O Serviço Geológico do Brasil (SGB) revelou recentemente um estudo que identificou 25 áreas potenciais e 53 novas ocorrências de rochas ornamentais na Paraíba, localizada na Província Borborema. Entre os minerais mapeados destacam-se o Azul Sucuru, a Amazonita e quartzitos exóticos, materiais amplamente utilizados em projetos arquitetônicos de alto padrão.
A pesquisa tem como intuito atrair investimentos para o setor mineral, gerando empregos e aumentando a arrecadação estadual. “O principal objetivo deste trabalho foi apresentar alvos geológicos potenciais à extração de rochas ornamentais no estado da Paraíba, visando a ampliação e divulgação desse setor produtivo. A ação tenciona estimular o aumento da produção e a geração de riquezas minerais no estado, o que refletiria diretamente no incremento na arrecadação de impostos e no aumento de postos de trabalho no setor da mineração”, é o que afirma as geocientistas Ludmila Pereira e Angelica Lima da SGB,
O levantamento utilizou um mapa geológico preexistente para delimitar áreas com potencial mineral, seguido de análise em campo para verificar características como textura, cor, estrutura mineralógica e tipo de afloramento. Amostras foram coletadas para análises petrográficas, que resultaram na elaboração de um mapa detalhado sobre as potencialidades da região.
Conforme explicam as pesquisadoras, a Paraíba foi escolhida para o estudo devido à sua diversidade litológica, que permite a exploração de variados padrões de rochas ornamentais, atendendo tanto ao mercado nacional quanto ao internacional. O estado apresenta características favoráveis, como extensão territorial, menor distância em relação aos principais mercados compradores, disponibilidade de áreas com baixa ocupação territorial, maior exposição das rochas devido ao baixo grau de intemperismo e uma ambiência geológica propícia à ocorrência de diferentes tipos de rochas.
“Existe todo um potencial latente no estado que pode vir a ser explorado à medida que se observa uma tendência de movimento migratório dessa atividade na direção Norte e Nordeste. Vislumbra-se, então, uma lacuna de oportunidades para fortalecer a cadeia produtiva desse setor, por meio da soma de esforços público e privado, com o objetivo de torná-la mais competitiva”, garante Ludmila Pereira.
Segundo o estudo, a expectativa é de que empresas e investidores demonstrem maior interesse na exploração dessas áreas, o que deve se refletir em aumento de solicitações para pesquisas minerais e na criação de uma cadeia produtiva mais robusta.
Atualmente, os principais mercados internacionais para rochas ornamentais brasileiras são os Estados Unidos, China e Itália, seguidos por México, Reino Unido e Taiwan. Esses países valorizam materiais exclusivos e de alta qualidade, características que os minerais da Paraíba podem oferecer.
“A Paraíba possui um grande potencial para atender a demanda por materiais diferenciados no mercado internacional. A valorização da sustentabilidade e da exclusividade nos produtos é um diferencial competitivo importante”, afirmam as geocientistas Ludmila Pereira e Angelica Lima.
Incentivos e retorno econômico
Deusdete Queiroga, secretário da Secretaria de Estado da Infraestrutura, dos Recursos Hídricos e do Meio Ambiente (Seirh), destacou as políticas públicas em vigor para atrair investimentos. “O estado oferece programas de incentivos financeiros e locacionais que estimulam o setor, além de um controle rigoroso para garantir o equilíbrio entre exploração mineral e preservação ambiental”.
A Sudema, órgão ambiental da Paraíba, fiscaliza as práticas de reaproveitamento e recuperação de áreas impactadas pela mineração. “A atividade de extração de rochas ornamentais na Paraíba é de baixo impacto ambiental, com consumo reduzido de água e uso predominante de energia limpa, gerada por fontes eólicas e solares”, revela o secretário.
A cadeia produtiva de rochas ornamentais é uma das mais intensivas em mão de obra no setor mineral. Desde a extração até a aplicação na construção civil, o setor tem potencial de gerar empregos diretos e indiretos em larga escala. Os dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) mostram números expressivos de títulos minerários cadastrados, o que evidencia um interesse crescente por parte de empresários nacionais e estrangeiros no setor.
“O impacto na economia é significativo, com benefícios para comunidades locais por meio da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), que direciona 60% dos recursos arrecadados para os municípios produtores. Esses valores são aplicados em projetos locais, ampliando os efeitos positivos da mineração”, complementou Deusdete Queiroga.
Além disso, como indicado pelo secretário de Infraestrutura, toda a cadeia produtiva em torno da atividade extrativa, como os setores de comércio e serviços, e de forma mais robusta o setor imobiliário, gera oportunidades de investimentos, contribui para reduzir os custos dos imóveis e favorece a balança comercial do estado.
Já em relação à economia nacional, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) reconhece a importância estratégica do setor de rochas ornamentais. O Brasil ocupa a posição de quinto maior produtor e exportador mundial de rochas ornamentais e de revestimentos, superando diversos players europeus tradicionais.
“O setor é valorizado por sua capacidade de agregar valor aos recursos naturais do país, já que o Brasil possui uma das maiores reservas de rochas ornamentais do mundo, com ampla diversidade geológica que inclui mármores, granitos e quartzitos”, afirmam as geocientistas.
O Serviço Geológico do Brasil (SGB) ressalta que estudos sobre as rochas ornamentais são fundamentais para atrair investidores e fomentar o desenvolvimento regional. O setor é uma importante fonte de emprego, especialmente em áreas com grande diversidade geológica, mas com pouca industrialização. A identificação e valorização dos recursos naturais, bem como o desenvolvimento de infraestrutura e diversificação da economia local, são pontos-chave para fortalecer a economia do estado paraibano.
Investindo no setor de rochas ornamentais da Paraíba
O governo da Paraíba está adotando medidas estratégicas para atrair investidores internacionais para o setor de rochas ornamentais, considerando a qualidade e a diversidade das rochas presentes no estado. A expectativa é que o leilão das Portarias de Lavra do Granito Azul Sucuru, agendado para 2025, atraia investidores do setor, uma vez que a rocha já é reconhecida nos mercados nacional e internacional.
Deusdete Queiroga destacou a importância da colaboração entre os estados do Nordeste para fortalecer a região como um polo de mineração e exportação. O governo estadual está trabalhando dentro do Consórcio Nordeste para explorar o potencial mineral da região, especialmente para minerais estratégicos como lítio, manganês, tântalo e terras raras. “A transição energética global abre uma janela de oportunidade única para a criação de uma cadeia produtiva robusta no estado, atraindo investimentos significativos, gerando empregos e promovendo inovação tecnológica no setor mineral”.
Expansão do estudo e futuro do setor
Além do levantamento na Paraíba, o SGB desenvolve o Atlas de Rochas Ornamentais, que abrange também Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte. O mapeamento contribui para um maior entendimento das potencialidades da Província Borborema e pode ser ampliado conforme as demandas do setor produtivo e do poder público.
Com o Brasil sendo o quinto maior produtor e exportador de rochas ornamentais do mundo, a Paraíba desponta como uma região estratégica para alavancar a competitividade do país no mercado global. O trabalho conjunto entre governo, empresas e instituições de pesquisa promete tornar o setor de rochas ornamentais um dos pilares do desenvolvimento econômico do estado.