Desde segunda-feira (09), Maceió sedia encontros do Grupo de Trabalho de Economia Digital do G20, que encerram nesta sexta-feira (13) e devem traçar os caminhos, em acordos multilaterais, para a universalização de uma conectividade democrática e significativa em todo o mundo.
O Brasil é presidente do G20 desde o ano passado e sediará sua reunião de cúpula, com a presença dos chefes de estado, em novembro deste ano, no Rio de Janeiro. O Ministério das Comunicações (MCom) coordena os encontros ministeriais – sobre economia digital – que estão sendo realizados na capital alagoana.
Impacto econômico da falta de conectividade
Em coletiva de imprensa, Jefferson Nacif, chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do Ministério das Comunicações, abordou os principais desafios da cobertura de internet móvel no Brasil, especialmente em áreas mais remotas e periferias.
O editor do Investindo por Aí questionou Nacif sobre as chamadas “áreas de sombra” – regiões sem cobertura de internet móvel adequada, lembrando que a ausência de cobertura de internet móvel em áreas rurais e periféricas não afeta apenas a comunicação, mas também a economia local. Sem sinal de internet, serviços como o Pix e sistemas de cartão de crédito se tornam inacessíveis, prejudicando o desenvolvimento econômico dessas regiões.
Nacif explicou que, além de questões técnicas, há dificuldades de licenciamento que impedem a instalação de estações de rádio-base nessas áreas.
“Há áreas de sombra que, por diversos motivos, não estão cobertas. Seja por dificuldades de licenciamento ou problemas técnicos, esses locais ainda enfrentam problemas para receber a instalação de estações de rádio-base”, explicou Nacif.
Nacif reconheceu que o processo é complexo e que não basta apenas usar as ferramentas tradicionais, como leilões de concessão para a implantação de torres de redes de internet e telefonia móvel.
“Não são as ferramentas tradicionais que vão resolver o problema; é preciso usar outra estratégia e desenvolver políticas públicas capazes de atender essa necessidade”, destacou Nacif, mencionando os fundos de universalização como uma possível solução para a expansão da conectividade.
Nacif também mencionou que pequenos provedores de internet têm conseguido levar banda larga a áreas mais afastadas, mas a cobertura móvel ainda está longe de ser ideal.
“Há um fenômeno interessante no Brasil, onde a banda larga fixa está mais presente em algumas áreas do que a telefonia móvel. Isso se deve, em parte, ao crescimento dos pequenos provedores de internet”, explicou.
Desafios e soluções para a inclusão digital no Brasil
Ainda durante coletiva, Hermano Tercius, Secretário de Telecomunicações do MCom, destacou a importância das telecomunicações no desenvolvimento socioeconômico do Brasil. “A conectividade é a chave para o crescimento de novas indústrias e para a inclusão digital. Estamos investindo fortemente em infraestrutura para levar internet de qualidade a todas as regiões do país”, disse.
Daniel Cavalcanti, Coordenador-Geral de Políticas Públicas para Serviços de Telecomunicações, falou sobre os desafios de levar internet às áreas rurais e isoladas. “Nosso maior desafio é alcançar regiões remotas, onde a infraestrutura é limitada. Estamos desenvolvendo políticas para garantir que ninguém fique para trás nessa transformação digital”, explicou.
Tercius também ressaltou o impacto das políticas públicas e da colaboração internacional na promoção da conectividade. “Estamos alinhando nossas ações às melhores práticas globais e aproveitando o G20 para fortalecer parcerias estratégicas. A cooperação internacional é fundamental para garantir o sucesso desses projetos”, afirmou.
Cavalcanti acrescentou a importância da participação do setor privado para acelerar a expansão da infraestrutura de telecomunicações. “O setor privado tem um papel fundamental no fornecimento de serviços. Nossas políticas estão voltadas para facilitar investimentos e parcerias que ampliem a cobertura de internet de alta velocidade”, continuou.
Hermano Tercius afirmou ainda que o Brasil está comprometido em superar os desafios regulatórios e garantir que a digitalização seja inclusiva. “A transformação digital é um caminho sem volta, e estamos determinados a garantir que todos os brasileiros possam participar dessa nova realidade”, concluiu.