Os recifes de corais da Costa dos Corais, que se estendem entre Alagoas e Pernambuco, enfrentam uma mortalidade alarmante, com áreas de recifes rasos perdendo até 80% de sua biodiversidade. O aquecimento global, a poluição e o turismo desordenado são os principais responsáveis pela degradação desse ecossistema vital, afetando a pesca e o turismo, que sustentam a economia local. Em meio a esse cenário crítico, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) tem intensificado esforços para mitigar os danos, e a Biofábrica de Corais surge como uma inovação promissora para regenerar os recifes e restaurar a biodiversidade perdida.
Em entrevista ao Investindo por Aí, Ricardo César, coordenador de Gerenciamento Costeiro do IMA, destacou o impacto do turismo e das atividades humanas na degradação dos recifes e a necessidade de medidas urgentes de preservação. “O IMA tem trabalhado em diversas frentes para proteger a Costa dos Corais, mas a colaboração de turistas, pescadores e moradores é essencial para a conservação de nossa biodiversidade marinha”, afirmou César.
Impactos visíveis e desafios para a conservação
A região da Costa dos Corais abriga a segunda maior barreira de corais do mundo, mas os efeitos do aquecimento global têm sido devastadores. A elevação da temperatura das águas do oceano tem causado o fenômeno do branqueamento dos corais, onde os organismos perdem sua coloração e se tornam mais suscetíveis a doenças. Esse processo não apenas prejudica a biodiversidade marinha, mas também compromete atividades econômicas essenciais, como a pesca e o turismo, que dependem dos recifes para sua sustentabilidade.
Ricardo César alertou para o aumento da temperatura da água como um dos maiores vilões para os recifes: “Temos observado um aumento considerável da mortalidade dos corais, especialmente em áreas de recifes rasos, onde a temperatura elevada das águas é mais intensa.”
Ações de preservação e regeneração
O IMA tem investido em várias ações para proteger e restaurar os corais, como a criação de zonas de exclusão, onde a atividade humana é restrita para permitir a recuperação dos ecossistemas. Além disso, projetos de educação ambiental, como o “Conduta Consciente em Ambientes Recifais”, têm sido implementados para sensibilizar turistas e moradores sobre as boas práticas que podem ajudar a reduzir os danos aos recifes.
“Não podemos esperar que os corais se regenerem sozinhos. Precisamos de uma atuação conjunta, com o poder público, as comunidades e os turistas, para reverter o cenário de destruição e garantir que as futuras gerações possam desfrutar da biodiversidade marinha de nossa região”, afirmou o coordenador do IMA.
Biofábrica de Corais: uma solução inovadora
Em paralelo aos esforços do IMA, há a Biofábrica de Corais, que deu seus primeiros passos em 2016 como parte da tese de doutorado de Rudã Fernandes na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em 2021, a iniciativa deu um salto ao se transformar em uma startup incubada no Polo Tecnológico e Criativo da UFPE, na área de Biotecnologia, unindo ciência e empreendedorismo em prol da regeneração de recifes de corais.
A startup pioneira em biotecnologia marinha, tem trabalhado ativamente para restaurar os recifes da região. A Biofábrica realiza a coleta de corais adoecidos e seu cultivo em berçários submersos, antes de replantá-los em áreas de recifes degradados. Com o uso de tecnologia de ponta, a iniciativa promete um avanço significativo na restauração da biodiversidade marinha.
“Estamos combinando ciência e inovação para promover a regeneração dos recifes. Nosso trabalho na Biofábrica de Corais tem o potencial de recuperar áreas importantes da Costa dos Corais e devolver vida ao nosso ecossistema marinho”, disse Rudã Fernandes, CEO da startup.
A Biofábrica de Corais também tem incentivado o turismo regenerativo, permitindo que os visitantes participem do processo de restauração dos recifes. Além disso, a empresa oferece o programa “Adote um Coral”, no qual as pessoas podem apoiar diretamente a regeneração dos recifes e acompanhar o crescimento dos corais transplantados.
Colaboração e sustentabilidade: o caminho para o futuro
As ações de preservação e regeneração da Costa dos Corais dependem de uma abordagem colaborativa. O IMA, a Biofábrica de Corais e outros parceiros têm se unido para formar uma rede que envolve pescadores, empresários e a comunidade local, todos com o mesmo objetivo de preservar os recifes e restaurar o equilíbrio ambiental da região.
Ricardo César destacou que, sem a participação ativa da sociedade, as ações de preservação não terão o impacto desejado. “É preciso que todos entendam que a preservação da Costa dos Corais é uma responsabilidade de todos. Só com a colaboração de todos os envolvidos poderemos reverter a situação atual”, reforçou.
O futuro dos corais da Costa dos Corais, um dos ecossistemas mais ricos e importantes do mundo, está em jogo. Mas iniciativas como as do IMA e da Biofábrica de Corais oferecem esperança para a recuperação dessa biodiversidade vital. Com inovação, educação e a colaboração de todos, é possível reverter o processo de degradação e garantir que as futuras gerações possam continuar a desfrutar das riquezas naturais dessa região.