As exportações do Rio Grande do Norte (RN) cresceram 600% entre 2015 e 2024, conforme levantamento realizado pelo Sebrae-RN. O saldo da balança comercial – que mede a diferença entre exportações e importações – registrou um aumento significativo, impulsionado pela venda de óleo bruto para o mercado internacional.
Contudo, a economia potiguar ainda depende da exportação de produtos primários, como óleo e sal, enquanto importa bens industrializados. De acordo com a gerente de gestão estratégica do Sebrae-RN, Alinne Dantas, o aumento nas exportações foi liderado pela venda de óleo combustível para Singapura. Atualmente, o óleo é o principal item exportado pelo estado, seguido por melão, camarão, melancia, castanha de caju e sal. Em 2024, o óleo representou 42,55% das exportações potiguares.
Nas importações, destaca-se a aquisição de equipamentos para os setores de energia eólica e solar, refletindo diretamente no cotidiano dos potiguares. “No Seridó, por exemplo, o trânsito lento causado pelo transporte de equipamentos de energia eólica evidencia o impacto das nossas importações”, afirma a gerente.
A economia potiguar ainda é voltada para a produção de bens primários com baixo valor agregado
Apesar do crescimento das exportações, a economia do RN permanece centrada na venda de matérias-primas de baixo valor agregado, como o óleo bruto e o sal. Segundo Alinne, a industrialização desses produtos poderia gerar mais empregos, impostos e renda para o estado.
“Nós ainda exportamos muitos produtos primários e importamos produtos industrializados. Quando vendemos óleo, sal e frutas in natura, estamos negociando itens de baixo valor agregado. Se industrializássemos esses produtos, o estado ganharia mais, porque geraria mais emprego, mais impostos e mais renda”, comenta.
A logística também é um ponto crítico. Atualmente, 91% das exportações do estado são feitas por via marítima, com 70% desse volume passando pelo Porto de Natal. Contudo, Alinne observou que, com o tempo, alguns produtos, como o melão, passaram a ser exportados por portos de outros estados. “O óleo ainda sai pelo Porto de Natal, mas os melões, que já foram escoados daqui, agora saem pelo Ceará. Isso demonstra a necessidade de melhorias na infraestrutura portuária”, destacou.
O levantamento do Sebrae-RN também revelou que dez municípios concentram 70% das exportações do estado. Guamaré e Mossoró são os maiores exportadores, seguidos por Baraúna, Natal, Pendências, Parnamirim, Macau e São Gonçalo do Amarante. Guamaré se destaca pela exportação de óleo bruto, enquanto Mossoró e Baraúna lideram no setor de frutas. Macau, polo salineiro, ainda comercializa sal a preços baixos, com o quilo do produto valendo apenas 0,002 centavos de dólar.
Alinne também destaca a concentração das exportações em poucos destinos internacionais, o que representa um risco para a economia potiguar. Se um desses mercados impuser restrições, pode haver um impacto negativo nas exportações do estado. Em 2024, a Holanda foi o principal destino do melão e da melancia potiguar, enquanto Singapura comprou a maior parte do óleo e os Estados Unidos adquiriram o sal.
“Singapura compra o óleo, enquanto a Holanda é o maior comprador do melão e melancia, e os Estados Unidos compram o sal, especialmente para uso no inverno. A concentração das exportações em poucos mercados pode ser arriscada. Diversificar os destinos é crucial para reduzir os riscos de perdas comerciais”, alerta Alinne.
Impactos no mercado de trabalho
O crescimento nas exportações também refletiu na geração de empregos. Em 2024, o RN registrou um saldo positivo de 34 mil novos empregos com carteira assinada, com o setor agropecuário, especialmente as exportações de frutas, tendo forte participação nesse aumento.
O Sebrae-RN acompanha os indicadores econômicos mensais e reforça a importância de incentivar a industrialização da produção potiguar, agregando valor aos produtos exportados e ampliando os mercados consumidores.