O Complexo Industrial Portuário de Suape registrou um crescimento de 5,2% na movimentação de cargas nos primeiros dez meses de 2024, em comparação ao mesmo período de 2023. No total, foram movimentadas cerca de 21 milhões de toneladas, com destaque para o mês de agosto, que atingiu aproximadamente 2,7 milhões de toneladas. O número de atracações também apresentou avanço significativo, com alta de 10%, totalizando 1.381 embarcações recebidas entre janeiro e outubro.
“A tendência é que essa movimentação se mantenha até o final do ano. Em dezembro, devemos fechar com uma movimentação total anual em torno de 23 milhões de toneladas”, destaca o diretor-presidente de Suape, Márcio Guiot. Ele atribui os números positivos à liderança de Suape no transporte de cabotagem, entre os portos públicos, e à inclusão do atracadouro pernambucano na rota comercial entre Singapura e o Nordeste brasileiro.
Desde 27 de julho, Suape passou a receber navios da categoria New Panamax, como o MSC Orion, de 366 metros de comprimento — a maior embarcação a atracar no porto pernambucano. O trajeto conecta o porto diretamente à Ásia, com escalas em complexos da China, Caribe e outros atracadouros.
Com isso, o registro da chegada de outros New Panamax aconteceu nos meses seguintes, até a estreia oficial do serviço Santana, com a atracação do MSC Juliette, em 7 de novembro, dia em que Suape completou 46 anos de existência.
A rota é explorada pela MSC Mediterranean Shipping Company S.A, uma das gigantes mundiais do setor de transporte marítimo. Guiot ressalta o impacto da nova operação no segmento de carga conteinerizada. De acordo com o Anuário Estatístico da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), esse tipo de operação foi a que mais cresceu em relação ao ano passado, com alta de 23%, consolidando Suape como líder desse segmento no Nordeste.
“Suape se posiciona como porta de entrada de contêineres de longo curso na região, trazendo mais competitividade para os exportadores e importadores. Trata-se de uma grande conquista para Pernambuco, e as perspectivas são as melhores possíveis com a melhoria de nossa infraestrutura, como as obras de dragagem e de recuperação do molhe de abrigo”, pontua Márcio Guiot.
O diretor-presidente pondera, porém, que os reflexos plenos da nova rota para a Ásia ainda serão percebidos nos próximos meses. “Esperamos que, ao longo dos próximos meses, o mercado se adapte a essa nova operação, promovendo a reorganização de caminhos comerciais e cadeias logísticas para explorar todo o potencial do serviço. Apesar de inicialmente se destacar nas importações, esperamos resultados expressivos também nas exportações, especialmente no segmento de frutas”, enfatiza, otimista.
Exportação de uvas para a China
O novo trajeto para a Ásia também coincide com a abertura do mercado chinês para a importação de uvas brasileiras, anunciada durante a visita do presidente Xi Jinping ao Brasil, em novembro, por ocasião do G20.
“Essa rota se torna uma excelente alternativa, especialmente para os produtores de uva do município de Petrolina. É uma oportunidade estratégica para expandir o mercado agrícola do Nordeste e aproveitar a infraestrutura de Suape para conectar a produção local a mercados globais”, avalia, lembrando o papel fundamental da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados, Abrafrutas (Abrafrutas), nas negociações.
Foco na sustentabilidade
Enquanto investe na ampliação da movimentação de contêineres, Suape mantém o foco também na atração de indústrias voltadas à transição energética. Localizado em uma área estratégica na Mata Sul de Pernambuco, o porto conta com condições naturais que favorecem projetos sustentáveis, como alta disponibilidade de água e ampla oferta de energia renovável.
Entre os projetos em andamento está em destaque um terminal de contêineres 100% eletrificado, com previsão de início de operação em 2026. “A matriz energética do Brasil, especialmente no Nordeste, é um diferencial estratégico, mostrando seu potencial sustentável. Um terminal movido exclusivamente por energia limpa eliminará as emissões de carbono, já que toda a movimentação será feita de forma elétrica”, celebra Guiot.
Outro destaque é a instalação da primeira planta de e-metanol do Brasil, desenvolvida pela empresa dinamarquesa European Energy. O início das obras está previsto para 2025. “O e-metanol é considerado uma solução promissora para a descarbonização do transporte marítimo, posicionando Suape na vanguarda da sustentabilidade portuária. O que temos não é simplesmente um memorando de entendimento. É um contrato firmado”, acrescenta.
Resultados em granéis líquidos e expansão estratégica
Além dos avanços em logística e sustentabilidade, o porto segue consolidado como líder nacional na movimentação de granéis líquidos, que representam 70% das cargas movimentadas em Suape. A Refinaria Abreu e Lima, um dos principais parceiros do complexo, retomou seu processo de expansão, com crescimento esperado de 30% na movimentação até o início de 2025.
“A previsão é de que, até 2028, seja concluída a segunda fase da Refinaria Abreu e Lima, a Trem 2. Com essa expansão, a movimentação da refinaria em Suape deve mais do que dobrar. Essa operação abrange óleo cru e diversos derivados produzidos na refinaria, além de itens importados”, esclarece o diretor-presidente de Suape, Márcio Guiot.
Carga geral solta
O fluxo de carga geral solta cresceu 13,9%, totalizando quase 500 mil toneladas, com destaque para itens como açúcar ensacado, chapas e bobinas de aço, veículos e grandes peças industriais.
No segmento automotivo, o porto registrou a movimentação de 66.874 veículos, com destaque para a fabricante chinesa BYD, líder no volume movimentado com seus modelos elétricos e híbridos.
Um porto estratégico para o Nordeste
Localizado a apenas 40 quilômetros do Recife, Suape é interligado a mais de 250 portos em todos os continentes. Com 90% do PIB do Nordeste concentrado em um raio de 800 quilômetros, o complexo se posiciona como um hub estratégico para a distribuição de cargas na região e no Norte do país.
Criado em 1978, Suape é administrado pela estatal SUAPE – Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros e vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco.