Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
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12 de setembro de 2024 20:43

Nordeste é única região do país onde o preço da cesta básica baixou

Nordeste é única região do país onde o preço da cesta básica baixou

Economista aponta melhores desempenhos na safra para explicar queda nos preços
Imagem: Reprodução

A cesta básica, calculada pelo Dieese em 17 capitais, é essencial para acompanhar a evolução dos preços dos alimentos básicos. No Nordeste, cerca de 63% dos trabalhadores ganham até 2 salários mínimos e 75% até 3, conforme a Rais de 2022. Nessas famílias, os gastos com alimentos, habitação e transporte consomem a maior parte da renda. Quatro produtos representam 70% do valor total da cesta: carne, tomate, pão e banana.

Atualmente, o Nordeste possui a cesta básica de menor valor entre as regiões do Brasil. Em junho de 2024, a cesta básica no Nordeste custava R$625,45. As informações são do último informe macroeconômico do Banco do Nordeste.

Valor da cesta básica em cada região para o mês de junho

Variações nos preços das capitais nordestinas

Fortaleza registrou a cesta básica mais cara da região, R$ 697,32, 11,5% acima da média regional e 24,1% maior que a de Aracaju, a mais barata. Em junho, seis capitais do Nordeste tiveram reduções nos preços das cestas:

  • Salvador: -1,58%
  • Natal: -6,38%
  • Recife: -5,75%
  • João Pessoa: -3,76%
  • Fortaleza: -1,77%
  • Aracaju: +3,04%

As principais reduções foram nos preços do tomate (-13,6%), carne (-1,3%) e banana (-2,6%), que juntas representaram quase toda a redução na cesta básica nordestina. Em contrapartida, houve aumentos no café (+8,5%) e leite (+6,0%).

No acumulado do ano, até junho de 2024, todas as regiões registraram aumentos nas cestas básicas. A média brasileira cresceu 8,66%, enquanto no Nordeste o aumento foi de 9,35%. Esses aumentos superaram a variação do IPCA, que foi de 2,82% no Nordeste e 2,51% no Brasil.

Variação de preços em 12 meses

Nos últimos doze meses, o Nordeste teve a menor variação (+0,78%) comparada com outras regiões. A maior variação foi no Sudeste (+7,34%). O aumento de preços na cesta básica nordestina foi impactado principalmente pelos aumentos no tomate (+50,7%), arroz (+17,8%) e banana (+20,9%), enquanto a carne apresentou redução (-1,0%).

Apesar das variações, a cesta básica no Nordeste continua sendo a de menor valor no país, refletindo as particularidades econômicas da região e a alta dependência de itens básicos como carne, tomate, pão e banana. As variações nos preços destes produtos são fundamentais para entender a dinâmica do custo de vida para os trabalhadores nordestinos.

Economista destaca melhores desempenhos nas safras

Em entrevista ao Investindo por aí, o economista Cícero Péricles explicou que a queda dos preços na cesta básica no Nordeste, no primeiro semestre deste ano, decorre de diversos fatores.

“Primeiro vem da redução nos preços dos produtos agrícolas que estão tendo melhores desempenhos nas suas safras regionais, como o tomate, banana, feijão, carne e muitos outros itens agrícolas que, mesmo não fazendo parte do levantamento do custo da cesta básica, influenciam as despesas familiares com alimentação, que representa uma grande parte do orçamento doméstico dos nordestinos. Esses produtos, no segundo semestre do ano passado, alcançaram preços elevados em função da quebra de safras decorrentes dos efeitos climáticos, sejam as ondas de calor e falta de chuvas, em algumas áreas do Nordeste; ou chuvas inesperadas seguidas de enchentes e ondas de frios no Sul e Sudeste”, aponta o especialista.

Cícero Péricles | Foto: Reprodução Bienal do Livro

Cícero explica ainda que “o fenômeno climático e suas quebras ou atraso nas safras influenciam o mercado das hortaliças,como tomate e cebola, assim como os mercados de frutas ou cereais que estão unificados pelo abastecimento articulado entre as regiões.”

“O mercado de alimentos é nacional porque os preços se interconectam, influenciando tanto os estados produtores como os estados consumidores. Os preços dos produtos agrícolas foram os que mais subiram no ano passado, pela influência negativa do clima assim como pelas entressafras de cada produto. Como o Nordeste importa grande parte do que consome dos maiores centros produtores, do Sudeste e Centro-Oeste, os preços sofrem esses aumentos. Importamos produtos e os preços.”

Outro fator que influenciou a queda de preços, segundo Cícero Péricles, “foi a redução dos preços do trigo importado que termina por participar dos preços finais de produtos como pão, bolachas, biscoitos; assim como alguns outros produtos nacionais de exportação, as “commodities” que tiveram queda de preços, como a soja e o milho, influenciando os preços de seus derivados no mercado interno.”

“O terceiro elemento dessa redução de preços no semestre foi a influência da estabilidade nos preços dos combustíveis, definidos nacionalmente, mas que têm um peso maior aqui na região porque a renda é a menor entre as cinco regiões. A gasolina, o óleo diesel e o etanol mantiveram seus preços relativamente estáveis nos seis primeiros meses impactando, de forma positiva, no custo final dos alimentos, que dependem, na sua distribuição e comercialização, desde os locais de produção para os pontos de vendas, das redes de transporte que utilizam esses combustíveis”, explicou o economista.

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