O Summit Mobilidade, promovido pela Organização Arnon de Mello (OAM), ocorreu em Maceió nessa segunda-feira (17) e foi marcado por palestras e painéis que abordaram debates sobre problemas e soluções para a mobilidade urbana nas cidades e a necessidade de expansão de obras viárias essenciais. O evento trouxe à tona discussões fundamentais sobre o futuro do transporte público e da infraestrutura viária no Brasil.
Daniel Santini, mestre e doutorando em planejamento urbano, encerrou o evento com a palestra “Tarifa Zero, de sonho à realidade nacional”. Autor do livro “Passe Livre: as possibilidades da tarifa zero contra a distopia da uberização”, Santini alertou sobre a diminuição do transporte público e defendeu a gratuidade das passagens como uma solução para melhorar a mobilidade nas cidades. Ele destacou que 5,6 milhões de pessoas em 115 municípios brasileiros já usufruem de transporte público gratuito, com São Paulo liderando em número de cidades adotantes. “O transporte público no Brasil está encolhendo, diminuindo numa velocidade que a gente deveria estar com bastante preocupação”, afirmou Santini.
Santini apresentou dados que revelam um crescimento lento, porém consistente, da tarifa zero no Brasil. “Desde 1992, com a primeira cidade a adotar a política, houve um aumento gradual, culminando em 114 cidades em 2024”, explicou. Ele enfatizou a necessidade de novas formas de financiamento para viabilizar a gratuidade, alertando para a redução do número de viagens de transporte público, uma tendência preocupante que antecede a pandemia de Covid-19. “Se eu remunero por passageiro transportado, o operador que está fazendo vai pensar em manter o ônibus sempre cheio. A superlotação no Brasil não é acaso”, criticou Santini.
Além das discussões sobre transporte público, o ministro dos Transportes, Renan Filho, apresentou no evento planos para melhorar a infraestrutura viária em Alagoas e no Brasil. Ele anunciou a duplicação da BR-101/AL, a construção da Ponte Penedo e o Arco Metropolitano de Maceió, destacando a importância dessas obras para o desenvolvimento regional e a melhoria da mobilidade. Renan Filho ressaltou que o investimento federal em transportes em Alagoas aumentou significativamente nos últimos anos, prevendo R$ 1,8 bilhão para a infraestrutura do estado entre 2023 e 2026. “Essas são as principais obras do Estado. Como ministro, eu vou terminar 100% a BR-101 em Alagoas, esse é um compromisso que eu tenho com o nosso Estado”, reforçou Renan Filho.
O evento também contou com a participação do deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de Maceió, Rafael Brito, que criticou a atual gestão da cidade pela falta de um plano de mobilidade urbana. Brito destacou que Maceió é a única capital do Nordeste que ainda não entregou um plano de mobilidade, o que impede a cidade de receber recursos federais. Ele enfatizou a necessidade de um planejamento adequado para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e chamou atenção para problemas como a falta de acessibilidade e a perda de importantes espaços de mobilidade ativa, como o Corredor Vera Arruda. “As cidades devem se moldar à necessidade das pessoas e não as pessoas às necessidades da cidade. Parece um clichê, mas não é o que acontece na prática”, criticou Brito.
O Gazeta Alagoas Summit Mobilidade reuniu líderes dos setores público e privado, acadêmicos e profissionais de infraestrutura, destacando a importância de debates regionais e nacionais para encontrar soluções que atendam às necessidades específicas de cada área. O governador de Alagoas, Paulo Dantas, também participou do evento e anunciou a apresentação de um plano robusto para sistemas modais integrados, ressaltando a centralidade do papel do governo estadual na articulação desses esforços. “O papel do governo do estado é central na articulação dos esforços para melhorar a mobilidade urbana de Maceió e da região metropolitana”, afirmou Dantas.
O evento reforçou a importância de um planejamento urbano inclusivo e sustentável para o futuro das cidades brasileiras. “Que bom fazerem esses encontros aqui. A gente só vê os debates acontecendo no Sudeste. Tem que ter os debates regionais, tem que ter debates com caráter nacional em algumas regiões. É fundamental”, concluiu Daniel Santini, destacando a relevância de olhares diversos e regionais para as soluções de mobilidade urbana no Brasil.