O varejo paraibano alcançou uma importante marca em 2024. De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada no último dia 13 pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas do varejo da Paraíba registrou a segunda maior taxa de crescimento do país entre todos os estados da federação. Segundo dados do PMC, o setor cresceu 11,4% no último ano, ficando atrás apenas do Amapá, que teve alta de 15,5%. A média nacional ficou na casa dos 4,7%.
Iniciada em 1995 pelo IBGE, a Pesquisa Mensal do Comércio cria indicadores para acompanhar o comportamento do comércio varejista no país. Assim, o PMC é responsável por expor os resultados mensais da variação de volume e receita nominal de vendas para o comércio varejista e comércio varejista ampliado (automóveis e materiais de construção) para o Brasil e os estados. Os resultados são divulgados através do Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA.
No Nordeste, todos os estados tiveram um crescimento acima da média nacional, que ficou em 4,7%. Além da Paraíba, que registrou a maior alta, o Ceará ficou em segundo no volume de vendas do varejo na região, com 7,8%. O estado da Bahia fecha o pódio dos maiores índices com 7,4%. Entre aqueles com os resultados mais modestos estão o Maranhão com 5,7% e Rio Grande do Norte e Pernambuco ficaram empatados com os rendimentos mais discretos, ambos os estados obtiveram 5,4% de crescimento.
Ao longo dos 12 meses do ano a Paraíba acumulou índices positivos nas vendas do varejo. Dessa forma, em três oportunidades o estado alcançou os maiores números do país (fevereiro, junho e outubro), e em outros quatros meses foi a segunda maior taxa do Brasil (maio, julho, agosto e setembro). Além disso, em todo ano o estado paraibano conseguiu um crescimento acima de dois dígitos em 8 oportunidades, nos meses de: fevereiro, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro e outubro. Dessas, os maiores crescimentos foram nos meses de agosto com 19,9%; outubro, no qual teve 19,1% e julho com 18% de alta.
Para o Secretário de Estado da Fazenda (Sefaz-PB), Marialvo Laureano, o crescimento no setor de vendas do varejo paraibano é reflexo da força da economia no estado. “O varejo representa exatamente a roda da economia girando com mais força na Paraíba. Nós vemos isso exatamente na geração de emprego, que foi recorde em 2024. O varejo também está relacionado com o aumento do consumo, foram mais de R$102 bilhões de consumo no último ano, tudo isso devido a uma gestão fiscal equilibrada, que proporcionou investimentos estruturantes, em parcerias com a iniciativa privada, que proporcionou também mais empregos. É exatamente a roda da economia girando” – comentou o secretário.
Já o economista e professor do departamento de economia da Universidade Federal da Paraíba, Cássio Besarria, ressalta outros fatores para o crescimento das vendas do varejo. Além da redução da taxa de desemprego, Besarria apontou para um aumento no rendimento médio real das pessoas, uma vez que, agora o aumento do salário mínimo leva em conta não apenas a inflação como também a taxa de crescimento da economia, o que faz com que o poder de compra, em geral, fique maior. Contudo, o professor faz uma ponderação: “As condições de crédito também podem explicar esse aumento das vendas. Com o crescimento da renda, as pessoas estão com mais acesso ao crédito o que faz com que elas consumam mais. Porém, o aumento no número de vendas talvez esteja acontecendo porque as famílias estão se endividando mais para consumir. Portanto, existem tantos fatores positivos e negativos que podem ajudar a explicar esse aumento do varejo na Paraíba” – explicou o professor Cássio Besarria.
Em relação às atividades pela PMC no âmbito do varejo ampliado, das 11 observadas, a Paraíba possuiu oito que encerraram o ano de 2024 no positivo, são elas: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria; veículos e motos, partes e peças, outros artigos de uso pessoal e doméstico; material de construção; hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; móveis e eletrodomésticos; tecidos, vestuário e calçados; e equipamentos e material para escritório, e informática e comunicação.
O que esperar de 2025?
Diante de um cenário de crescimento ao longo de todo 2024, há expectativas para que a Paraíba volte a repetir este feito em 2025. Contudo, é possível esperar obstáculos para alcançar as marcas estabelecidas no último ano. O secretário Marialvo, apesar de afirmar que espera manter o rendimento neste ano, se mostra preocupado com as altas taxas de juros no país, segundo ele, essa taxa é “ruim para toda a economia”.
Por fim, Cássio Besarria também acredita que a venda no varejo da Paraíba irá manter o viés de alta. Porém, na visão dele, para o crescimento se manter em 2025 é preciso que a renda continue aumentando, a taxa de desemprego continue caindo e as pessoas continuem tendo acesso a carta de crédito.