A inadimplência de empresas no Nordeste permaneceu estável em 3,19% durante o primeiro semestre de 2024, contrastando com a queda geral nos índices de inadimplência da região, impulsionada principalmente pela melhora nos números de pessoas físicas.
A taxa de inadimplência geral no Nordeste fechou o semestre em 4,13%, uma redução de 0,31 pontos percentuais (p.p.) em relação aos últimos 12 meses. A queda foi puxada principalmente pelo recuo de 0,69 p.p. na inadimplência de pessoa física. Os dados são do Informe Macroeconômico do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) divulgado pelo Banco do Nordeste (BNB) na última semana.
Estabilidade da inadimplência de pessoa jurídica
Apesar da melhora nos índices gerais, a inadimplência no segmento de pessoa jurídica manteve-se estável no período. O spread bancário – custo das operações bancárias – para as empresas da região permaneceu em 8,2%, bem abaixo do spread observado no segmento de pessoa física, que ficou em 23,3%.
Segundo o economista Fábio Leão, a dívida das empresas no Nordeste registrou uma leve queda de 0,13%, enquanto os juros médios caíram 3,8% nos últimos 12 meses. “No entanto, a taxa Selic do Banco Central, que influencia os juros bancários, parou de cair e pode aumentar devido a conflitos internacionais, problemas nas cadeias de valor, no câmbio e na economia interna”, complementa.
Taxas de juros e desafios no acesso ao crédito para empresas
As operações de crédito no Nordeste mantiveram uma taxa média de juros de 27,6% ao ano em junho de 2024, segundo o Banco Central. Nos últimos 12 meses, a taxa de juros média recuou 3,8 p.p., refletindo a tendência de queda iniciada após a redução da taxa Selic. No entanto, a recente estabilização da Selic interrompeu essa trajetória de redução, levando a uma estabilidade dos juros no curto prazo.
O economista destaca que há oportunidades de renegociação de dívidas para pessoas jurídicas e físicas, com expectativas de redução ou manutenção das taxas de juros para investimentos. No entanto, muitas empresas enfrentam dificuldades para acessar crédito bancário e acabam recorrendo a alternativas como cartões de crédito, cheque especial e crédito pessoal, que podem se tornar financeiramente prejudiciais.
Segundo o Sebrae, 30% das empresas endividadas estão com dívidas em atraso, e a inadimplência geral é de cerca de 26%. Entre as pequenas empresas, as MEIs (microempresas individuais) enfrentam o maior problema, com 63% delas endividadas.
“O impacto do aumento na inadimplência pode ser atenuado pelas ações do governo contra o endividamento das empresas, como o Programa Desenrola, que visa renegociar dívidas das MPEs (micro e pequenas empresas), oferecendo descontos de 40% a 90%”, conclui Leão.