Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
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4 de novembro de 2025 10:44

Chamada Nordeste revela apetite por inovação e transição energética

Chamada Nordeste revela apetite por inovação e transição energética

Com mais de 240 propostas e forte presença de pequenas empresas, iniciativa pode redefinir o futuro industrial da região.
Anúncio ocorreu junto com governadores da região, durante a 3ª Conferência Internacional sobre Clima e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas, em Fortaleza (CE) | Foto: Andrea Pinheiro (Ascom/Sudene)

A mais recente iniciativa da Nova Indústria Brasil (NIB) para o Nordeste revelou números que impressionam e sinalizam uma nova etapa no desenvolvimento regional. A chamada pública de projetos, lançada em maio e encerrada em agosto, atraiu 246 propostas vindas dos nove estados nordestinos, com uma demanda total de R$ 127,8 bilhões em investimentos — quase 13 vezes acima do montante inicialmente previsto de R$ 10 bilhões em crédito. O resultado evidencia não apenas o dinamismo da economia regional, mas também a capacidade empreendedora de empresas de diferentes portes que vislumbram no futuro da indústria oportunidades concretas de crescimento.

Segundo o superintendente da Sudene, Francisco Alexandre, a pluralidade dos projetos confirma o potencial produtivo do Nordeste. “Os resultados também demonstram que o setor produtivo regional está preparado para identificar oportunidades e estruturar iniciativas capazes de gerar emprego, inovação e desenvolvimento”, afirmou.

Diversidade de áreas estratégicas

O conjunto das propostas reflete prioridades definidas pela Nova Indústria Brasil, que busca fomentar setores considerados centrais para a transição energética, a sustentabilidade e a inovação. Entre as áreas temáticas, o destaque foi para a transição energética com foco em armazenamento, que recebeu 54 propostas somando R$ 15,3 bilhões em crédito solicitado.

O hidrogênio verde despontou como uma das apostas mais ousadas, com 32 iniciativas que totalizam R$ 54,3 bilhões em demanda, evidenciando o interesse do setor produtivo em transformar o Nordeste em referência global nessa tecnologia. Já a bioeconomia com foco em fármacos mobilizou 44 projetos, que pedem R$ 5,4 bilhões.

Outros segmentos também receberam atenção relevante: os data centers verdes, com 35 iniciativas que somam R$ 16,9 bilhões; e o setor automotivo e de máquinas agrícolas, com 40 projetos que totalizam R$ 25,2 bilhões. Além disso, 41 planos de negócio com caráter transversal, abrangendo mais de uma área, foram apresentados, representando R$ 10,4 bilhões em crédito solicitado.

Distribuição por estados

Na análise estadual, a Bahia foi quem mais concentrou propostas, com 63 planos de negócio que juntos somam R$ 39 bilhões em demanda de crédito. Em seguida aparece o Ceará, com 38 projetos que totalizam R$ 24,7 bilhões, e Pernambuco, que recebeu 37 propostas com valor de R$ 7,1 bilhões.

No caso específico de Alagoas, foram 13 planos de negócio submetidos, alcançando R$ 4,2 bilhões em demanda. Já o Rio Grande do Norte e o Maranhão registraram 17 iniciativas cada, somando R$ 1,6 bilhão e R$ 24,7 bilhões, respectivamente. O Piauí recebeu 13 projetos (R$ 9,2 bilhões), a Paraíba contou com 15 (R$ 671 milhões), e Sergipe teve 11 propostas (R$ 11,8 bilhões). Além disso, 22 iniciativas com impacto em mais de um estado foram registradas, com R$ 4,4 bilhões em crédito solicitado.

Esse panorama confirma que, embora existam diferenças na intensidade de participação, todos os estados nordestinos demonstraram disposição em se alinhar às diretrizes da reindustrialização sustentável proposta pela NIB.

Pequenas e médias empresas em destaque

Um dos pontos que mais chamaram atenção no perfil das propostas foi a predominância de pequenas e médias empresas (PMEs). Elas responderam por 88% dos projetos submetidos, o que mostra a força e a vitalidade do segmento no ecossistema produtivo regional. Além disso, 73% das propostas envolveram parcerias com instituições de ciência e tecnologia, reforçando o papel da inovação como motor do desenvolvimento. Aproximadamente 30% dos projetos foram apresentados em consórcio entre empresas, evidenciando uma disposição colaborativa que pode gerar sinergias relevantes.

Para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o resultado da chamada mostra um salto qualitativo na relação entre governo e setor produtivo. “Nosso compromisso é que os projetos consistentes serão atendidos, mesmo que para isso a gente tenha que elevar os valores inicialmente alocados. Sob orientação do presidente Lula, o BNDES está de mãos dadas com o Nordeste para transformar boas ideias em oportunidades concretas”, afirmou.

Repercussão política e institucional

A Chamada Nordeste também se tornou símbolo de um movimento político e institucional sem precedentes. O presidente do Consórcio Nordeste e governador do Piauí, Rafael Fonteles, classificou o resultado como um divisor de águas: “Respondemos com projetos que são o futuro da indústria brasileira. Tenho plena certeza de que estamos diante de um ponto de virada, onde o Nordeste se consolida como a maior fronteira de investimento do país e um polo de desenvolvimento que irá, de forma definitiva, liderar a nova industrialização nacional.”

Outros líderes de instituições parceiras reforçaram o caráter transformador da iniciativa. O presidente da Finep, Luiz Antonio Elias, destacou que a chamada “fortalece políticas públicas, promove inovação, amplia a competitividade regional e contribui para a redução das assimetrias históricas do país”.

Já o presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, apontou para a confiança do mercado: “É um passo importante e concreto para avançarmos em setores de futuro, como hidrogênio verde, energias renováveis e bioeconomia”.

Na mesma linha, o vice-presidente de Negócios de Atacado da Caixa, Tarso de Assis, ressaltou o impacto da chamada na democratização do crédito: “Ao integrar esse esforço, a Caixa reforça seu compromisso com o desenvolvimento regional, atuando como agente catalisador da inclusão produtiva e do fortalecimento das cadeias industriais prioritárias.”

Um arranjo institucional inédito

A Chamada Nordeste é considerada a maior iniciativa de fomento à indústria já realizada na região e se diferencia pelo arranjo institucional que a sustenta. Pela primeira vez, os principais bancos públicos federais — BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste — atuaram em conjunto com a Finep, sob coordenação técnica da Sudene e apoio político do Consórcio Nordeste.

Essa articulação interinstitucional buscou garantir não apenas a oferta de crédito, mas também a disponibilização de outros instrumentos de apoio, como subvenções econômicas não reembolsáveis e participação societária em projetos estratégicos. O desenho permite atender diferentes perfis de empreendimentos, desde a compra de máquinas e equipamentos até a instalação de plantas-piloto, contratação de recursos humanos e desenvolvimento de pesquisas em parceria com universidades.

Com o prazo de submissão encerrado em 15 de agosto, a chamada entrou agora na fase de análise de enquadramento e avaliação, que segue até 28 de novembro. Nessa etapa, serão definidos quais planos de negócio receberão suporte financeiro e técnico das instituições participantes.

Os selecionados terão acesso a pacotes de apoio estruturados sob medida, capazes de atender desde necessidades de infraestrutura até custeio de atividades de inovação. Para os articuladores da iniciativa, esse processo será decisivo para consolidar a chamada como um marco no reposicionamento do Nordeste no mapa da indústria nacional.

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