Jornalismo econômico para a inovação no Nordeste -
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10 de outubro de 2024 18:26

Estudo revela carência de profissionais no mercado de veículos elétricos no Nordeste

Estudo revela carência de profissionais no mercado de veículos elétricos no Nordeste

Pesquisa traça panorama inédito sobre carências de mão de obra especializada e consequências para o setor de veículos elétricos

No Nordeste, a falta de profissionais qualificados já impacta diretamente o desempenho das empresas, com 46,2% delas relatando acúmulo de serviços e 30,8% registrando prejuízos financeiros. A pesquisa também revela que 89,3% das empresas na região enfrentam dificuldades em encontrar profissionais capacitados para atuar com veículos elétricos. Os resultados, divulgados na última semana, são da pesquisa de mercado “Mobilidade Elétrica”

Davinson Rangel, instrutor do SENAI-RN, anunciou novas formações durante o evento GO!RN. As capacitações são direcionadas tanto para pessoas com experiência quanto para aquelas que estão iniciando no setor de veículos | Foto: SENAI-RN

Davinson Rangel, instrutor do SENAI-RN, anunciou novas formações durante o evento GO!RN. As capacitações são direcionadas tanto para pessoas com experiência quanto para aquelas que estão iniciando no setor de veículos | Foto: SENAI-RN.

O estudo, que faz parte de um projeto de cooperação entre o Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI do Rio Grande do Norte (SENAI-RN), os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologias dos estados de Minas Gerais e Santa Catarina e a Câmara de Indústria e Comércio de Trier (IHK Trier) na Alemanha, por meio da Europa und Innovationscentre Trier (eic Trier), a Câmara de Indústria e Comércio de Trier. 

Perfil das empresas

A pesquisa, que traz um panorama inédito sobre qualificação profissional, carências de mão de obra especializada e consequências para o setor de veículos elétricos no Brasil, abrangeu 115 empresas nos estados do Rio Grande do Norte, Bahia, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo, das quais 28 estão localizadas na região nordestina. Dentre estas, 53,6% são concessionárias, 35,7% são oficinas de reparação independentes e 10,7% são oficinas de conversão. 

Em relação ao tempo de atuação, 32,1% das empresas têm entre 6 e 10 anos no mercado, enquanto 28,6% possuem entre 21 e 30 anos de experiência. Além disso, a distribuição da quantidade de funcionários indica que 25% das empresas contam com entre 11 e 20 colaboradores.

O consultor alemão e interlocutor da eic Trier, Andreas Dohle, ressalta que durante o período da garantia, as pessoas costumam optar por suas concessionárias. “Sendo assim, as concessionárias, junto com os fabricantes, precisam acelerar a formação de profissionais com múltiplas competências. Com o aumento exponencial das vendas de carros elétricos — de 15.000 unidades em 2023 para uma expectativa de 60.000 em 2025 — a demanda por mão de obra qualificada só tende a crescer, gerando pressão sobre as concessionárias e os profissionais do setor”, diz o consultor.

Mão de Obra, capacitação e qualificação

A pesquisa revelou que 67,9% das empresas no Nordeste possuem de 1 a 5 mecânicos de veículos elétricos, e 57,1% têm uma divisão entre técnicos da parte elétrica e mecânica. No entanto, apenas 21,4% afirmam ter infraestrutura específica para a manutenção de veículos elétricos e híbridos em sistemas de alta tensão.

Em relação à demanda por serviços, 50% realizaram entre 100 e 500 manutenções em 2023, embora os veículos elétricos representem apenas 0,86% dessas manutenções. Para 2024, 46,4% das empresas têm a intenção de contratar profissionais qualificados e 89,3% pretendem qualificar os trabalhadores atuais. 

A maioria dos cursos de capacitação é oferecida em centros de formação do SENAI (50%) e nas próprias fábricas (35,7%), com a carga horária considerada ideal variando entre 21 e 40 horas por 35,7% das empresas.

Carência de profissionais e consequências 

O levantamento revelou que 89,3% dos entrevistados no Nordeste percebem uma significativa carência de profissionais no setor de mobilidade elétrica. As principais demandas incluem a necessidade de formação técnica especializada (36%) e cursos de especialização para carros elétricos (32%). As maiores dificuldades enfrentadas na capacitação são a falta de cursos específicos e o difícil acesso à formação.

