessoria de Assuntos Econômicos
Quatro estados do Nordeste destacam-se em ‘Sustentabilidade’
O pilar ‘Infraestrutura’ avalia a qualidade dos recursos e serviços que sustentam a inovação, incluindo tecnologias da informação e comunicação (TICs), infraestrutura geral e sustentabilidade. Com 12 indicadores, este pilar leva em conta o acesso a serviços essenciais e a capacidade de geração de energia renovável.
No que diz respeito à ‘Sustentabilidade’, quatro estados do Nordeste se destacam: Rio Grande do Norte (11º), Bahia (13º), Piauí (17º) e Ceará (24º). O Rio Grande do Norte, a Bahia e o Piauí, nesta ordem, estão atrás apenas de São Paulo nesta dimensão específica.
Veja o ranking dos estados nordestinos no pilar ‘Infraestrutura’ e nas dimensões associadas
Posição geral | UF | IBID – Infraestrutura | TICs | Infraestrutura geral | Sustentabilidade |
11 | RN | 0,457 | 16 | 19 | 2 |
13 | BA | 0,416 | 21 | 14 | 3 |
15 | PE | 0,387 | 17 | 17 | 11 |
16 | SE | 0,372 | 18 | 16 | 17 |
17 | PI | 0,371 | 19 | 23 | 4 |
18 | AL | 0,362 | 24 | 12 | 16 |
21 | PB | 0,338 | 25 | 18 | 9 |
24 | CE | 0,312 | 26 | 22 | 6 |
26 | MA | 0,218 | 27 | 25 | 19 |
Fonte: INPI, Assessoria de Assuntos Econômicos
O Rio Grande do Norte se destaca em ‘Negócios’, ocupando a 8° posição, enquanto Bahia, Alagoas e Maranhão encontram-se nas últimas posições
A disparidade no ambiente de negócios entre os estados nordestinos levanta questões importantes sobre as políticas estaduais de fomento ao empreendedorismo e à inovação.
Estados que conseguem criar um ambiente mais propício aos negócios, como o Rio Grande do Norte e a Paraíba (10ª posição), parecem estar colhendo os frutos em termos de inovação e desenvolvimento. Por outro lado, os estados nas últimas posições podem estar enfrentando barreiras regulatórias, fiscais ou de infraestrutura que dificultam o florescimento de um ecossistema de negócios inovadores.
Veja o desempenho de todos os estados nordestinos em ‘Negócios’ no ranking a seguir:
Posição Geral | UF | IBID – Negócios | Força de Trabalho Qualificada | Apoio à Inovação | Absorção de Conhecimento |
---|---|---|---|---|---|
8 | RN | 0,166 | 6 | 16 | 20 |
10 | PB | 0,148 | 9 | 12 | 22 |
14 | PE | 0,112 | 17 | 8 | 12 |
15 | SE | 0,095 | 14 | 15 | 24 |
19 | PI | 0,089 | 18 | 10 | 18 |
20 | CE | 0,080 | 22 | 13 | 15 |
24 | BA | 0,054 | 26 | 9 | 13 |
27 | MA | 0,014 | 27 | 22 | 16 |
Fonte: INPI, Assessoria de Assuntos Econômicos
Entre os estados nordestinos, Ceará e Rio Grande do Norte lideram em ‘Conhecimento e Tecnologia’
Esse pilar avalia as variáveis relacionadas à criação, impacto e difusão de conhecimento e inovações. Ele abrange indicadores como patentes, transferência de tecnologia, startups e produção científica. Dividido em três dimensões – ‘Criação de conhecimento’, ‘Impacto do conhecimento’ e ‘Difusão do conhecimento’ – este subíndice do IBID utiliza um total de 14 indicadores específicos.
O Ceará (8º) é o estado nordestino melhor posicionado, destacando-se em difusão de conhecimento, seguido pelo Rio Grande do Norte (9º), que também apresenta bom desempenho, especialmente criação de conhecimento. A Bahia (24º) ocupa a pior colocação.
Confira a tabela abaixo, que fornece uma visão clara do desempenho dos estados nordestinos em cada dimensão do pilar ‘Conhecimento e Tecnologia‘
Posição Geral | Estado | Pontuação | Criação de Conhecimento | Impacto do Conhecimento | Difusão do Conhecimento |
---|---|---|---|---|---|
8 | CE | 0,116 | 14 | 10 | 7 |
9 | RN | 0,116 | 9 | 13 | 10 |
13 | PE | 0,094 | 10 | 9 | 22 |
14 | AL | 0,093 | 22 | 14 | 8 |
18 | MA | 0,069 | 19 | 19 | 18 |
21 | PI | 0,062 | 21 | 20 | 21 |
23 | PB | 0,058 | 8 | 11 | 25 |
24 | BA | 0,055 | 16 | 8 | 24 |
Fonte: INPI, Assessoria de Assuntos Econômicos
Pernambuco no Top 10 em ‘Economia Criativa’
O pilar avalia a função da criatividade para a inovação, sinalizando a capacidade de criação de negócios disruptivos. Abrange indicadores de marcas e demais ativos de propriedade industrial relacionados à agregação de valor e criatividade de uma economia, bem como o ambiente digital que a impulsiona.
