Na primeira reportagem “Sealba desponta como importante fronteira agrícola do Nordeste brasileiro”, exploramos as potencialidades do Sealba, que se consolida como um polo estratégico para o agronegócio brasileiro. Nesta segunda edição da série especial, produzida pela repórter Júlia Dal Bello, o foco é a proximidade da região com diversos portos, o que otimiza o escoamento de produtos agrícolas, tornando a logística mais eficiente e os custos operacionais mais competitivos.
A proximidade com os portos de Maceió (AL) e Barra dos Coqueiros (SE) oferece uma vantagem significativa para os produtores do Sealba. O porto de Barra dos Coqueiros, por exemplo, já recebe soja proveniente do Matopiba, a mais de 1.000 km de distância, ilustrando a eficiência logística da região. Essa proximidade reduz custos de transporte e aumenta a competitividade dos produtos agrícolas da região nos mercados internacionais.
Leia a segunda matéria da série: Sealba – potência na fronteira agrícola do Nordeste brasileiro, e saiba mais sobre como a proximidade Sealba aos portos torna a região um ponto estratégico para o escoamento eficiente e competitivo da produção agrícola do Nordeste.
O Terminal Marítimo Inácio Barbosa é alternativa para o agronegócio
O Terminal Marítimo Inácio Barbosa (TMIB), localizado em Barra dos Coqueiros (SE), tem se destacado como uma alternativa eficiente para o escoamento de grãos. Em junho deste ano, o terminal embarcou 30 mil toneladas de soja para a Venezuela.
Este terminal, administrado pela VLI – Valor da Logística Integrada, oferece soluções logísticas que combinam terminais, ferrovias e portos, proporcionando uma opção viável para pequenos e médios produtores, principalmente do Nordeste da Bahia e de outras regiões.
O gerente de operações do Terminal Marítimo Inácio Barbosa, Osmar Selhorst, destaca o crescimento do terminal e seus impactos no escoamento da produção local. “O TMIB completou 10 anos sob a gestão da VLI em 2024 e, durante esse período, registrou um crescimento expressivo nas movimentações de commodities e produtos industrializados em suas instalações”, afirma.
“Nos últimos cinco anos (2018-2023), em particular, houve um incremento de 108% no volume de cargas embarcadas, que superou 1,2 milhão de toneladas no último ano. A marca reflete o crescimento da importância estratégica do terminal para o escoamento da produção de grãos (soja, milho e farelo de soja)”, complementa o gerente.
A infraestrutura do TMIB inclui um píer com mais de 300 metros de extensão, capacidade para movimentar até 2 milhões de toneladas por ano e uma área alfandegada de 800 mil m².
Selhorst explica como o Terminal tem contribuído para a integração do agronegócio local em um fluxo econômico mais amplo. “Caminhões que transitam por este corredor transportam produtos do interior para exportação no porto e retornam com fertilizantes importados, principalmente da Europa, essenciais para a produção em Sergipe e no oeste da Bahia, um forte polo do agronegócio”, detalha.
O futuro do Terminal está voltado para investimentos e expansão
Investimentos estão em curso para ampliar a capacidade de exportação. Nos 10 anos da VLI como administradora e operadora portuária no TMIB, a operação de recebimento de grãos evoluiu com a construção de uma unidade de descarga, correias transportadoras e elevadores de carga, conectados a um armazém com capacidade para 30 mil toneladas, permitindo contratos de até 840 mil toneladas por ano, segundo Selhorst.
“O terminal teve, só nos últimos três anos, aumento significativo em seu nível de investimentos para projetos de remodelação e recapacitação da unidade, chegando a cifra de R$30 milhões ao ano”, garante o gerente.
A sua localização estratégica, próxima a rodovias como a BR-101, facilita o transporte terrestre de produtos agrícolas. Além disso, o terminal tem se destacado pela eficiência operacional, com menor tempo de espera para o embarque de cargas, uma vantagem importante para o setor.
Selhorst aborda os desafios e oportunidades para a região do Sealba. “A região do Sealba tem potencial para se consolidar como um importante polo exportador de commodities como grãos, minérios e insumos para a construção civil. Sua localização estratégica, próxima ao Porto de Sergipe e ao TMIB, reduz os custos logísticos de frete, tornando essas produções mais competitivas no mercado global”, considera.
Neste sentido, o gerente de operações enfatiza que a VLI reconhece a importância de fortalecer a parceria com o governo do estado de Sergipe para ampliar a capacidade operacional do terminal, atendendo à demanda da região e proporcionando um serviço de excelência. A empresa foca na experiência do cliente e na melhoria contínua dos processos, visando tornar suas operações cada vez mais eficientes e ágeis.
O Porto de Maceió também colabora na infraestrutura logística para o escoamento de mercadorias
O Porto de Maceió, gerido pela Administração do Porto de Maceió (APMC) e vinculado à Companhia Docas do Rio Grande do Norte (CODERN), tem se mostrado fundamental para a logística de exportação e importação da região Nordeste. Localizado entre as praias de Pajuçara e Jaraguá, o porto é considerado um “porto natural”, devido à sua localização estratégica que facilita o atracamento de embarcações.
A Assessoria de Comunicação do Porto de Maceió foi contatada pela equipe do Portal Investindo Por Aí. Após um breve retorno inicial, no qual concordaram em colaborar com a matéria, não houve mais retorno.
No primeiro semestre deste ano, o Porto de Maceió registrou um crescimento na movimentação de mercadorias
No primeiro semestre de 2024, o Porto de Maceió registrou um crescimento de 6,01% na movimentação de mercadorias, comparado ao mesmo período de 2023. Ao todo, foram movimentadas 1.495.122 toneladas de carga, com destaque para o aumento nas exportações de açúcar e melaço. Este crescimento reflete uma ampliação das operações logísticas do porto, que continuam a desempenhar um papel essencial no escoamento de produtos para mercados internacionais.
Entre os principais produtos exportados, o açúcar e o melaço foram os que mais cresceram, com 75.028 toneladas e 12.287 toneladas exportadas, respectivamente. Já na importação, houve aumento significativo no volume de coque de petróleo (25.648 toneladas) e clinker (49.033 toneladas), com o óleo diesel também registrando uma leve alta.
A movimentação de granéis líquidos foi a que apresentou maior variação, com crescimento de 25,24%, destacando-se o aumento nas exportações de óleo diesel, melaço e petróleo bruto. Esses números indicam não apenas o crescimento do comércio internacional da região, mas também a robustez da infraestrutura portuária para suportar a ampliação das operações.
O Porto de Maceió é equipado com cinco armazéns, sendo quatro externos com 1.600 m² de área e capacidade de 12.000 m³ cada, e um interno com 6.000 m² de área e capacidade para 15.000 m³ de cereais. A movimentação de contêineres ocorre em um pátio pavimentado de 26.000 m², enquanto o berço de atracação, com profundidade de 10,50 metros, permite a operação de navios da classe Panamax.
Impactos econômicos e benefícios para o agronegócio
A melhoria da infraestrutura portuária no Sealba não só facilita o transporte de produtos agrícolas, mas também tem impacto direto nas economias locais. O aumento da eficiência nos portos contribui para a redução de custos operacionais e amplia as possibilidades de exportação para mercados alternativos, como soja não transgênica e pequenos lotes de grãos.