O Instituto Margem Equatorial (IMEQ), a ser implantado pelo Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), marca o início de uma ambiciosa iniciativa para transformar o Norte e Nordeste brasileiros em um polo de inovação energética. A cerimônia de inauguração do projeto aconteceu na última segunda-feira (26), no Amapá, dando início às obras de uma infraestrutura voltada ao avanço de tecnologias sustentáveis.
A região da Margem Equatorial brasileira, que abrange cerca de 38,6% do litoral do país, inclui os estados nordestinos do Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão, além do Pará e Amapá na região amazônica. Cada uma dessas áreas possui um potencial significativo para a geração de energias renováveis. O Rio Grande do Norte, por exemplo, já lidera a geração eólica terrestre no país e se destaca como uma das regiões mais promissoras para o desenvolvimento de complexos eólicos offshore.
O Instituto está sendo construído com um investimento total de R$ 14,3 milhões, financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e por emendas parlamentares do senador Davi Alcolumbre. Localizado em Santana, na região metropolitana de Macapá, o IMEQ tem sua inauguração prevista para 2025, coincidente com a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em Belém, no Pará.
Rodrigo Mello, diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, ressaltou que o Instituto Margem Equatorial foi projetado para atrair parcerias estratégicas e fomentar o desenvolvimento regional, com foco na geração de energia a partir dos recursos naturais disponíveis na região. “O objetivo é maximizar o aproveitamento das condições naturais, minimizando os impactos ambientais e, ao mesmo tempo, gerando riqueza para a região”, afirmou.
Colaborações fortalecem ecossistema de inovação
O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) já mantém colaborações com diversas instituições no Brasil e no exterior, e o Instituto Margem Equatorial (IMEQ) fortalecerá ainda mais esse ecossistema de inovação. Antônio Medeiros, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento do ISI-ER, destaca que o IMEQ servirá como um ponto de integração para todos os estados da Margem Equatorial, promovendo uma cooperação que transcende fronteiras regionais. “A ideia é unir forças e potencializar o desenvolvimento econômico e ambiental de toda a região, sem criar uma competição desnecessária entre os estados”, afirma Medeiros.
O modelo de operação “multi-institucional” do IMEQ permitirá a colaboração entre universidades, institutos de pesquisa e empresas interessadas em investir em tecnologias sustentáveis. “Estamos criando uma plataforma onde ideias, experiências e inovações possam convergir, gerando soluções que atendam tanto às demandas locais quanto às necessidades do setor energético global”, conclui Medeiros.
Como já foi mencionado, o Instituto Margem Equatorial não se limita apenas a aproveitar os recursos naturais da Amazônia; ele também desempenha um papel crucial na capacitação de profissionais para a nova indústria de energia offshore.
Formação e capacitação para a indústria offshore
O SENAI do Rio Grande do Norte também está atuando na capacitação de profissionais para atender às demandas da indústria de energia eólica offshore. “Estamos desenvolvendo conteúdos específicos para cursos de energia eólica, adaptados ao ambiente marinho. Nossa parceria com a Maersk Training está sendo fundamental nesse processo, pois estamos aproveitando a experiência europeia em operações offshore para criar produtos educacionais de alta qualidade”, comenta o diretor.
Mello ainda enfatizou a importância da integração com as comunidades costeiras, especialmente pescadores, na formação de mão de obra qualificada para o setor offshore. “Profissionais como pescadores, que já possuem conhecimento prático do mar, serão capacitados para desenvolver habilidades necessárias para trabalhar na indústria offshore. Esta é uma oportunidade de melhorar a qualidade de vida dessas comunidades, oferecendo empregos com remuneração e segurança superiores à média do setor industrial no Brasil”.
Antônio Medeiros, por sua vez, acrescenta que “não haverá grandes dificuldades na formação dessas pessoas, uma vez que partimos das necessidades do perfil profissional, levando em consideração as características culturais e educacionais das comunidades locais. O SENAI está preparado para oferecer os cursos necessários para formar os profissionais que essa nova indústria exige”.
Desafios técnicos e ambientais na margem equatorial
No entanto, há desafios técnicos e ambientais a serem enfrentados na implementação de projetos de energia eólica offshore na Margem Equatorial, especialmente nos estados do Nordeste.
Mariana Torres, pesquisadora do ISI-ER destaca que um dos maiores desafios é a ausência de dados críticos para o mapeamento das melhores áreas para a instalação de projetos offshore. “Faltam informações essenciais, como a localização de áreas de pesca, mapeamento de recifes de corais e dados oceanográficos que mostrem o comportamento das ondas, correntes e marés, além das características do substrato marinho”, complementa.
Para enfrentar essas lacunas, o ISI-ER está conduzindo projetos como o mapeamento do potencial eólico da Margem Equatorial Brasileira. “Este projeto será inédito e trará dados detalhados do recurso eólico offshore para toda a Margem”, explicou Marina. Além disso, o Instituto cadastrou um pedido de licenciamento ambiental ao Ibama para instalar a primeira planta-piloto de energia eólica offshore do Brasil, que funcionará como uma área de pesquisa para trazer ao país respostas fundamentais para a expansão desse setor.
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Rodrigo Mello complementou a fala de Torres, destacando que “a instalação desta planta-piloto é um passo decisivo para o desenvolvimento de tecnologias eólicas offshore no Brasil. Estamos criando as bases para uma nova fronteira energética, que terá um impacto profundo na matriz energética nacional”.