O Governo Federal está reforçando os investimentos em rodovias, malha ferroviária e transporte sobre trilhos no Nordeste. A região receberá R$ 27 bilhões do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com 125 dos 302 empreendimentos ferroviários e rodoviários previstos no Brasil localizados nos estados nordestinos.
Simultaneamente, o governo conclui os ajustes no Plano Nacional de Ferrovias, que prevê a concessão de novos trechos ferroviários, beneficiando as regiões Sudeste, Norte e Nordeste. O pacote de concessões, que será anunciado pelo Ministério dos Transportes, contemplará cerca de 4.700 quilômetros de ferrovias para a iniciativa privada, com o objetivo de ampliar a capacidade logística e fomentar o crescimento econômico.
Além das ferrovias, o Nordeste conta com 101 projetos rodoviários em andamento no PAC, envolvendo reformas, duplicações e sinalizações de rodovias, em diferentes fases de execução, estudo e planejamento. Os detalhes de cada estado e rodovia estão nos documentos técnicos do programa.
No setor ferroviário, a Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário (SNTF) continua desenvolvendo o Plano Nacional de Ferrovias, cujo anúncio oficial ainda está por ocorrer. Assim, os dados consolidados dos projetos ferroviários serão divulgados à medida que o planejamento avança.
Em entrevista ao Investindo Por Aí, o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, enfatiza a importância das obras ferroviárias e rodoviárias no Nordeste para o desenvolvimento da região e do país. Ele destaca que os projetos são essenciais para a melhoria da logística, redução dos custos de transporte e aumento da competitividade dos produtos nordestinos no mercado nacional e internacional. Além disso, essas obras gerarão milhares de empregos diretos e indiretos, impulsionando a economia local.
“Nosso compromisso é garantir que cada real investido gere melhorias reais para a população e para o setor produtivo. O Nordeste tem grande potencial e necessita de uma infraestrutura moderna para crescer de forma sustentável”, afirma Santoro.
Ele salienta, ainda, os objetivos do Ministério dos Transportes em relação à malha ferroviária nordestina, enfatizando que novos projetos contribuirão significativamente para o desenvolvimento da região. “A Ferrovia Transnordestina, por exemplo, é uma prioridade. Ela avançará para conectar os estados do Piauí, Ceará e Pernambuco aos portos, facilitando o escoamento da produção. A Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) será um eixo fundamental para a conexão com o Centro-Oeste, ampliando as oportunidades de desenvolvimento. Estamos trabalhando para garantir que esses empreendimentos sejam entregues dentro do cronograma”, afirmou.
Sobre o progresso das obras rodoviárias na região, Santoro ressalta que os investimentos garantirão conforto aos usuários e fortalecerão o setor produtivo. “Os investimentos em rodovias no Nordeste são essenciais para melhorar a infraestrutura e a mobilidade. Projetos como a duplicação da BR-101 e BR-116 aumentarão a capacidade de transporte, garantindo mais segurança e eficiência. Além disso, avançamos com concessões e modernizações em trechos importantes, como a BR-324 na Bahia e a BR-230 na Paraíba, com o objetivo de reduzir os custos logísticos e impulsionar o desenvolvimento econômico regional.”
Santoro destacou ainda o esforço do governo Lula em promover obras estruturantes para o Brasil, com especial atenção ao Nordeste. Em apenas dois anos (2023 e 2024), o governo federal já superou a gestão anterior. “Estamos investindo em infraestruturas no Nordeste para impulsionar o desenvolvimento regional. A expansão ferroviária melhora a logística e o transporte de carga, enquanto as rodovias conectam regiões distantes e garantem o acesso a serviços essenciais. Esses projetos promovem inclusão social, mobilidade e oportunidades, contribuindo para um futuro mais integrado e promissor para o Nordeste e para o Brasil como um todo”, conclui.
Transnordestina
A Ferrovia Transnordestina, iniciada em 2006, é um dos principais projetos de infraestrutura do país, visando melhorar o escoamento da produção agropecuária e mineral do Nordeste para os portos de Pecém (CE) e Suape (PE). Com 1.753 quilômetros de extensão, a ferrovia foi dividida em trechos para facilitar sua execução. Atualmente, o segmento entre Eliseu Martins (PI) e o Porto de Pecém (CE) tem 64% das obras concluídas, com um investimento total de R$ 15 bilhões. A previsão é que as locomotivas entrem em operação ainda em 2025.
Outro trecho do projeto liga o Porto de Suape (PE) a Salgueiro (PE), com 520 quilômetros de extensão, dos quais 250 quilômetros são de construção nova (greenfield). O Governo Federal destinou inicialmente R$ 450 milhões pelo Novo PAC para essa etapa, com previsão de contratação das obras no segundo semestre deste ano.
Paralelamente, o Ministério dos Transportes estuda a conexão da Ferrovia Transnordestina com a Ferrovia Norte-Sul, por meio de um trecho de 620 quilômetros entre Eliseu Martins (PI) e Estreito (MA). O projeto está em fase de Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), que irá determinar os investimentos necessários para viabilizar a interligação.
Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol)
A Fiol 2, que conecta Barreiras (BA) a Caetité (BA), é uma obra pública coordenada pela Infra S.A., com previsão de conclusão para 2027. Atualmente, 70% das obras foram finalizadas, com um investimento de R$ 3,1 bilhões no Novo PAC. No trecho Ilhéus-Caetité (BA), concedido à Bafer, as obras atingiram 75% de avanço físico. A Fiol, junto com a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), formará o Corredor Leste-Oeste, interligando a produção do Centro-Oeste ao Porto de Ilhéus (BA), passando por Água Boa (MS) e Mara Rosa (GO).
Ferrovia Centro-Atlântica (FCA)
O Ministério dos Transportes também trabalha na renovação da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), cuja malha ferroviária se estende por 7,8 mil quilômetros, cruzando Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe, além do Distrito Federal. Para discutir as necessidades logísticas da região, a ANTT realizou seis audiências públicas em cidades estratégicas como Brasília, Belo Horizonte e Salvador. O governo avalia tanto a relicitação quanto a renovação da concessão, buscando um acordo vantajoso para o poder concedente.
Expansão do Transporte de Passageiros
Além das melhorias na malha ferroviária de carga, o Ministério dos Transportes estuda a implantação de três novos trens de passageiros no Nordeste. Os trechos contemplados são: Salvador (BA) – Feira de Santana (BA), com 107 km; São Luís (MA) – Itapecuru Mirim (MA), com 116 km; e Fortaleza (CE) – Sobral (CE), com 240 km. O objetivo é ampliar a mobilidade na região e fomentar o transporte ferroviário de passageiros.
Rodovias
O Governo Federal avança com projetos de concessão rodoviária para 2025, incluindo dois trechos estratégicos na região Nordeste. O primeiro corresponde à BR-116/BA/PE, que conecta o anel rodoviário de Feira de Santana (BA) a Salgueiro (PE), com uma extensão de 502 quilômetros e investimentos estimados em R$ 3,05 bilhões. O segundo trecho, da BR-116/324/BA, liga Salvador a Feira de Santana e se estende até a divisa entre Bahia e Minas Gerais, com um orçamento previsto de R$ 13,6 bilhões para seus 667 quilômetros de rodovia.
Além dessas concessões, a União segue em estudos para novos projetos a serem leiloados a partir de 2026, incluindo rodovias estratégicas no Nordeste. A expectativa é que mais de 2.000 quilômetros de rodovias federais, divididos em cinco lotes, sejam contemplados, promovendo investimentos adicionais e melhorias na infraestrutura viária da região.