O Fórum Econômico Mundial de Davos 2025, realizado na Suíça, iniciou suas atividades na última segunda (20) com foco em temas como sustentabilidade, tecnologia e economia global, em um contexto marcado por incertezas geopolíticas e tensões comerciais. O Brasil, embora com uma delegação reduzida em comparação a anos anteriores, mantém sua presença estratégica nas discussões sobre transição energética e economia verde.
A delegação brasileira é liderada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, acompanhado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, e pelo governador do Pará, Helder Barbalho. Durante seminário promovido pelo governo suíço, Silveira destacou o desenvolvimento do Brasil na transição energética, enfatizando a matriz energética limpa e renovável do país, com 88% da energia elétrica proveniente de hidrelétricas.
O ministro também apresentou os avanços brasileiros em infraestrutura energética, citando investimentos de R$ 36 bilhões em linhas de transmissão em 2024 e a previsão de mais R$ 20 milhões para março de 2025. Além disso, ressaltou iniciativas como o projeto Combustível do Futuro e a legislação para regulação do hidrogênio de baixa emissão de carbono.
Apesar da participação oficial mais modesta, o setor privado brasileiro ganhou destaque com a estreia da Brazil House, reunindo grandes empresas como Vale, Gerdau, Ambipar, Be8, JHSF, BTG Pactual e Randcorp. Segundo especialistas, este espaço surge como uma importante plataforma para captação de recursos externos e promoção dos interesses nacionais.
O cenário global apresenta sinais de otimismo moderado, conforme pesquisa da PwC que indica que cerca de 60% dos executivos-chefes presentes no fórum estão otimistas quanto ao crescimento global nos próximos 12 meses, um aumento significativo em relação aos 38% do ano anterior. No entanto, 29% dos líderes empresariais expressam preocupação com a volatilidade macroeconômica e possíveis impactos financeiros.
Para Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior, embora a participação brasileira seja mais discreta este ano, o Fórum continua sendo uma plataforma estratégica para o país promover reformas e atrair investimentos. Contudo, em entrevista ao Infomoney, ele aponta que a ausência de uma delegação mais robusta representa uma oportunidade perdida para alinhar as agendas de Davos com a COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro.
O tema central do Fórum este ano, “Colaboração para a Era Inteligente”, inclui discussões sobre como catalisar ações em energia, clima e natureza através de parcerias inovadoras e tecnologias de ponta. Estas discussões se alinham com as prioridades brasileiras na presidência do Brics e com o legado da liderança do G20, onde o país enfatizou o desenvolvimento sustentável e a transição energética como eixos centrais.