O instrutor de Educação Profissional e Tecnologias do SENAI-RN, Davinson Rangel, que lidera projetos e ações em mobilidade elétrica na instituição, destaca que, apesar da expansão do setor, a falta de mão de obra qualificada é um desafio significativo.

“Nosso foco aqui no SENAI é justamente a capacitação da mão de obra local, considerando essa crescente demanda por profissionais qualificados na área de mobilidade elétrica. Com o aumento das vendas de veículos elétricos — que, embora ainda represente uma pequena fração do mercado, está em crescimento exponencial — é essencial que estejamos preparados para atender a essa demanda”, afirma o instrutor.

As empresas no Nordeste estão cientes da escassez de profissionais qualificados e 45,2% pretendem contratar até 10 profissionais especializados em manutenção de veículos elétricos e híbridos até 2025. As áreas de segurança em alta tensão e manutenção de baterias são vistas como prioritárias para futuras capacitações.

Comparativo das carências de profissionais entre panorama nacional e nordestino

No comparativo entre o Brasil e o Nordeste, ambos os contextos identificam uma carência significativa de profissionais no setor de mobilidade elétrica. Em nível nacional, 90,4% das empresas reconhecem essa falta, enquanto no Nordeste a porcentagem é ligeiramente inferior, com 89,3%. Quanto à formação de profissionais, o Nordeste apresenta maior demanda por profissionais com formação técnica especializada (36%) em comparação com a média nacional (33,7%), assim como cursos de especialização técnica para carros elétricos (32% no Nordeste, contra 25% nacionalmente).

Em termos de contratação, no Brasil, a maior necessidade é por técnicos em diagnóstico e manutenção elétrica (49,5%), enquanto no Nordeste a demanda mais expressiva é por mecânicos e eletricistas em geral (64%). O acúmulo de serviço é uma consequência comum da falta de profissionais, mas afeta mais intensamente o Nordeste, onde 46,2% das empresas relatam esse problema, em comparação com 41,8% da média nacional.

Andreas Dohle observa que uma abordagem para entender o mercado de veículos elétricos no Nordeste é separar os grandes centros urbanos do interior. “Observamos que a vocação para a compra de veículos elétricos é muito maior nas áreas urbanas, devido a fatores como o maior modernização e o acesso à informação. As questões de sustentabilidade e de publicidade urbana também estão mais próximas das pessoas, que tendem a dar preferência a essas opções”, afirma.

“Um exemplo claro de como o mercado está mudando parte de minha experiência ao inaugurar um hotel-escola em Natal, capital do Rio Grande do Norte, em 2018. Na época, insisti na instalação de um ponto de carregamento para carros elétricos, apesar das dúvidas sobre a necessidade. Recentemente, uma colega de trabalho me contou que, ao tentar estacionar para carregar seu carro elétrico, ficou surpresa ao ver que as duas vagas estavam ocupadas. Isso mostra que, em apenas cinco anos, a demanda por pontos de carregamento cresceu significativamente”, complementa.

SENAI-RN anuncia primeiros cursos profissionalizantes do Rio Grande do Norte para o setor de veículos elétricos

O SENAI do Rio Grande do Norte anunciou um novo pacote de cursos voltados para a qualificação de profissionais em veículos elétricos. Três formações foram oficialmente lançadas, com início das aulas programadas entre outubro e fevereiro de 2025. 

“O SENAI-RN tem se empenhado em preparar o mercado local para atender essa demanda emergente. Desde 2021, iniciamos projetos de capacitação, incluindo parcerias com empresas e instituições internacionais. Isso nos permite desenvolver cursos específicos, como o de conversão de veículos a combustão para elétricos, que é essencial para fortalecer a mão de obra e contribuir para a sustentabilidade do setor”, afirma Davinson.

Os cursos, que oferecem 20 vagas cada, são “Princípios do Veículo Elétrico”, “Trabalho Seguro em Veículos Elétricos com Alta Tensão” e “Convertedor e Mantenedor de Veículos Elétricos”. As cargas horárias variam de 20 a 160 horas, e os investimentos por pessoa vão de R$298,00 a R$1.270,00. 

Informações e matrículas disponíveis no site https://www.futuro.digital/.

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