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11 de fevereiro de 2025 17:05

Seca grave e moderada aumentam no Nordeste, mas risco de crise é baixo

Seca grave e moderada aumentam no Nordeste, mas risco de crise é baixo

Boletim do Monitor de Secas aponta para ampliação da área de estiagem; especialistas afirmam, no entanto, que os estados não estão em situação crítica e que média tem melhorado ano a ano
Foto: Fernando Brazão/Agência Brasil

A falta de chuva nos últimos meses de 2024 fez com que as áreas de seca grave e moderada aumentassem no Nordeste neste início de ano. Segundo o boletim do Monitor de Secas, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), referente ao mês de dezembro e divulgado na última semana, a chuva em menor quantidade do que o esperado fez com que a seca moderada avançasse na maioria dos estados, além do aumento das áreas com seca grave no Maranhão, Alagoas, Sergipe e no nordeste da Bahia. 

A coordenadora de articulação para gestão de eventos críticos da ANA, Alessandra Daibert, afirma que, apesar do avanço de parte da seca, a situação geral do Nordeste é confortável em relação a outras épocas e também a outras regiões do País.  

Isso porque boa parte dos estados estão localizados no Semiárido e contam com o monitoramento da seca há mais tempo, e também com o que ela chama de “programas públicos de convivência com a seca.”

Esse é o caso da Operação Carro Pipa, do governo federal. Criado em setembro de 2012, no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, o programa atende atualmente 344 municípios na região do semiárido nordestino em situação de emergência ou calamidade pública com reconhecimento da Defesa Civil Nacional.

“Hoje, a seca mais intensa está no Norte do país. Não temos, por exemplo, nenhuma parte de nenhum estado do Nordeste em estado de seca extrema, como já foi comum no Sergipe, nordeste da Bahia e outros locais”, afirma Alessandra. 

O Monitor de Secas mostra que chuvas localizadas e acima da média, fizeram com que o sul da Bahia fosse de seca moderada para leve; e de grave para moderada no sudeste do Piauí, oeste de Pernambuco e numa porção de seca no extremo sul do Maranhão (divisa com PI, BA e TO). Além disso, a Bahia ainda registrou recuo da seca fraca no leste e da seca moderada no oeste.

O boletim da ANA é o mapa baseado sempre nos eventos climáticos do mês anterior à divulgação, o que significa que eventuais chuvas de janeiro já podem ter modificado sensivelmente este cenário. 

Mapa da seca
Foto: Reprodução/ANA

O Nordeste é a região monitorada há mais tempo (desde 2014) pela ANA. Se comparados os mapas de outubro, novembro e dezembro de 2024 com os meses de 10 anos atrás, notamos que, de fato, o estado está numa situação confortável, pois a seca de agora é bem mais amena do que naquele outro período. 

“Ocorre que como a maior parte do NE está na Região Semiárida, é comum que os impactos decorrentes das secas sejam notáveis mesmo com intensidades de seca mais brandas (seca fraca e moderada), pois há problemas recorrentes no que diz respeito à disponibilidade hídrica”, explica Priscila Monteiro, coordenadora na ANA. 

Vale dizer, ainda, que no caso do Nordeste do Brasil, é normal que eventos de seca se intensifiquem no segundo semestre, período em que as chuvas são mais escassas e as temperaturas mais acentuadas. 

Confira a evolução da seca e o estado dos reservatórios hídricos em cada estado nordestino neste mês:

Bahia

Evolução da seca: Na Bahia, houve o avanço das secas moderada e fraca no centro-norte (Chapada Diamantina) e em parte do Recôncavo e do Sudoeste baiano. Por outro lado, ocorreu um pequeno recuo da seca moderada no Oeste. 

Estado dos reservatórios hídricos: Ao menos cinco reservatórios que abastecem o Semi-Árido baiano estão com menos de 20% da capacidade. Os reservatórios que fornecem água para o litoral estão todos com mais de 80% da capacidade.

Sergipe

Evolução da seca: As chuvas abaixo da média provocaram o avanço da seca grave no nordeste e da seca moderada no leste do estado

Estado dos reservatórios hídricos: Todos os reservatórios sergipanos estão entre 20% e 60% da capacidade. 

Alagoas

Evolução da seca: Em Alagoas, houve avanço da seca moderada no litoral norte e litoral sul, além do agravamento da seca no norte, passando de moderada para grave. 

Estado dos reservatórios hídricos: Apenas o reservatório Dois Riachos está com menos de 40% da capacidade. Todos os outros estão com mais de 60% da capacidade, sendo que 19 deles estão com mais de 80% da capacidade hídrica. 

Paraíba

Evolução da seca: Devido à persistência de chuvas abaixo da média, a seca moderada avançou para o leste, cobrindo todo o estado.

Estado dos reservatórios hídricos: Na Paraíba, 41 reservatórios estão com nível muito baixo – menos de 20% -, 49 estão com até 60% da capacidade de água preenchida, e somente 16 com mais de 80% da capacidade.

Rio Grande do Norte

Evolução da seca: No Rio Grande do Norte, houve apenas um pequeno avanço da seca moderada no sul do estado.

Estado dos reservatórios hídricos: A maior parte dos reservatórios se encontra em capacidade média – entre 40% a 80%-, e ao menos 13 reservatórios estão com menos de 20%. 

Ceará

Evolução da seca: A seca moderada avançou no centro e oeste do estado. Entretanto, no norte do estado, a seca fraca recuou devido às chuvas acima da média. 

Estado dos reservatórios hídricos: 68 reservatórios cearenses estão com mais de 60% da capacidade de água preenchida, enquanto outros 29 estão com níveis críticos – menos de 20%, e 58 deles entre 20% e 60% de água. 

Pernambuco

Evolução da seca: Houve avanço da seca moderada no leste e agravamento da seca no Agreste, passando de moderada para grave. 

Estado dos reservatórios hídricos: 34 reservatórios pernambucanos estão com menos de 20% da capacidade. Outros 28 reservatórios estão entre 20% e 60% da capacidade, e apenas 15 estão cheios, com mais de 80% de cobertura de água.

Foto: Agência Brasil

Pernambuco decreta situação de emergência em 118 cidades por causa da seca

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), decretou situação de emergência em 118 municípios do estado devido à seca prolongada. Segundo o governo, a iniciativa busca amenizar os impactos causados pela estiagem nos reservatórios e no sistema de abastecimento de água.

O decreto, publicado no Diário Oficial na terça-feira (21), terá validade de 180 dias e está dividido em duas partes. A primeira reconhece os decretos municipais que abrangem as zonas rurais de 93 municípios, enquanto a segunda declara situação de emergência nas áreas urbanas de 51 cidades, algumas das quais se enquadram em ambas as categorias.

Com a medida, órgãos estaduais como a Secretaria de Recursos Hídricos e Saneamento, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) e a Defesa Civil poderão atuar de forma integrada para minimizar os efeitos da seca no estado.

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