A agricultura familiar brasileira vive um novo momento de fortalecimento. Lançado nesta segunda-feira (30), em Brasília, o Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/2026 prevê a destinação de R$ 89 bilhões em crédito para o setor — um aumento de 17% em relação ao ciclo anterior. O Banco do Nordeste (BNB), principal operador do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) na região, será responsável pela aplicação de R$ 10,2 bilhões, sendo R$ 486 milhões apenas para o estado de Alagoas.
Durante a cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou o papel do crédito na transformação da vida no campo. “Nosso papel é fazer com que as pessoas tenham a oportunidade de alcançar seus objetivos e que mais recursos cheguem a todos”, afirmou. Para o presidente do BNB, Paulo Câmara, a ampliação dos recursos demonstra o alinhamento da instituição com a política pública de inclusão produtiva e desenvolvimento sustentável. Segundo ele, o montante representa um crescimento de 120% em relação ao último Plano Safra da gestão anterior.
Atuando em 94% dos contratos e movimentando 70% do volume financeiro do Pronaf na sua área de atuação, o Banco do Nordeste formalizou, no último ciclo, mais de 660 mil operações com agricultores familiares, somando R$ 9,6 bilhões. O programa de microcrédito rural Agroamigo foi o principal canal de acesso, com R$ 8,6 bilhões contratados.
Para 2025, o Agroamigo celebra duas décadas de atuação como referência internacional em microfinanças rurais. Criado para promover inclusão produtiva, o programa aplicou, ao longo de 20 anos, quase R$ 46 bilhões em 8,5 milhões de operações, com uma taxa histórica de adimplência de 97,5%. Atualmente, atende três milhões de clientes e tem presença em 2.070 municípios do Nordeste, com apoio de 1.480 agentes de microcrédito.
Estudos do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) apontam que o crédito aplicado pelo BNB na última safra gerou cerca de 113 mil empregos, movimentou R$ 10,5 bilhões no Valor Bruto da Produção e acrescentou R$ 4,6 bilhões à economia brasileira. Além disso, impulsionou a arrecadação tributária em R$ 502 milhões.
A mecanização da produção é uma das prioridades do novo plano. Também lançado nesta segunda, o Catálogo de Máquinas para a Agricultura Familiar oferece um portfólio de equipamentos adaptados à realidade do pequeno produtor, especialmente nos segmentos menos mecanizados, como Norte e Nordeste. A publicação é uma parceria do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) com a Embrapa, que liderou o mapeamento das necessidades dos agricultores por meio de seminários regionais.
Segundo Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, o catálogo tem como objetivo facilitar o acesso a tecnologias que aumentem a produtividade e reduzam a penosidade do trabalho no campo. “Essa iniciativa representa um passo importante para tornar a agricultura familiar mais eficiente, fortalecendo sua contribuição para a segurança alimentar e a economia do país”, afirmou.
Com 3,9 milhões de propriedades familiares no Brasil — 77% dos estabelecimentos rurais, de acordo com o IBGE —, o setor é responsável por grande parte da produção de alimentos no país. A nova edição do Plano Safra reforça, portanto, seu papel estratégico no desenvolvimento rural sustentável e na promoção da justiça social.