Em comparações anuais e quadrimestrais, a indústria nordestina apresentou avanços significativos. Em relação a agosto de 2023, o setor cresceu 4,5%, apesar de registrar um leve recuo de 0,8% em agosto de 2024 comparado ao mês anterior. No acumulado de janeiro a agosto, houve alta de 1,2%, e, no segundo quadrimestre, o Nordeste registrou um crescimento de 2,8%, superando a média nacional de 2,6%. Os dados são do Informe Macroeconômico do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) do Banco do Nordeste (BNB).
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), José Carlos Lyra de Andrade, atribui esse crescimento à maior oferta de financiamentos, especialmente do Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Nordeste (FNE/BNB). “Os incentivos fiscais e a recuperação do poder de consumo das classes emergentes são fundamentais, assim como a redução do desemprego e o aumento da demanda externa por commodities do agronegócio e da indústria”, afirma.
O presidente ainda considera o cenário alagoano, em que a expansão da indústria química, sucroalcooleira e de produtos minerais metálicos melhora a balança comercial, com o PIB industrial local crescendo de 7% para 14% no PIB estadual.
De acordo com o presidente da Fiea, a pandemia já foi praticamente superada pelo setor
Em comparação com o período pré-pandemia (fevereiro de 2020), a produção industrial nordestina ainda apresenta uma defasagem de 17,4%. Em contrapartida, o desempenho nacional está 1,5% acima do nível registrado antes da crise sanitária, indicando um ritmo de recuperação mais intenso em todo o país.
Lyra observa que o setor industrial praticamente já superou o período pós-pandemia. “Assim como em todo o estado, isso se deve às iniciativas do governo, incluindo obras estruturantes para infraestrutura modal e logística, além dos incentivos fiscais, que têm contribuído positivamente para essa recuperação”, avalia.
Para o setor industrial do Nordeste, o ritmo de recuperação pós-pandemia é inferior ao do desempenho nacional, evidenciando a necessidade de um maior estímulo local. No entanto, as perspectivas são promissoras, com investimentos estratégicos em áreas como energias limpas — destacando-se o hidrogênio verde —, o setor automotivo, especialmente em veículos híbridos e elétricos, e o Complexo Industrial da Saúde. Esses investimentos sinalizam um fortalecimento da indústria regional já para o próximo ano.
A Fiea tem acompanhado essa evolução nos setores mencionados, destacando sua contribuição para o adensamento da cultura do eucalipto em áreas disponíveis da cana, além de servir como fonte de biomassa e matéria-prima para a indústria de transformação, construção civil e agronegócio. “Participamos das principais discussões com os setores produtivos locais, o governo do Estado e a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Um exemplo marcante da atuação da FIEA é a chegada da Veólia, que fornece vapor de biomassa, contribuindo para a redução do custo operacional de energia da Braskem e de outras indústrias no Polo Multifabril de Marechal Deodoro”, comenta o presidente da Federação.
Análise do comportamento regional em 2024
O Nordeste registrou a menor taxa positiva do país, com 1,2%, devido à retração da indústria extrativa (-14,7%), que impediu um desempenho mais robusto. Em contrapartida, a indústria de transformação cresceu 1,9%.
A indústria extrativa foi afetada por quedas na produção de petróleo bruto, gás natural, minério de cobre e sal. Por outro lado, a indústria de transformação expandiu em 11 das 14 atividades analisadas, destacando-se na produção de borracha e plástico (10,4%), produtos de metal (23,1%) e bebidas (8,1%). A maior queda ocorreu na metalurgia (-10,5%), uma atividade de peso relevante na indústria regional.
Segundo a sondagem da Confederação Nacional da Indústria – CNI, o Nordeste mostra sinais de fortalecimento, com aumento no número de empregos e na utilização da capacidade instalada (UCI), que subiu para 72%, superando a média histórica. As expectativas para os próximos meses são otimistas em relação à demanda, exportação, aquisição de matérias-primas e emprego. Além disso, a previsão de investimentos nos próximos seis meses é positiva, indicando um cenário favorável para o crescimento em inovação e infraestrutura.
Com a confiança dos empresários nordestinos em alta e expectativas positivas para o setor industrial em 2024, a Fiea oferece apoio às empresas locais.
De acordo com Lyra a Fiea tem investido fortemente em inovação e pesquisa, estreitando relações com agentes financeiros como o BNB e o governo do Estado, alinhado com os programas defendidos pela CNI, voltados para o reequipamento industrial e a Nova Indústria Brasil (NIB), um importante instrumento de política industrial. Além disso, o Senai tem identificado as principais demandas do setor, oferecendo soluções e recursos técnicos por meio do Observatório da Indústria Fiea.