O Nordeste brasileiro segue se destacando como polo de inovação sustentável e aproveitamento de recursos naturais. As bebidas típicas da região sempre desempenharam um papel importante para a economia local. Na busca por sabores autênticos e utilizando ingredientes regionais e exóticos, o mercado de bebidas tem explorado cada vez mais a diversidade e o potencial do semiárido, utilizado processos sustentáveis.
Para muitas famílias, a fabricação de bebidas complementa a renda obtida com outras atividades agrícolas. O que contribui de forma importante para a economia de subsistência e para a diversificação da renda nas áreas rurais. Existe também um turismo em torno dessas produções. Durante o ano todo, viajantes visitam as pequenas fábricas e casas de produtores para degustar e comprar produtos, movimentando o comércio local e promovendo a cultura regional.
O Investindo Por Aí produziu uma série especial sobre as bebidas que estão sendo produzidas na região, e que impulsiona a economia por meio da diversidade dos recursos naturais. O mercado atende à demanda por inovação da indústria de bebidas e busca satisfazer o desejo dos consumidores de se conectar com produtos que refletem suas raízes e tradições.
Na primeira matéria da série Mercado de bebidas no Nordeste: tradição, inovação e experiência autêntica, a repórter Thayanne Magalhães fala sobre a produção de vinhos na região, métodos artesanais, importância econômica e social, e as iniciativas para que a bebida seja mais conhecida.
Descubra como essa prática enriquece a cultura, a economia e o turismo da região. A próxima reportagem, vai abordar a produção de cerveja feita de caju.
O turismo de vinhos, conhecido como enoturismo, vem ganhando força em Pernambuco, impulsionado pelas características únicas das regiões do Vale do São Francisco e do Agreste. De acordo com o secretário de Turismo e Lazer do estado, Paulo Nery, o governo estadual está negociando uma parceria com o consulado argentino para o intercâmbio de tecnologia e informações, além do desenvolvimento de uma rota enoturística em colaboração com a região de Mendonza, na Argentina.
“Estamos focados em expandir esse segmento e fortalecer nossa conexão com mercados internacionais, como a Argentina, que possui vasta expertise na área”, afirmou o secretário em entrevista ao Investindo Por Aí.
O enoturismo, que integra a produção agrícola, cultura e lazer, já desponta como um dos pilares da diversificação turística de Pernambuco. “Essa modalidade não só atrai visitantes como também impulsiona o desenvolvimento econômico regional, especialmente no Agreste e no Vale do São Francisco, onde as condições climáticas e o solo favorecem a produção de uvas de alta qualidade”, destacou Paulo Nery.
Agreste e Vale do São Francisco como protagonistas
No Vale do São Francisco, municípios como Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista são reconhecidos pela produção de vinhos e espumantes, com vinícolas que oferecem visitas guiadas e degustações. Já no Agreste, cidades como Garanhuns, Gravatá, Camocim de São Félix e Bonito estão se firmando como novos polos enoturísticos, atraindo cada vez mais visitantes.
“A combinação de altitude, exposição solar variada e microclimas únicos do Agreste proporciona uvas de qualidade excepcional, que se traduzem em vinhos diferenciados”, explicou Mairon Moura, professor e pesquisador, em entrevista ao Jornal Nacional. O crescimento do setor é visível: enquanto há quatro anos existia apenas uma vinícola na região, hoje são seis, com produções que chegam a 20 mil garrafas anuais em algumas propriedades.
Impacto econômico e cultural
Além de movimentar a economia, o enoturismo transforma a dinâmica social das cidades envolvidas. A colheita média em Garanhuns, por exemplo, é de 10 toneladas de uvas tintas por hectare e sete toneladas de uvas brancas, com variedades europeias como Sauvignon Blanc, Viognier, Cabernet Sauvignon e Malbec.
Lucimario Paulino, sommelier, reforça o impacto positivo na região. “É uma área que se adaptou muito bem ao cultivo da uva. Consequentemente, vai produzir grandes vinhos e impulsionar tanto o comércio local quanto restaurantes e lojas especializadas”, declarou ao Jornal Nacional.
Para Paulo Nery, o turismo de experiência em Pernambuco tem um papel essencial na diversificação da oferta turística. “O enoturismo complementa outras modalidades já consolidadas no estado, como o turismo de aventura e religioso, posicionando Pernambuco como um destino completo”, afirmou.
Enoturismo e paisagens deslumbrantes
A integração entre o enoturismo e a beleza natural do Agreste é um diferencial. Em Bonito, conhecida por suas cachoeiras, vinhedos vêm ganhando espaço, enriquecendo a experiência dos visitantes. “Bonito é realmente muito bonito. É uma região rica em natureza, e o enoturismo veio somar a essa experiência única”, comentou Zinedja França, sommelier de uma das vinícolas locais, ao Jornal Nacional.
Os turistas também aprovam a iniciativa. “Achei incrível toda a estrutura e os pontos de degustação. Foi uma experiência maravilhosa”, disse a maquiadora Jaqueline França, entrevistada pelo Jornal Nacional ao visitar uma vinícola no Agreste.
Com ações estratégicas e investimentos no setor, Pernambuco se destaca como um destino promissor para o enoturismo, unindo tradição, inovação e paisagens deslumbrantes que encantam visitantes do Brasil e do exterior.