A análise do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios brasileiros mostra que, embora a economia do país tenha continuado a se desconcentrar, as desigualdades regionais permanecem evidentes. No Nordeste, capitais como Salvador (BA), Fortaleza (CE) e Recife (PE) lideram os rankings econômicos, mas ainda enfrentam desafios relacionados à desigualdade e ao desenvolvimento.
De acordo com o pesquisador do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste e Ph.D. em Economia pelo FGV IBRE, Alexandre Rands Barros, as desigualdades regionais no Brasil têm como causa imediata ou aparente as disparidades nas disponibilidades médias de capital humano per capita. Ou seja, há um estoque menor de capital humano per capita no Nordeste do que no Sul e no Sudeste.
“Os estudos mostraram que dois indivíduos com os mesmos atributos produtivos tendem a receber exatamente a mesma renda, independente da região em que eles estão sedimentados. O capital humano deles é o principal determinante de suas rendas relativas. Isso significa que as desigualdades regionais existem porque há mais indivíduos com menos capital humano nas regiões mais pobres”, avalia o pesquisador.
Confira lista das 10 cidades mais ricas do Nordeste e seus PIBs:
Os números do PIB das capitais nordestinas evidenciam o potencial econômico da região, mas também reforçam os desafios de um desenvolvimento mais equilibrado.
- Fortaleza (CE) – R$73 bilhões
Fortaleza se destaca como polo logístico e turístico, com investimentos em infraestrutura e tecnologia;
- Salvador (BA) – R$63 bilhões
A capital combina uma economia diversificada com grandes desafios sociais, que refletem as disparidades na qualificação da força de trabalho em suas áreas periféricas;
- Recife (PE) – R$55 bilhões
Referência em tecnologia e serviços no Nordeste, Recife demonstra como investimentos em educação superior e inovação ajudam a impulsionar o PIB;
- São Luís (MA) – R$36 bilhões
Como um dos principais portos do Brasil, São Luís destaca-se pela logística e exportação de commodities;
- Camaçari (BA) – R$34 bilhões
A única não capital na lista, Camaçari exemplifica a relação entre especialização produtiva e PIB, graças ao seu polo petroquímico;
- Maceió (AL) – R$27 bilhões
Com uma economia baseada no turismo e nos serviços, Maceió enfrenta o desafio de transformar seu potencial econômico em um aumento consistente no estoque de capital humano;
- Natal (RN) – R$24 bilhões
Além do turismo, Natal destaca-se como referência na geração de energia renovável, especialmente a eólica, impulsionando a economia com investimentos em infraestrutura energética e inovação, o que atrai capital e novas oportunidades;
- Teresina (PI) – R$23 bilhões
Centro administrativo e comercial do Piauí, é a única capital nordestina em que o turismo não é pujante;
- João Pessoa (PB) – R$22 bilhões
Combinando turismo e tecnologia, João Pessoa possui grande potencial de crescimento;
- Aracaju (SE) – R$21 bilhões
A capital sergipana apresenta uma economia estável, focada em serviços e turismo, mas carece de investimentos em qualificação e infraestrutura para ampliar sua competitividade regional..
Segundo o pesquisador essa distribuição assimétrica não é consequência da riqueza relativa das regiões. “Ao contrário, ela é seu determinante. As especializações produtivas regionais e as tecnologias mais competitivas para a produção dos bens e serviços não comercializáveis é que se adaptam à disponibilidade de capital humano, não o estoque deste último às especializações e tecnologias que foram definidas para cada região”, considera Barros.