Pernambuco (9º) é o estado nordestino melhor posicionado no ranking do pilar ‘Economia Criativa’, destacando-se especialmente em ‘Bens e serviços criativos’. Entre os estados do Nordeste, Alagoas (23°) apresenta a pior posição.
Confira a tabela abaixo acerca do desempenho dos estados nordestinos em cada dimensão do pilar ‘Economia Criativa’
Posição Geral | UF | Pontuação | Ativos Intangíveis | Bens e Serviços Criativos | Criatividade Online |
---|---|---|---|---|---|
9 | PE | 0,165 | 13 | 9 | 10 |
11 | SE | 0,136 | 23 | 10 | 12 |
12 | BA | 0,128 | 12 | 13 | 15 |
14 | CE | 0,123 | 10 | 14 | 13 |
15 | PB | 0,106 | 15 | 18 | 9 |
17 | RN | 0,106 | 17 | 16 | 11 |
19 | MA | 0,061 | 24 | 20 | 21 |
20 | PI | 0,061 | 25 | 21 | 19 |
23 | AL | 0,050 | 21 | 23 | 20 |
Fonte: INPI, Assessoria de Assuntos Econômicos
Alagoas e Maranhão apresentam os piores desempenhos do Brasil no Pilar ‘Capital Humano’ do IBID 2024
O pilar ‘Capital Humano’ do IBID avalia a capacidade de inovação com base em fatores como acesso à educação e atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Esse pilar é subdividido em três dimensões: ‘Educação básica’, ‘Ensino superior’ e ‘P&D’.
No ranking de 2024, os estados nordestinos enfrentam desafios significativos, refletindo problemas na qualidade e acessibilidade da educação e na capacidade de pesquisa. Alagoas está na 27ª posição, a última do ranking, logo atrás do Maranhão, que ocupa o 26º lugar. O Ceará se destaca como o estado nordestino com melhor desempenho nesse pilar, alcançando a 13ª posição.
Ranking mostra desempenho dos estados estados nordestinos no pilar ‘Capital Humano’
Posição geral | UF | IBID – Capital Humano | Educação básica | Ensino superior | P&D |
13 | CE | 0,211 | 14 | 19 | 12 |
16 | PE | 0,194 | 17 | 18 | 9 |
18 | PB | 0,139 | 22 | 24 | 11 |
19 | SE | 0,135 | 19 | 21 | 20 |
20 | RN | 0,128 | 24 | 20 | 10 |
22 | PI | 0,115 | 21 | 17 | 22 |
23 | BA | 0,114 | 26 | 25 | 8 |
26 | MA | 0,087 | 23 | 27 | 19 |
27 | AL | 0,063 | 25 | 26 | 24 |
Fonte: INPI, Assessoria de Assuntos Econômicos
Nordeste enfrenta desafios institucionais
O pilar ‘Instituições’ do IBID avalia o ambiente institucional, regulatório e de negócios em cada estado. Dividido em três dimensões — ‘Ambiente institucional’, ‘Ambiente regulatório’ e ‘Ambiente de negócios’ — esse pilar analisa a qualidade da gestão fiscal, a eficiência do Judiciário e a taxa de informalidade, entre outros fatores.
No ranking de 2024, os estados nordestinos enfrentam desafios significativos nesse pilar, com a maioria ocupando posições baixas. O estado do Piauí se destaca como o melhor posicionado, ocupando o 14º lugar. Em contraste, estados como Maranhão e Sergipe estão nas posições mais baixas, em 23° e 26° lugar, respectivamente.
Confira o ranking dos estados nordestinos no pilar ‘Instituições’ e por dimensão associada
Posição geral | UF | IBID – Instituições | Ambiente institucional | Ambiente regulatório | Ambiente de negócios |
14 | PI | 0,418 | 14 | 13 | 27 |
15 | AL | 0,418 | 17 | 10 | 25 |
16 | BA | 0,418 | 25 | 9 | 17 |
17 | PE | 0,411 | 18 | 12 | 20 |
19 | RN | 0,395 | 20 | 14 | 24 |
21 | PB | 0,386 | 19 | 16 | 23 |
22 | CE | 0,382 | 23 | 21 | 18 |
23 | MA | 0,375 | 26 | 17 | 19 |
26 | SE | 0,318 | 22 | 24 | 26 |
Fonte: INPI, Assessoria de Assuntos Econômicos