Em cerimônia realizada no Palácio do Planalto na terça (1º), o governo federal lançou o Plano Safra 2025/2026, anunciando um total de R$ 605,2 bilhões em recursos para a agricultura empresarial e familiar — montante recorde que inclui R$ 516,2 bilhões para o setor empresarial e R$ 89 bilhões para a agricultura familiar. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que “se somarmos os três Planos Safra da nossa gestão, chegamos a R$ 1,72 trilhão, aproximadamente o dobro do que foi investido nos três anos do governo anterior”.
O evento contou com a presença do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e do presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, que afirmou: “O Banco do Nordeste está preparado para apoiar os produtores com soluções financeiras adequadas às suas realidades, promovendo inovação, sustentabilidade e eficiência no campo”.
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Confira, abaixo, os dez principais destaques do Plano Safra 2025/2026:
1. Reforço histórico no volume total de recursos
O novo ciclo amplia os investimentos federais no agro: R$ 516,2 bilhões para agricultura empresarial, somados aos R$ 89 bilhões da agricultura familiar, totalizando R$ 605,2 bilhões. Apesar do crescimento nominal de 1,5% em relação ao ciclo anterior, o valor representa estagnação em termos reais, dada a inflação de 5,32%. Ainda assim, é a maior cifra da série histórica para um único ano-safra.
2. Agricultura familiar recebe atenção inédita
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) terá R$ 78,2 bilhões em crédito rural e mais R$ 10,8 bilhões em outras ações, totalizando R$ 89 bilhões. Segundo o ministro Paulo Teixeira, os efeitos já podem ser sentidos no recuo dos preços de alimentos essenciais como arroz, batata e tomate. “Estamos vivendo um momento bom e o que o presidente Lula quer são alimentos baratos e de qualidade, com fartura na mesa do povo brasileiro”, declarou.
3. Banco do Nordeste amplia seu papel no crédito agro
O BNB destinará R$ 11,7 bilhões à agricultura empresarial e R$ 10,2 bilhões à agricultura familiar em sua área de atuação, que abrange os nove estados do Nordeste e parte de MG e ES. Isso representa 48% do crédito rural contratado na região, consolidando o banco como pilar estratégico no financiamento do agronegócio nordestino.
4. Incentivo à sustentabilidade com juros reduzidos
O Plano oferece taxas de juros mais baixas para produtores que adotarem práticas sustentáveis, como reflorestamento, cultivo de cobertura e recuperação de áreas degradadas. Modalidades como o RenovAgro Ambiental e o PCA para armazenagem até 12 mil toneladas terão juros reduzidos a 8,5% ao ano, abaixo da média praticada.
5. Expansão do Pronamp e acesso ao Funcafé
O teto de renda para enquadramento no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) passou de R$ 3 milhões para R$ 3,5 milhões. O programa terá R$ 69,1 bilhões em crédito e, pela primeira vez, seus beneficiários poderão acessar o Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira) mesmo com contratos ativos, o que flexibiliza o financiamento da produção cafeeira.
6. Equalização de juros em meio a Selic elevada
Diante da Selic em 15% ao ano, o governo reajustou as taxas de juros do Plano Safra com aumentos moderados. Para o custeio, os médios produtores pagarão 10% e os demais, até 14%. No caso dos investimentos, as taxas vão de 8,5% a 13,5%. A equalização de juros, com recursos públicos, subiu de R$ 92,8 bilhões para R$ 113,8 bilhões.
7. Novas regras do Zarc e rigor técnico
O crédito rural de custeio passa a exigir observância das recomendações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), antes limitado ao Proagro. Agora, todos os financiamentos, inclusive acima de R$ 200 mil e sem exigência do Proagro, devem respeitar as indicações de plantio por cultura e por município, elevando a segurança agroclimática das operações.
8. Flexibilização na aquisição de insumos
O Plano permite agora que rações, suplementos e medicamentos adquiridos até 180 dias antes da formalização do crédito rural sejam financiados. A medida amplia a capacidade dos produtores de planejar e se antecipar às necessidades operacionais da produção animal, reduzindo gargalos logísticos e perdas por falta de insumos.
9. Estímulo à cobertura do solo e preservação
Será possível financiar sementes e mudas de essências florestais, nativas ou exóticas, além de plantas de cobertura para o período de entressafra. A medida visa reduzir a erosão, reter umidade e melhorar a qualidade do solo — práticas que estão alinhadas com metas de agricultura regenerativa e adaptação às mudanças climáticas.
10. Sustentabilidade como critério estratégico
O Plano Safra prioriza práticas que conservem biodiversidade e reduzam as emissões de gases do efeito estufa. A nova política, em sintonia com os Planos Nacionais de Mitigação e Adaptação, propõe um modelo mais sustentável, com pragmatismo e estratégia.