O Porto do Recife manteve um movimento intenso nas atividades de 2024. Esse crescimento representa uma retomada significativa de seu fortalecimento na posição de hub logístico de extrema importância para economia pernambucana. Com volumes recordes ao longo do ano, a expectativa é que ao fim deste ano, feche com aumento de 30% no volume das movimentações, tendo o açúcar como destaque de cargas em geral e graneis sólidos.
Em entrevista exclusiva ao Investindo por aí, o presidente do Porto do Recife, Delmiro Gouveia, que assumiu a missão de administrar o ancoradouro recifense há um ano e meio, afirma que o açúcar é o protagonista desse bom desempenho. “O açúcar em 2024 tem puxado nossos resultados, temos registrado movimentações recordes desse produto”, comenta Delmiro Gouveia.
Segundo dados do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), em 2023, foram exportados um total de 319.026 toneladas de açúcar, entre a granel e ensacado pelo Porto do Recife. Para este ano, a projeção é de que 468.271 toneladas sejam exportadas, o que aponta um crescimento de 46,8% em relação ao ano anterior.
“O Porto do Recife é muito bem dotado de infraestrutura logística para os graneis. E assim, historicamente, sempre escoa o açúcar a granel, não só de Pernambuco, mas da Paraíba e também do Rio Grande do Norte. Além disso, a estrutura para o embarque de açúcar ensacado também é eficiente. É um Porto que tem essa vocação de embarque do açúcar a granel e ensacados e que vem apresentando uma organização que permite o diálogo e a fluidez dos embarques dentro de sua área primária”, comenta o presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha.
“O açúcar faz parte da alimentação de muitos países, que em função de instabilidades e conflitos têm feito estoques estratégicos do produto. Além disso, as taxas cambiais aqui vêm valorizando as exportações do produto”, complementa Cunha.
Projeções para 2025
Além do açúcar, Delmiro afirma que outros tipos de cargas devem alavancar ainda mais as movimentações do Porto do Recife, no próximo ano. Ele cita como exemplos as expansões das empresas Liquiport e Fertine, de malte e fertilizantes, respectivamente, no ancoradouro recifense.
A Liquiport, que opera no Porto do Recife desde 2022, arrematou, em agosto passado, no 1º Leilão Portuário de 2024, por uma outorga de R$50 mil, uma área de cerca de 7 mil m². Estima investir R$50,9 milhões na infraestrutura da área e construção de silos e com isso, ter capacidade de operacionalizar 55 mil toneladas a partir do próximo ano.
“Temos boas expectativas em relação ao malte – que aumentará sua operação com os novos silos implantados pela Liquiport com o objetivo de abastecer o polo cervejeiro”, afirma Delmiro. Ele também se diz otimista com a expansão da Fertine, que está investindo cerca de R$100 milhões pelos próximos 18 meses, de uma área de 13 mil m² para 33 m² no porto recifense.
Aumento do calado
Em maio deste ano, o Governo Federal, por meio do ministério de Portos e Aeroportos, garantiu investimento de R$120 milhões para ampliar o calado do Porto do Recife. Segundo Delmiro Gouveia, após os recursos serem anunciados, falta a assinatura do Termo de Compromisso para iniciar o processo licitatório, que ainda não tem data prevista.
“Com as obras finalizadas, vamos aumentar o calado, que hoje está entre 9 e 10 metros, para pelo menos 12 metros, permitindo que navios de grande porte atraquem no nosso canal, garantindo uma maior competitividade”, conclui o presidente do Porto do Recife, Delmiro Gouveia.