O mercado imobiliário do Ceará, que atingiu números recordes em 2024, vive um momento de expressiva expansão, impulsionado por duas tendências distintas: a crescente demanda por imóveis de segunda moradia e a construção de superprédios de alto padrão em Fortaleza. O mais recente exemplo dessa transformação é a aprovação unânime de um novo empreendimento de 143,2 metros de altura na Praia de Iracema, que pagará mais de R$ 24,5 milhões em outorga onerosa à Prefeitura.
No segmento de segunda moradia, o setor registrou um aumento significativo na procura por imóveis destinados a fins de semana, férias e épocas festivas. Segundo dados do Censo 2022, houve um crescimento de 18,8% nos domicílios de uso ocasional no Ceará em comparação com 2010, totalizando 213,1 mil imóveis nessa categoria.
As cidades de Aquiraz e Caucaia, especialmente nas praias de Porto das Dunas e Cumbuco, lideram a demanda por segundas residências. Patriolino Dias, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), em entrevista ao Diário do Nordeste, relaciona esse fenômeno às mudanças nos hábitos de trabalho pós-pandemia. “As pessoas perceberam que algumas atividades não precisam estar necessariamente no presencial. Podem tirar uma sexta ou segunda-feira para trabalhar de casa, então a segunda moradia traz uma qualidade de vida muito maior”, explica. A Brasterra Imóveis, especializada em segunda moradia, registrou um aumento de aproximadamente 30% na procura por imóveis secundários em 2024.
A era dos superprédios
Paralelamente, Fortaleza experimenta uma nova fase na construção de superprédios, exemplificada pelo recém-aprovado empreendimento na Praia de Iracema. O projeto, assinado pela Construtora Mendonça Aguiar, prevê 45 pavimentos, incluindo 108 apartamentos residenciais distribuídos em 36 andares, com unidades variando entre 168,26 m² e 236,67 m².
O novo superprédio ultrapassará significativamente os limites urbanísticos estabelecidos para a região. Com índice de aproveitamento de 8,02 (quando o máximo permitido é 2) e altura de 143,2 metros (quase o triplo do limite de 48 metros), o empreendimento só foi viabilizado através do mecanismo de outorga onerosa, implementado em 2015 pela prefeitura de Fortaleza.
A internacionalização do mercado também tem contribuído para o aquecimento do setor. De acordo com dados da Prosper Urbanismo, há forte demanda de compradores de outros estados e países e 2024 viu um aumento de 50% nessa movimentação em relação a 2023.
O fenômeno da segunda moradia se estende também à capital, principalmente em bairros litorâneos como Meireles e Praia de Iracema, onde é comum encontrar imóveis ocupados apenas durante períodos de férias. Essa tendência, somada à construção dos superprédios, tem potencial de redesenhar a paisagem urbana de Fortaleza e do litoral cearense, consolidando a região como um dos principais polos imobiliários do Nordeste.