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10 de outubro de 2024 16:13

Acelen investe US$ 3 bilhões em biorrefinaria de biocombustíveis na Bahia

Acelen investe US$ 3 bilhões em biorrefinaria de biocombustíveis na Bahia

A empresa, criada pelo fundo Mubadala Capital, planeja iniciar a operação da biorrefinaria em 2027, com produção anual de 1 bilhão de litros de biocombustível.
Refinaria de Mataripe da Acelen na Bahia | Foto: Reprodução
Refinaria de Mataripe da Acelen na Bahia | Foto: Reprodução

A Acelen, empresa criada pelo fundo de investimento Mubadala Capital, está prestes a iniciar um dos maiores investimentos no setor de energia renovável no Brasil. A companhia anunciou que, até dezembro deste ano, começará a construir sua primeira biorrefinaria no país, um projeto avaliado em US$ 3 bilhões (aproximadamente R$ 16,5 bilhões).

Localizada em Mataripe, na Bahia, a nova biorrefinaria ficará próxima à refinaria adquirida pela Acelen da Petrobras há mais de dois anos. Segundo fontes do setor, o complexo incluirá um centro de tecnologia denominado Acelen Agripark.

A Acelen está finalizando as negociações com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obter um empréstimo de R$ 250 milhões. Esse montante já foi aprovado e deve ser liberado nas próximas semanas. O objetivo é que o projeto esteja totalmente operacional em 2027, com uma produção inicial de 1 bilhão de litros de biocombustível por ano.

Tecnologia e sustentabilidade: a biorrefinaria da Acelen

A biorrefinaria utilizará a macaúba, uma planta nativa do Brasil, como principal matéria-prima para a produção de biocombustíveis. O óleo vegetal extraído será misturado ao diesel para criar o diesel verde e também será utilizado na produção de querosene de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês).

Para assegurar o fornecimento contínuo de matéria-prima, a Acelen planeja adquirir 180 mil hectares de terras degradadas entre Minas Gerais e Bahia, divididos em cinco lotes. A produção da macaúba, que leva cerca de quatro anos para dar as primeiras colheitas, será ampliada gradualmente para atender à demanda da biorrefinaria.

Nos primeiros anos de operação, enquanto a macaúba ainda não estiver em pleno desenvolvimento, a Acelen utilizará óleo de soja e gordura animal para iniciar a produção de biocombustíveis. A empresa já está em negociações com fabricantes de aeronaves e companhias aéreas para garantir que o SAF produzido atenda às necessidades do setor de aviação. Essa iniciativa ganha relevância com a discussão no Congresso brasileiro sobre o Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação, que exigirá a redução das emissões das companhias aéreas em 1% ao ano a partir de 2027.

O interesse da Petrobras e o futuro do projeto

O novo projeto da Acelen surge em um momento de movimentações significativas no setor de energia brasileiro. O fundo Mubadala Capital está em conversas com a Petrobras para revender a maior parte das ações da Refinaria de Mataripe, que atualmente responde por cerca de 14% da capacidade de produção de combustíveis no Brasil.

No entanto, o processo de due diligence realizado pela Petrobras, que envolveu mais de 8 mil questionamentos, tem atrasado as negociações. A nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou recentemente que a recompra da refinaria não é uma prioridade, mas indicou que a empresa estaria disposta a aceitar uma doação.

Mesmo com esse cenário incerto, os acionistas da Acelen seguem determinados a investir na transição energética, independentemente da participação da Petrobras. Fontes próximas à empresa indicam que o projeto servirá como um teste para a viabilidade de construir outras quatro biorrefinarias no Brasil, com foco na exportação de biocombustíveis, o que pode posicionar o país como um líder global na produção de energia renovável.

Desafios regulatórios e a disputa com a Petrobras

Enquanto a Acelen avança com seus planos, a Petrobras enfrenta desafios regulatórios e de concorrência. A Acelen entrou com uma ação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), questionando os preços de venda de petróleo praticados pela Petrobras, alegando que esses valores inviabilizam a compra de petróleo a preços competitivos.

Além disso, a associação do setor, Refina Brasil, criticou recentemente ofícios encaminhados pelo Ministério de Minas e Energia ao Cade e à Agência Nacional do Petróleo (ANP), alegando práticas anticoncorrenciais por parte das refinarias privadas.

Essas disputas revelam a complexidade do mercado de combustíveis no Brasil e as dificuldades enfrentadas por novos entrantes, como a Acelen, que precisam competir com gigantes do setor e cumprir as normas impostas pelas agências reguladoras.

Investimentos em energia renovável e o parque solar

Enquanto aguarda a definição sobre a venda da Refinaria de Mataripe, a Acelen continua a investir em energia sustentável. A empresa anunciou a construção de um parque solar, com um investimento de R$ 500 milhões, para abastecer a refinaria com energia limpa. A previsão é que o parque esteja totalmente operacional em 2026, contribuindo para a redução das emissões de carbono e fortalecendo a sustentabilidade do projeto.

Desde a aquisição da refinaria na Bahia, o fundo árabe já investiu cerca de R$ 2 bilhões em melhorias e modernizações, refletindo o compromisso de longo prazo com o desenvolvimento da infraestrutura energética do país.

 

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