A construção de cinco megatorres de luxo na orla de Cruz das Almas, em Maceió, está no centro de um debate sobre os impactos ambientais e urbanísticos do projeto. O empreendimento, liderado pela Record Construtora e pelo grupo Lundgren, prevê edificações de 15 andares em uma área onde atualmente funciona o Hotel Jatiúca, próximo à Lagoa da Anta. Estimativas do setor imobiliário apontam que o Valor Geral de Vendas (VGV) do projeto ultrapassa R$ 1,5 bilhão.
O projeto inclui um edifício comercial, um hotel, uma torre residencial de alto padrão e duas torres de apartamentos studio com unidades entre 40 e 60 metros quadrados. Contudo, preocupações sobre o impacto ambiental e a mobilidade urbana levaram a Câmara Municipal de Maceió e a Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) a propor audiências públicas para discutir a viabilidade do empreendimento.
Debate político e ambiental
O vereador Allan Pierre (MDB) defendeu a necessidade de uma audiência pública para ouvir a Prefeitura de Maceió, a construtora, o Ministério Público Estadual, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea/AL), o Instituto do Meio Ambiente (IMA), o Ibama, o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), a OAB/AL e representantes da sociedade civil.
Para ele, a expansão imobiliária é bem-vinda, mas precisa ser avaliada quanto aos impactos urbanos e ambientais. Pierre sugere que, caso o Hotel Jatiúca seja desativado, a área da Lagoa da Anta possa ser convertida em um parque público. “Temos poucos espaços verdes. Precisamos considerar o impacto econômico, a mobilidade e a preservação ambiental. Isso deve ser debatido com a sociedade”, pontuou.
Na Assembleia Legislativa, o deputado Leonam Pinheiro, presidente da Comissão de Meio Ambiente, convocou uma audiência para 10 de março para discutir a preservação da Lagoa da Anta. “Nosso objetivo é buscar um denominador comum para evitar prejuízos ambientais. A Lagoa da Anta é a última lagoa urbana de Maceió, um espaço de convívio essencial”, destacou Pinheiro. O parlamentar também alertou para o risco de supressão das matas ciliares ao redor da lagoa, o que poderia configurar crime ambiental.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Alagoas (CAU/AL) enviou um ofício à Superintendência do Patrimônio da União (SPU/AL) cobrando a implantação do Comitê Gestor do Projeto Orla. Previsto pelo Plano de Gestão Integrado da Orla (PGI Maceió), esse comitê tem como função avaliar projetos urbanísticos e ambientais na cidade, mas segue inativo desde agosto de 2023.
O projeto das megatorres segue em discussão e deve ser um dos temas centrais das audiências previstas para março. A sociedade civil e especialistas aguardam definições que equilibrem desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental na capital alagoana.