Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
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4 de novembro de 2025 09:14

Sudene aposta em aproximação com a Índia para atrair novos investimentos ao Nordeste

Sudene aposta em aproximação com a Índia para atrair novos investimentos ao Nordeste

Seminário em Recife reforça interesse do país asiático em setores como energia limpa, biotecnologia e tecnologia da informação, enquanto a Sudene busca consolidar a região como polo estratégico de inovação e desenvolvimento sustentável
Divulgação

A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) intensificou seu esforço de internacionalização econômica ao participar do seminário “Fazendo Negócios com a Índia – Edição Recife”, realizado neste mês. O encontro marcou uma nova etapa nas relações entre o Nordeste e o país asiático, com foco na atração de investimentos produtivos e na diversificação das parcerias internacionais. Durante o evento, o superintendente da Sudene, Francisco Alexandre, apresentou as oportunidades de investimento e os instrumentos de financiamento disponíveis para empreendimentos na região.

A programação também marcou a inauguração do escritório regional da Câmara de Comércio Índia Brasil (CCIB) e a assinatura de um acordo de cooperação técnica entre o Investe Recife e a CCIB, reforçando o compromisso de aproximação econômica entre os dois países.

Segundo Francisco Alexandre, a atuação da Sudene está voltada para identificar novas rotas de cooperação capazes de fortalecer a economia nordestina em um cenário global de rápidas transformações. “A Sudene tem atuado na identificação de oportunidades que fortaleçam a economia do Nordeste diante das recentes mudanças no cenário internacional, especialmente os desafios tarifários impostos pelos Estados Unidos ao setor produtivo brasileiro. A participação no encontro com representantes do governo da Índia integra um esforço inicial de articulação e prospecção, voltado a identificar potenciais sinergias entre a região e o mercado indiano”, explicou.

Nordeste na rota de internacionalização

O diálogo com a Índia faz parte de uma estratégia mais ampla da Sudene de internacionalização econômica, alinhada às diretrizes do Governo Federal e aos esforços dos governos estaduais para atrair capital estrangeiro e gerar emprego e inovação na região. A proposta é consolidar o Nordeste como um polo de desenvolvimento sustentável, competitivo e integrado globalmente.

Entre os setores apontados como prioritários estão energia limpa, agronegócio de base tecnológica e economia digital, áreas nas quais a região já possui vantagens comparativas. A Sudene disponibiliza instrumentos de apoio a empreendimentos nacionais e estrangeiros por meio de incentivos fiscais e fundos regionais de financiamento, como o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).

“Embora ainda não existam linhas específicas voltadas à Índia, esse diálogo pode subsidiar futuros aperfeiçoamentos desses instrumentos”, destacou Alexandre. “A Sudene vem avançando em ações de simplificação de processos, integração de informações e fortalecimento da governança regional, de modo a ampliar a atratividade dos mecanismos existentes e reduzir entraves burocráticos.”

Números reforçam o potencial da parceria Brasil-Índia

Em 2024, o Nordeste exportou US$ 148 milhões para a Índia e importou US$ 525,8 milhões do país asiático. Embora o saldo comercial ainda seja desfavorável à região, a tendência é de crescimento do intercâmbio, especialmente em setores de alto valor agregado.

De acordo com dados da plataforma Data Nordeste, vinculada à Sudene, a Bahia lidera as exportações nordestinas para o mercado indiano, com 42% do total (US$ 63,1 milhões), seguida de Pernambuco (8,3%). Entre os produtos mais exportados estão algodão, açúcar, legumes e coque de petróleo.

Já nas importações, o Maranhão é o principal destino das compras vindas da Índia, respondendo por 33,2% (US$ 174,9 milhões), seguido de Pernambuco (29,6% ou US$ 156 milhões). Os principais produtos importados incluem óleos de petróleo, compostos químicos e insumos farmacêuticos, itens que refletem o perfil industrial e energético das economias locais.

O seminário promovido pela Câmara de Comércio Brasil Índia destacou áreas de interesse comum para o fortalecimento da relação bilateral. Fármacos, pagamentos digitais, defesa, mineração, químicos, petroquímicos e biotecnologia foram apontados como setores promissores para diversificar a pauta comercial entre as duas nações, e o Nordeste surge como território estratégico para essa expansão.

Para Francisco Alexandre, essa convergência pode gerar novas oportunidades de negócios e estimular a instalação de empresas indianas em território nordestino. “Nossa tarefa é ajudar na ampliação da relação comercial entre os estados e a Índia, atraindo mais investidores que olhem para a região como uma fronteira de oportunidades, colocando nossos instrumentos de ação à disposição”, afirmou.

A Índia, que figura entre as economias de crescimento mais acelerado do mundo, tem ampliado sua presença na América Latina nos últimos anos. O país busca novos parceiros estratégicos para suprimentos energéticos, tecnológicos e alimentares, ao passo que o Brasil, e em especial o Nordeste, oferece recursos naturais, infraestrutura energética e capital humano alinhados a essa demanda.

Investimentos e cooperação técnica

A criação do escritório regional da Câmara de Comércio Índia Brasil, em Recife, simboliza um marco na institucionalização desse diálogo. A nova unidade pretende servir como ponte permanente entre empresas indianas e governos locais, além de apoiar missões empresariais, estudos de viabilidade e ações de promoção comercial.

Já o acordo de cooperação técnica entre o Investe Recife e a CCIB tem como meta facilitar o intercâmbio de informações, promover eventos bilaterais e identificar oportunidades conjuntas de investimento. Para a Sudene, esses movimentos reforçam o posicionamento do Nordeste como destino estratégico para investimentos sustentáveis e de longo prazo.

Apesar do entusiasmo, o superintendente da Sudene reconhece que a relação ainda está em fase exploratória. A autarquia pretende, a partir das discussões iniciadas no seminário, aprofundar o intercâmbio de informações e mapear oportunidades concretas de cooperação com empresas e instituições indianas. Futuras ações podem incluir novas rodadas de diálogo, missões empresariais e iniciativas conjuntas com governos estaduais e entidades do setor produtivo.

“A partir dessa experiência, a Sudene pretende aprofundar o intercâmbio e mapear oportunidades de cooperação com empresas e instituições indianas, em consonância com as diretrizes do Governo Federal”, reforçou Francisco Alexandre.

A expectativa é que, com a consolidação dessas parcerias, o Nordeste fortaleça seu papel como porta de entrada para investimentos estrangeiros no Brasil, combinando incentivos regionais, estabilidade institucional e um ambiente cada vez mais favorável à inovação.

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