A construção da nova planta de biometano da Gás Verde no Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) Igarassu representa um marco para a transição energética e a economia circular no Brasil. Com previsão de início das operações no segundo semestre de 2026, a unidade terá capacidade para produzir 38 mil metros cúbicos de biometano por dia, substituindo a corrente térmica ao gás natural e fornecendo combustível renovável para indústrias.
O CTR Igarassu recebe cerca de 50 mil toneladas de resíduos por mês, coletadas em 25 municípios, que servem como matéria-prima para a produção de biogás. O metano apresenta esses resíduos com potencial de aquecimento global 25 vezes maior que o CO₂, tornando sua conversão em biometano uma alternativa essencial para a redução de emissões. Atualmente, o Brasil produz cerca de 400 mil metros cúbicos de biometano por dia, mas tem potencial para atingir 120 milhões de m³/dia, o suficiente para suprir 70% da demanda.
O projeto de Igarassu também se beneficia do Regime Especial de Incentivos ao Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi), concedido pelo governo federal, que permite a suspensão das contribuições do PIS/Pasep e Cofins sobre bens e serviços estimadas em R$ 91,94 milhões. Outros R$ 100,9 milhões do investimento total do projeto não terão acesso ao regime diferenciado.
A Gás Verde, uma das maiores produtoras de biometano da América Latina, já opera duas usinas de biometano e dez usinas de energia elétrica a partir de biogás em seis estados brasileiros. A empresa tem um plano de expansão para converter suas térmicas em novas unidades de biometano, elevando sua produção dos atuais 160 mil metros cúbicos por dia para mais de 600 mil m³/dia até 2028. Entre seus clientes estão grandes indústrias como Haleon, Saint Gobain, L’Oréal e Ternium, além da Ambev, cuja fábrica em Cachoeiras de Macacu (RJ) foi a primeira cervejaria do Brasil movida 100% a biometano.
O biometano se consolida como um combustível renovável estratégico para empresas comprometidas com a descarbonização, alinhando-se aos compromissos do Brasil de reduzir em 30% as emissões de metano até 2030 e em 48% as emissões totais de gases de efeito estufa até 2025, conforme o Acordo de Paris.