Ferrovia Transnordestina recebe aporte de R$3,6 bilhões do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) para a conclusão do trecho entre Eliseu Martins (PI) e o Porto do Pecém (CE). O investimento, dividido em quatro etapas, está inserido no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com previsão de entrega da Fase 1 até 2027.
“São R$3,6 bilhões disponibilizados para conclusão dessa ferrovia, que é fundamental para o desenvolvimento do Nordeste. Sob a liderança do presidente Lula, obras fundamentais estão sendo concluídas, saindo do papel e sendo um eixo de desenvolvimento. O Banco do Nordeste está muito satisfeito em participar das transformações que o governo federal tem feito na nossa região”, destacou Paulo Câmara, presidente do Banco do Nordeste.
Com 1.209 km de extensão e passando por 53 municípios, a Transnordestina conecta Eliseu Martins ao Complexo Industrial e Portuário de Pecém. Segundo o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, o momento atual simboliza uma retomada significativa. “Temos trabalhado intensamente para tirar do papel um projeto que ficou parado por muito tempo”, afirma.
Ele ressalta que a Transnordestina vai além de um corredor logístico, sendo estratégica para o desenvolvimento do Brasil, especialmente em regiões economicamente menos favorecidas. “Esse projeto, junto com o corredor Leste-Oeste, é uma das principais alternativas logísticas em desenvolvimento no país. A Transnordestina não é apenas um meio de transportar cargas, mas um fator essencial para o desenvolvimento regional”, declara.
Progresso da obra e cronograma
Atualmente, 62% das obras já foram concluídas, incluindo infraestrutura e superestrutura. O orçamento total do projeto é de R$15 bilhões, sendo que R$7,1 bilhões já foram investidos. Além do trecho entre Piauí e Ceará, o projeto prevê um ramal de 548 km conectando Salgueiro (PE) ao Porto de Suape. A Fase 2, referente a esse ramal, está prevista para 2029.
Desde seu início em 2006, a ferrovia enfrentou atrasos e revisões orçamentárias. Originalmente orçada em R$4,5 bilhões e com entrega prevista para 2010, o custo atual do empreendimento já ultrapassa R$15,7 bilhões. Em 2016, as obras foram interrompidas por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) e retomadas em 2019. Em 2024, o TCU autorizou a retomada dos investimentos no trecho Salgueiro-Suape.
Impacto econômico e estratégico para o Nordeste
A Transnordestina é um dos maiores projetos de infraestrutura do Brasil, com o objetivo de integrar o interior do Nordeste aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE). Essa conexão é estratégica para o transporte de grãos, fertilizantes, combustíveis, cimento e minério, especialmente da região de Matopiba, que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
De acordo com Santoro, a ferrovia favorece o crescimento da produção agrícola em Matopiba, que deve registrar um aumento de cerca de 40% nos próximos anos. “Quando concluída, a ferrovia terá capacidade para transportar 60 milhões de toneladas, ajudando a atender parte desse aumento na produção”, afirma.
Outros benefícios logísticos são destacados pelo secretário-executivo: “A Transnordestina também permitirá uma redução de 25% a 30% nos custos logísticos, aumentando a competitividade dos produtos da região, tanto no mercado interno quanto no externo”, destaca.
Além de potencializar as exportações, o projeto deve dinamizar a economia regional ao atrair novos investimentos. Setores como agroindústria e mineração serão diretamente beneficiados, promovendo o desenvolvimento de cadeias produtivas e fortalecendo a integração econômica entre os estados nordestinos.
Outro ponto relevante levantado por Santoro é a capacidade da ferrovia de destravar projetos parados há anos devido à falta de infraestrutura logística. “A Transnordestina atravessa regiões economicamente desfavorecidas e oferece a perspectiva de viabilizar uma infraestrutura essencial, possibilitando a execução de projetos parados que aguardam condições logísticas adequadas para o transporte de suas cargas”, aponta.