Uma startup alagoana promete transformar a forma como profissionais da saúde e do esporte avaliam o movimento corporal. A empresa OTIMIZE está desenvolvendo um aparelho portátil de baixo custo que utiliza sensores inerciais para detectar distúrbios de mobilidade e melhorar o desempenho atlético. O projeto conta com o apoio financeiro do Banco do Nordeste (BNB), por meio da linha de crédito FNE Startup.
O equipamento funciona com sensores de Unidades de Medida Inercial (IMU), a mesma tecnologia empregada em sondas espaciais e aeronaves não tripuladas. Esses sensores, acoplados a braçadeiras utilizadas por pacientes ou atletas, se comunicam com um aplicativo, permitindo uma análise precisa e em tempo real dos movimentos. O diferencial está no custo: o dispositivo custará cerca de 10% do valor de tecnologias similares atualmente no mercado, o que pode ampliar o acesso de clínicas, centros esportivos e hospitais à ferramenta.
Segundo o fisioterapeuta e doutor em Reabilitação do Desempenho Funcional Natanael Teixeira, fundador da OTIMIZE, a inspiração para o projeto surgiu durante seu doutorado, ao trabalhar com atletas profissionais e constatar a complexidade e o alto custo dos equipamentos de avaliação disponíveis. “Muitas vezes, todo o esforço e estrutura para uma análise eram desproporcionais ao tempo de execução da ação avaliada. Isso me levou a buscar uma solução mais prática e acessível”, afirma.
Com cerca de 90% do desenvolvimento concluído, a startup está finalizando a integração entre hardware e software. A expectativa é que o produto esteja pronto para comercialização em janeiro do próximo ano. O kit incluirá sensores, braçadeiras, carregadores e um tablet com o aplicativo pré-instalado. Após o uso, o sistema gera automaticamente um relatório em PDF com os resultados da avaliação.
O gerente do BNB em Maceió, Eduardo Baracho, destaca o potencial de impacto da iniciativa. “Trata-se de uma tecnologia com aplicação direta e ampla, que pode beneficiar desde clínicas de reabilitação até grandes equipes esportivas. Além disso, democratiza o acesso a recursos antes restritos a grandes centros e orçamentos elevados.”
Os sensores permitem avaliações em ambientes abertos ou fechados, sem a necessidade de fios ou infraestrutura especial. Eles podem ser usados por fisioterapeutas, neurologistas, ortopedistas, educadores físicos e outros profissionais da área de saúde. A tecnologia também tem aplicação promissora na saúde ocupacional, possibilitando diagnósticos e ações preventivas em ambientes corporativos.
O projeto foi viabilizado com financiamento do programa FNE Startup, voltado a empresas emergentes com base tecnológica. A linha de crédito tem como objetivo fomentar o empreendedorismo e atrair inovação para a região Nordeste.
Para participar do programa, é necessário fazer um cadastro no site do BNB, preencher um questionário específico sobre a startup e agendar atendimento com um gerente. “O FNE Startup é um instrumento essencial para tirar ideias do papel e impulsionar a economia da inovação no Nordeste”, conclui Baracho.