Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
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19 de julho de 2025 11:34

Mercado de resíduos sólidos cresce e reposiciona a economia circular no Nordeste

Mercado de resíduos sólidos cresce e reposiciona a economia circular no Nordeste

Região reúne condições naturais, sociais e empresariais para liderar um novo ciclo de inovação e sustentabilidade no setor
Fotos: Reprodução/Internet

Enquanto o Brasil avança lentamente na adoção de políticas públicas eficazes para o manejo de resíduos sólidos, o Nordeste desponta como uma região que reúne condições naturais, sociais e empresariais para liderar um novo ciclo de inovação e sustentabilidade no setor. Com mais de 55 milhões de habitantes distribuídos em 1,5 milhão de km², o Nordeste enfrenta desafios estruturais históricos em relação à coleta, tratamento e destinação correta dos resíduos, mas também abre caminhos para um mercado em crescimento que pode gerar empregos verdes, reduzir impactos ambientais e consolidar a economia circular.

Por que o Nordeste sofre com a destinação inadequada?

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a geração de resíduos sólidos industriais e urbanos na região ainda é tratada de forma insuficiente. Veja os principais pontos:

  • 65% do lixo ainda vai para lixões e aterros controlados – locais que não possuem sistemas adequados para proteção ambiental e saúde pública.
  • Quase 183 mil toneladas de resíduos industriais são descartados diariamente no Brasil.

  • 25 milhões de toneladas anuais de resíduos não recebem tratamento adequado, gerando impactos ambientais graves e perdas financeiras para municípios nordestinos.

Quais são as iniciativas que procuram mudar  este cenário?

Em meio a esses desafios, surgem soluções inovadoras e modelos sustentáveis, como a SOLOS, startup baiana que transforma resíduos em riqueza. Fundada em 2016 por Saville Alves e Gabriela Tiemy, a SOLOS atua com consultoria em gestão inteligente de resíduos, compostagem acelerada e logística reversa, atendendo empresas varejistas, indústrias, eventos e escolas, sempre com foco na redução do desperdício e promoção da economia circular.

O Nordeste, conhecido como destino turístico dos sonhos dos brasileiros durante o Carnaval, tem tomado medidas para que a folia seja não só divertida, mas também mais limpa. É o que mostra o projeto “Folia Que Vira”, que durante o Carnaval de Salvador em 2023 recolheu 162 toneladas de resíduos recicláveis — o dobro do volume dos anos anteriores. O projeto envolve parceria com bares, blocos e voluntários para coleta seletiva nos pontos de maior concentração, garantindo que embalagens plásticas, papelões e outros materiais sejam reciclados corretamente, reduzindo o lixo descartado nas ruas.

Outro destaque é o programa “SOMA Vantagens”, que incentiva a população a participar da reciclagem oferecendo benefícios diretos, criando uma rede colaborativa que envolve setor público, privado e sociedade civil.

Dia Mundial da Limpeza (World Cleanup Day)

O Dia Mundial da Limpeza, conhecido internacionalmente como World Cleanup Day, é um movimento global que promove ações coletivas para limpeza e conservação do meio ambiente.

  • Pessoas saem às ruas, praias, parques e áreas públicas para recolher lixo e resíduos, melhorando a estética local, protegendo a biodiversidade e reduzindo a poluição.
  • No Ceará, por exemplo, a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) promove ações na Praia do Futuro, envolvendo voluntários, disponibilizando luvas e sacos para coleta e promovendo conscientização ambiental.
  • Desde 2018, mais de 91 milhões de pessoas em mais de 190 países já participaram da iniciativa coordenada globalmente pelo Let’s do It World e, no Brasil, pelo Instituto Limpa Brasil.

Como diretora do Instituto Limpa Brasil, Edilainne Pereira observa que as ações da instituição têm impactado positivamente a região Nordeste. O projeto “Meu Futuro Minha Voz”, por exemplo, tem se mostrado uma ferramenta poderosa de educação ambiental entre jovens do Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Segundo Edilainne, “por meio de oficinas, formações e campanhas, os próprios estudantes tornam-se multiplicadores de boas práticas, ampliando o alcance das mensagens sobre reciclagem e descarte correto para suas famílias e comunidades.”

Ela destaca ainda que a importância ambiental está sempre atrelada a questões sociais, já que o projeto também preza pelo envolvimento dos catadores nesse processo, afirmando que “a capacitação e inclusão dos catadores é fundamental para fortalecer a cadeia da reciclagem, valorizando esses profissionais que muitas vezes são invisibilizados.”

Cidades como Salvador, Recife, Fortaleza, Aracaju e Campina Grande aderem fortemente ao movimento, com envolvimento direto de escolas, associações comunitárias, voluntários e catadores. Edilainne ressalta que “a força dessa mobilização gera um sentimento de pertencimento e responsabilidade coletiva, fundamental para promover mudanças de comportamento e consolidar uma cultura de sustentabilidade.”

Para a economia, o projeto também é significativo, já que a diretora afirma que “o Instituto Limpa Brasil tem atuado de forma estratégica no Nordeste, conectando poder público, setor privado e a sociedade civil para impulsionar a economia circular.”

Mobilização social e próximos passos

Sobre a mobilização social, Mikaelle Farias, ativista climática e estudante de engenharia de energias renováveis, lembra que “foi o ativismo climático, especialmente dos jovens, que trouxe a pauta ambiental para o centro do debate nacional e mundial.” Ela reforça que o movimento conecta diferentes coletivos e pressiona líderes e instituições a agirem. Segundo ela, “a missão dos ativistas é atuar como ponte, conectando o conhecimento tradicional das comunidades com os espaços de decisão para garantir que suas vozes e demandas sejam realmente consideradas.”

No segmento industrial, empresas como a AMBIPAR têm ampliado sua presença no Nordeste, com investimentos em gestão de resíduos industriais e economia circular. A recente aquisição da AFC Soluções Ambientais em Pernambuco reforça sua atuação na região, promovendo tecnologia e soluções integradas que atendem às necessidades do setor.

Apesar dessas iniciativas promissoras, a falta de incentivos fiscais, o acesso restrito a financiamentos e a carência de políticas públicas robustas ainda são entraves para a consolidação do mercado. A diretora Edilainne Pereira reforça que “o crescimento do mercado de resíduos sólidos depende de um compromisso conjunto que envolva investimento, regulação clara e participação comunitária.”

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