O mercado imobiliário do Ceará alcançou resultados históricos em 2024, impulsionado pelo programa Minha Casa, Minha Vida e pela forte demanda por imóveis de luxo. O setor encerrou o ano com movimentação recorde de R$ 8 bilhões em vendas, consolidando o estado como líder do segmento no Nordeste.
Caucaia, município da região metropolitana, surpreendeu ao comercializar 2 mil unidades até novembro, aproximando-se do patamar histórico de Fortaleza, que costumava vender cerca de 2,4 mil unidades anualmente. Segundo o Sinduscon-CE, estes números são expressivos e demonstram a expansão do mercado para além da capital.
O presidente do Sinduscon-CE, Patriolino Ribeiro, em entrevista no programa Conexão Verdinha, da Verdinha FM 92.5 e da TV Diário, atribui os resultados inéditos à estabilidade econômica e às iniciativas públicas e privadas de acesso ao crédito habitacional. Além de Fortaleza, que continua sendo o principal polo do setor, cidades como Eusébio, Maracanaú e Aquiraz ganharam destaque por oferecerem infraestrutura crescente, proximidade da capital e melhor qualidade de vida.
Um fator determinante para o aquecimento do mercado foi o programa Minha Casa, Minha Vida, que alcançou orçamento recorde de R$ 127,6 bilhões em 2024. No Ceará, o programa federal ganhou ainda mais força com o complemento do programa estadual Entrada Moradia Ceará, que oferece subsídio de R$ 20 mil para o pagamento da entrada do imóvel nas faixas 1 e 2 do MCMV, beneficiando famílias com renda mensal de até R$ 4.400.
O programa estadual já resultou em 3 mil contratos assinados dos 10 mil disponíveis até dezembro, e conta com mais de 5.800 unidades cadastradas em diferentes cidades do estado, incluindo Aquiraz, Caucaia, Eusébio, Fortaleza, Horizonte, Itaitinga, Juazeiro do Norte, Maracanaú, Pacatuba e São Gonçalo do Amarante.
De olho no futuro
Para 2025, o setor enfrenta um cenário mais desafiador devido ao aumento na taxa básica de juros (Selic). O Banco Central projeta que a taxa alcance 15% até o final do ano, o que pode impactar negativamente a contratação de financiamentos imobiliários.
O segmento mais afetado deve ser o da classe média, já que compradores de alto padrão são menos sensíveis às variações de preço, e o segmento econômico conta com maiores subsídios governamentais. Além disso, as recentes mudanças nas regras de financiamento da Caixa Econômica Federal, que passou a exigir entrada de 30% para imóveis de até R$ 1,5 milhão, podem contribuir para um desaquecimento do mercado.
Apesar dos desafios, Patriolino Ribeiro mantém a perspectiva positiva, destacando a confiança do consumidor e a manutenção dos programas habitacionais como fatores que devem manter o setor resiliente.
A baixa taxa de desemprego e a melhoria salarial de alguns grupos são apontadas como elementos que podem sustentar a demanda por imóveis em 2025, mesmo que em um ritmo menor que o observado em 2024. O déficit habitacional ainda significativo no estado e a continuidade prevista do Programa Entrada Moradia pelo governo estadual também são fatores que podem contribuir para manter o mercado aquecido no próximo ano.