Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
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23 de abril de 2025 15:57

Nordeste oferece terreno fértil para fazer crescer a Economia Prateada ou Economia da Longevidade

Nordeste oferece terreno fértil para fazer crescer a Economia Prateada ou Economia da Longevidade

Estimativas indicam que a movimentação financeira da longevidade chegará a R$ 3 trilhões em 2030; No Nordeste é um mercado de aproximadamente 9 milhões de pessoas, e a tendência é que os índices melhorem
Foto: Reprodução/Internet

Até 2050 o Brasil será o sexto país com a maior população com mais de 60 anos do mundo.

Temos estrutura pública e privada para isso? Temos alimentos saudáveis para todos? Haverá serviços ao alcance de todos? A badalada geração Z irá envelhecer e, ao que tudo indica, continuarão agitados, movimentando muito dinheiro. Mas antes disso, hoje, a Economia Prateada já mobiliza o mundo e o mercado, e essas mudanças não se expressam da mesma forma nas diferentes regiões do país. 

A assim chamada Economia Prateada é considerada a terceira maior atividade econômica do mundo, movimentando US$ 7,1 trilhões anualmente, dados que revelam grande oportunidade de negócios. 

O mercado formado por pessoas com 50+ já abrange 54 milhões de consumidores no país. E as estimativas indicam que a movimentação financeira da longevidade chegará a R$ 3 trilhões em 2030.

E quando o recorte é de gênero, há uma predominância das mulheres como importante vetor da Economia Prateada. A primeira razão disso é demográfica. Dados demonstram que a expectativa de vida das mulheres é, em média, oito anos maior do que a dos homens, processo chamado de “feminização da velhice”. 

De acordo com a pesquisa Elas 45+, da consultoria Eixo, as mulheres com mais de 60 anos de idade já são responsáveis por 20% de todo o consumo nacional. Só no mercado online são R$ 15 bilhões por ano, dado que ajuda a desmistificar a ideia de que os mais velhos não são propensos a compras digitais. Elas têm autonomia financeira, tomam as decisões dentro de casa e têm poder de compra. 

A baiana Júlia Sobral, Co-Ceo na Eixo, é categórica: as marcas não estão preparadas para esse movimento. “Vejo uma movimentação tímida, para não dizer inexistente. Quando tem, ainda é com um olhar estereotipado, daquela senhora que fica trancada dentro de casa, e que precisa de remédios e cuidados. Os idosos e idosas desejam, criam, viajam, compram produtos de beleza, dirigem carros, tomam uísque”, afirma a consultora. Essa ausência é percebida tanto na comunicação das empresas quanto na inovação. 

 

População idosa nordestina cresce e carece de serviços e produtos

No Nordeste, os idosos representam 13% da população, dado que ainda reflete desigualdades socioeconômicas do país. São aproximadamente 9 milhões de pessoas, e a tendência é que os índices melhorem. 

Há uma tendência já notada por governos e empresas de pessoas que buscam a região tanto pela melhoria na qualidade de vida quanto pelo custo de vida mais baixo. 

Nessa balança, quem já está aposentando e não tem o trabalho como um fator definidor do lugar onde morar, sai na frente. Seis dos nove estados nordestinos possuem um índice de envelhecimento superior a 70, indicando que há mais de 70 pessoas com 65 anos ou mais para cada 100 crianças de 0 a 14 anos.

Um bom exemplo dessa onda é a capital paraibana. Em 2010, João Pessoa tinha 74.635 idosos (pessoas com 60 anos ou mais). Em 2022, esse número aumentou para 123.614, indicando um crescimento de 65% na população idosa. 

O psicólogo especialista em gerontologia e idealizador do Miss Longevidade de Campina Grande, na Paraíba, Fabrízio Oliveira, confirma que há um descompasso entre o desejo das pessoas maduras e aquilo que a sociedade oferece. 

“O que ouço são idosas e idosos que querem sair, se divertir, viajar, dançar, cuidar do corpo e da beleza, mas as empresas, quando oferecem algo, estão preocupadas com um declínio da saúde”, afirma. 

Foto: Divulgação

Envelhecer bem é capital social e oportunidade de negócios

Envelhecer para o brasileiro é algo novo. Há uma mudança na pirâmide etária. Por isso, também, o Brasil é um país que cultua a juventude, muito ligada à estética e aparência. As pessoas com 60 anos correspondem, hoje, a 15% da população. Em três décadas esse número vai dobrar. Mesmo assim, elas são muito pouco vistas e ouvidas. 

Do ponto de vista dos negócios e das empresas, essa é a chave, explica Júlia. “Não podemos inovar para um público que não conhecemos, não compreendemos. No Brasil, infelizmente, o que empresas e governos fazem é invisibilizar as pessoas maduras.”

O desejo por juventude é outro processo cultural que deve ser repensado. A pesquisa A revolução da longevidade, realizada pela AlmapBBDO, revela que quando os jovens são perguntados sobre o que é envelhecer bem para eles, a resposta é “não parecer velho.” Uma distorção que, como aponta Co-Ceo da Eixo, a indústria da beleza ajudou a criar, e que agora tem o dever de reparar. 

Foto: Prefeitura de Russas

E são muitos os nichos que podem ser explorados, segundo os especialistas: alimentação saudável, moradia, lazer e consumos diversos. “No Nordeste, o setor de turismo e hoteleiro é muito forte. Mas que serviços são esses que eles estão oferecendo para os idosos? Na maioria das recepções de hotel o que vemos são recepcionistas extremamente jovens. Por quê? Por que não dar emprego para uma mulher com mais de 60 anos, que tem muito estofo nas relações interpessoais e que vai saber atender a todos?”, provoca o psicólogo. 

E ao contrário do que os mais jovens pensam, ou ainda pensam, envelhecer bem, apontou a AlmapBBDO, é praticar exercícios físicos, ter estabilidade financeira, ter amigos e cultivar boas relações e acumular conhecimento. Estão nesses 4 capitais essenciais para um bom envelhecimento e para as principais oportunidades de negócio. 

Para isso, é claro, as empresas precisam inovar, aproximar-se dessas pessoas, apostar na intergeracionalidade e se livrar dos estereótipos sem compromisso social e que tampouco desenvolvem a economia. 

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