O mar é vital. Por meio dele, o ser humano consegue desempenhar uma série de atividades econômicas fundamentais como a navegação e a pesca. A economia do mar, também conhecida como economia azul, tem ganhado destaque no Brasil e no mundo como motor de geração de emprego e renda e inovação sustentável. Alagoas, com sua vocação marítima e riqueza natural tem potencial para ser protagonista nesse setor. Para demonstrar o apoio do setor produtivo e da importância da pauta para o estado que a Federação das Indústrias de Alagoas – Fiea – recebeu hoje de manhã em seu auditório, o subsecretário adjunto de Economia do Mar do Rio de Janeiro, Marcelo Felipe Alexandre, referência nacional da área, para fazer dar uma palestra sobre o assunto. O evento reuniu várias entidades como o Sebrae Alagoas, a Secretaria de Turismo de Alagoas, a Agência de Desenvolvimento da Pesca, Aquicultura e Apicultura, além de autoridades municipais e estaduais, para dialogar com empresários, acadêmicos e líderes do setor industrial para pensar políticas públicas e iniciativas voltadas para este fim no estado.
O vice-presidente da Fiea, Zezinho Nogueira Filho, abriu o evento ressaltando a importância da economia do mar para o Brasil e a necessidade da Alagoas investir mais no setor, já que no estado existem várias atividades econômicas relacionadas com o mar. O capitão dos Portos de Alagoas, o capitão de Fragata, Rodrigo Garcia, comentou que a economia do mar sustentável no Brasil foi inspirada por um conceito político/estratégico da Marinha criado em 2004 chamado Amazônia Azul. O seu propósito é o de chamar a atenção da sociedade para a importância do mar. Ele apresentou alguns indicadores interessantes da contribuição do mar para a nossa economia e desenvolvimento econômico e citou dados da OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. De acordo com a instituição, 20% do nosso PIB vem do mar, assim como 95% do nosso petróleo, 80% do gás natural e 45% do pescado. O capitão Rodrigo também afirmou que, embora as pessoas pensem que as comunicações se dão apenas via satélite, 99% dela é feita por cabos submarinos, sendo o Ceará o maior hub da América Latina. Ele disse ainda que os portos nacionais equivalem a 95% do comércio exterior e que 2/3 da população brasileira vive a menos de 200km da costa. Por conta de tudo isso, a conexão com Alagoas é óbvia.
Só em Alagoas temos 250km de litoral, 280 km do baixo São Francisco, de Paulo Afonso até Piaçabuçu, o complexo lagunar, a pesca e o turismo náutico e, com a proximidade do verão, o início da temporada de cruzeiros. Tudo isso é o que faz rodar a engrenagem da economia do mar. “O turismo voltado ao mar deveria ser a vocação natural de Alagoas. Mais iniciativas ainda são necessárias para fomentar esse setor, embora Alagoas venha registrando bons números no turismo náutico. A temporada de cruzeiros marítimos, por exemplo, vem batendo recordes a cada verão. Para a temporada 24/25 são esperados 13 navios que farão 33 paradas. Estamos fazendo um trabalho intenso com o comandante Rodrigo Garcia, da Capitania dos Portos, para incentivar a economia do mar em Alagoas e investir em planejamento estratégico”, pontua. Quando perguntada se o estado pretende ser um dos estados líderes da economia do mar no Nordeste, a secretária Bárbara afirmou que Alagoas está coordenando a Câmara Temática do Turismo no Consórcio Nordeste. A ideia é incluir esse assunto na pauta da próxima reunião do Consórcio”, finaliza.
O palestrante convidado Marcelo Felipe Alexandre, capitão de Mar e Guerra da Marinha do Brasil, veio do Rio de Janeiro para compartilhar a sua experiência à frente da SEENEMAR – primeira secretaria de Economia do Mar do Brasil criada em 2023. Ele abriu sua fala dizendo que a economia do mar, em 2010, movimentava US$ 1 trilhão no mundo. Para 2030, a previsão é que gire US$ 3 trilhões. Há um movimento global em curso do crescimento dessa economia. O porto de Maceió tem um movimento mensal de 30 navios e um potencial gigantesco para geração de receitas como arrecadação de ICMS. Ao Investindo Por Aí, o capitão Marcelo comentou que o trabalho da SEENEMAR e da Comissão Estadual de Desenvolvimento da Economia do Mar do Rio de Janeiro é um benchmark para os estados que queiram iniciarem projetos voltados para a economia azul, com a formulação de políticas públicas para a geração de emprego, renda e alimentos a partir do mar. Ele ainda ressaltou o potencial gigantesco do Nordeste, que já registra iniciativas na Bahia e no Ceará que, inclusive, já criou uma agência municipal de fomento para a economia do mar em Fortaleza.
Domício Silva, diretor superintendente do Sebrae Alagoas, uma das entidades apoiadoras do evento, disse que há cerca de 900 empresas que trabalham diretamente com a economia do mar no estado e que, dessas, 70% são micro e pequenas empresas informais. Segundo ele, a primeira coisa que o Sebrae precisa fazer é capacitar, não só com assessoramento, mas com treinamentos. Além disso, os micro e pequenos empresários também podem contar com o Sebrae para captação, legislação e auxílio nos programas de qualificação desses pequenos negócios para serem inseridos na economia do mar. Alagoas possui um grande potencial para o surgimento de pequenos negócios voltados para a economia do mar e para escalonar os existentes. O Sebrae, em parceria com a Fiea, vai trabalhar para que, juntos, fomentem o setor junto a estes empresários.
O vice-presidente da Federação das Indústrias de Alagoas encerrou o evento anunciando a realização do I Fórum de Economia do Mar de Alagoas, que já tem até data marcada: 13 de fevereiro de 2025. Zezinho Nogueira disse que a ideia de criar o fórum surgiu depois de ter ido à Bahia conhecer as iniciativas em economia do mar. A ideia é que a Fiea crie um grupo de trabalho com o governo do estado, o Sebrae e a academia e, também, o governo federal, que detém o poder dos portos, para detectar os vários problemas que hoje existem, como o retorno dos contâiners por parte das empresas que exportam aqui em Maceió, e identificar toda uma cadeia produtiva ao lado de parceiros estratégicos como a Marinha, que é a protagonista da economia do mar no Brasil. Ele disse que a Fiea vai trabalhar para organizar o setor produtivo retirando obstáculos que impeçam as iniciativas de irem adiante com a criação de projetos de lei e planos estaduais.